Microsoft dará dados e ferramentas para a China para desenvolver IA
O Project Brainwave usa chips avançados desenvolvidos especificamente para acelerar o treinamento de aprendizado de máquina
Lucas Agrela
Publicado em 21 de maio de 2018 às 13h46.
A Microsoft montará uma plataforma aberta com quatro das universidades mais renomadas da China para compartilhar seus dados e ferramentas sobre inteligência artificial , acelerando os esforços para tentar tirar clientes de gigantes locais.
A empresa fez uma demonstração de seu sistema de chips de IA, o Project Brainwave, em Pequim, nesta segunda-feira. Ela mostrou que o “XiaoIce”, seu assistente digital chinês para bate-papos, é capaz de emular vozes de pessoas, conversar com humanos por telefone e até compor poesia, ecoando a agora infame demonstração do Google para convencer os desenvolvedores a adotá-lo como chatbot.
As demonstrações resumem os esforços da Microsoft para usar ferramentas de inteligência artificial para conquistar clientes de rivais globais mais consolidadas, como Amazon.com e Alphabet. Entre os fornecedores de serviços de computação em nuvem os serviços de IA são considerados efetivos para conquistar novos negócios. E nos lugares nos quais os serviços do Google estão bloqueados na China, o Brainwave e o serviço de computação em nuvem Azure da Microsoft são permitidos graças à parceria com uma empresa local. O mercado chinês, contudo, continua dominado por empresas como Baidu, Alibaba e Tencent.
“Os mercados global e chinês de IA continuam evoluindo e é muito importante ter uma perspectiva global”, disse Harry Shum, vice-presidente-executivo da Microsoft, a centenas de desenvolvedores e executivos do setor, no evento Microsoft AI Innovate, nesta segunda-feira. “Temos esperanças de conseguir democratizar a IA.”
O Project Brainwave usa chips avançados desenvolvidos especificamente para acelerar o treinamento de aprendizado de máquina de forma similar às Tensor Processing Units do Google.
A empresa agora planeja criar uma plataforma aberta de IA com a Universidade de Pequim -- considerada uma das melhores do país --, a Universidade de Ciência e Tecnologia da China, a Universidade de Xi’an Jiaotong e a Universidade de Zhejiang. Essa plataforma proporcionará a alunos e professores ferramentas de treinamento em IA e conjuntos de dados para ajudar no avanço do trabalho de IA.
Globalmente, a Microsoft está concentrando os esforços de cerca de 8.000 funcionários, de pesquisadores a engenheiros, em produtos, ferramentas e avanços em inteligência artificial. O investimento maior se dá em meio à explosão do foco em inteligência artificial e aprendizado de máquina que desencadeou um influxo de financiamento em startups e ações significativas de rivais importantes como Google, Facebook, Apple e Amazon.
Ao mesmo tempo, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, se concentrou em questões sobre ética, privacidade e preconceito levantadas pelo uso crescente de software de IA, com sua enorme dependência dos dados -- e uma tendência aos preconceitos, às vezes de forma perigosa, se os sistemas forem mal projetados.