phone 5g Earth businessman connect worldwide waiter hand holding an empty digital tablet with smart and 5G network connection concept (sarayut/Getty Images)
Gustavo Gusmão
Publicado em 29 de outubro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 29 de outubro de 2018 às 05h55.
São Paulo — O 5G está em alta. Operadoras norte-americanas estão quase prontas para começar a oferecer a tecnologia no país, da mesma forma que as chinesas em seu próprio território. A parte da implantação da novidade já não parece mais ser um grande desafio para as empresas do setor de telecomunicações pelo mundo. O problema é o que vem a seguir. Os primeiros smartphones com suporte ao 5G móvel devem ser ainda mais caros do que os atuais modelos topo de linha com 4G. E é essa questão que a taiwanesa MediaTek quer resolver.
Uma das principais fabricantes de processadores hoje, a empresa abocanhou 15% de um mercado que tem a Qualcomm disparada na frente, com seus 42%, segundo dados do fim de 2017 da Strategy Analytics. Tudo graças aos seus esforços em uma faixa importante do setor de smartphones: a de modelos intermediários.
"Não é segredo nenhum que investimos pesado na faixa de mid-range", disse a EXAME Russ Mestechkin, diretor sênior de vendas e desenvolvimento de negócios da MediaTek para Estados Unidos e América Latina. "Nós tradicionalmente temos esse posicionamento de trazer tecnologias novas para os modelos mais acessíveis. E a nossa missão com o 5G é parecida."
Mas como a empresa pretende fazer isso? "Aprimorando" a estratégia adotada nos primeiros modelos topo de linha com 5G. É tudo uma questão de hardware, na verdade: para garantir que a conexão funcione, empresas precisam investir em componentes internos específicos — novos modems separados do cérebro do aparelho (o chamado system-on-a-chip, ou SoC), especialmente, que aumentam o custo de produção. Se precisar de um exemplo, basta ver o que a Motorola está fazendo: a empresa anunciou um acessório à parte que dá ao Moto Z3 Play suporte a 5G.
"Nosso foco será em entregar os SoCs, não só os modems", explica Mestechkin. Ou seja, nada de peças a mais, como acontece na primeira leva de produtos, dedicada aos clientes mais entusiastas. A ideia, portanto, é simplificar.
5G para as massas
Essa estratégia de simplificar também será seguida pela MediaTek na hora de incluir o suporte ao 5G em seus próximos processadores. A ideia da empresa, segundo o executivo, é dar suporte primeiro às frequências mais baixas da rede, as chamadas sub-6, em seus chips. O primeiro modem da empresa compatível com a tecnologia deve ser mostrado já na Mobile World Congress, em fevereiro do ano que vem.
Esse é o tipo de 5G mais simples de ser implementado pelas operadoras e é inclusive o que deve chegar primeiro no Brasil. O sinal nessas frequências, de 6 GHz ou menos, tem alcance maior, dispensando o uso de tantos extensores de rede, e a velocidade já é consideravelmente mais alta que a do 4G. É mais acessível, portanto. Os primeiros modelos com suporte à tecnologia com chips da MediaTek devem chegar à China já em 2019.
Foco na inteligência artificial
Não é só no 5G que a empresa pretende investir. Como visto no lançamento do chip Helio P70, a MediaTek deve focar cada vez na inteligência artificial nos eventuais P80 e P90 — em especial para processamento e reconhecimento de imagens, mas também aprimorando a capacidade dos smartphones de aprender e se adaptar aos hábitos dos usuários.
A ideia da empresa é expandir o leque dos recursos de "embelezamento" dos smartphones, mas não só. A companhia também quer tornar seus chips capazes de fazer mais ou menos o que o Google faz no app Fotos: reconhecer os elementos nas imagens e aprender a separá-las automaticamente. Mas tudo offline, sem depender da nuvem, como acontece no aplicativo. E tudo já possivelmente em 2019.