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Intel quer combater crise de drogas nos EUA com blockchain

O experimento avaliará a facilidade para rastrear pílulas na viagem do fabricante à casa do paciente

. (George Frey/Reuters)

Lucas Agrela

Publicado em 30 de abril de 2018 às 14h14.

Última atualização em 30 de abril de 2018 às 14h16.

As moedas digitais já foram acusadas de piorar a crise dos opiáceos porque elas facilitam a compra e venda anônima de remédios . Agora, a Intel e o setor farmacêutico planejam combater fogo com fogo. A fabricante de chips, em trabalho com empresas de saúde, planeja usar a chamada tecnologia do blockchain – parecida com a que serve de base para a moeda digital bitcoin – para rastrear melhor as drogas e possivelmente parar a epidemia.

A ideia é determinar com precisão o ponto da rede de abastecimento em que os medicamentos são vazados. O blockchain também poderia ajudar a detectar a “dupla falsificação”, na qual um paciente viciado leva mais de uma receita de vários médicos.

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“Isso vai reduzir muito a epidemia dos opiáceos”, disse David Houlding, diretor de privacidade e segurança da saúde na Intel Health and Life Sciences. “Eu não diria que vai eliminar o problema dos opiáceos, mas vai ajudar.”

A tática será testada na primavera do Hemisfério Norte, quando a Johnson & Johnson, a McKesson e outras empresas registrarem dados simulados em novos livros-razão digitais. O experimento avaliará a facilidade para rastrear pílulas na viagem do fabricante à casa do paciente.

Os testes delas poderiam progredir até se transformar em um projeto piloto ao vivo e possivelmente uma implementação limitada até o fim do ano, disse Houlding, da Intel, cuja empresa proporcionará parte da tecnologia.

Pílulas sem registrar

A meta final, disse ele, é que todas as empresas ligadas aos remédios e seus fornecedores no mundo estejam no blockchain, um livro-razão online que não pode ser apagado. Depois, agências públicas como a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA poderiam entrar no blockchain e vigiar o assunto, disse ele.

A crise dos opiáceos tem sido impulsionada por um boom de venda de receitas a drogarias, hospitais e consultórios. Elas quase quadruplicaram na década de 2000, apesar de não haver sinais de que os americanos informem sentir mais dor. Um estudo mostrou que a cada ano, mais de 100 milhões de pílulas com prescrição só para extrações de dentes podem ficar sem uso e sem serem contabilizadas.

Alguns opiáceos são a droga ilegal heroína, analgésicos com prescrição como a OxyContin e versões clandestinas que imitam seus efeitos, como o fentanil. As mortes por overdose vêm aumentando constantemente há 16 anos. Aproximadamente 115 americanos morrem de overdose por dia em média.

Desafios

A Intel está trabalhando para combater a crise dos opiáceos como parte de uma iniciativa mais abrangente do setor coordenada pelo Center for Supply Chain Studies. A meta é ajudar o setor farmacêutico a cumprir a Lei de Segurança da Rede de Abastecimento de Medicamentos, que exige às empresas rastrear melhor os remédios.

O sucesso do projeto dependerá de conseguir que o maior número possível de empresas use o mesmo sistema. Também dependerá de que todos registrem corretamente os dados sobre os medicamentos, o que é um desafio. Como muitos opiáceos vêm da China, pode ser que esses continuem fora do radar.

“Afinal, terá que se tornar mundial”, disse Houlding, da Intel.

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