Tecnologia

A vida dura da Intel depois que a Arm se aproximou da Apple e Amazon

A britânica de processadores Arm, criadora da arquitetura presente no chip M2 dos MacBooks, pressiona a líder do mercado enquanto se prepara para um dos maiores IPOs do ano

Arm, de processadores: britânica é a nova fornecedora de arquitetura de processamento da Apple, Amazon e Microsoft (Chris Ratcliffe/Getty Images)

Arm, de processadores: britânica é a nova fornecedora de arquitetura de processamento da Apple, Amazon e Microsoft (Chris Ratcliffe/Getty Images)

No setor da tecnologia nada permanece como está. À espreita, há sempre uma novidade que pode mudar as regras do jogo. E a Intel, empresa americana líder no segmento de processadores, parece estar sentido uma dessas viradas chegar.

A inovação, nesse caso, vem por meio da britânica Arm, especialista em arquitetura de chips a tecnologia que define de que forma o 'cérebro' de uma máquina vai trabalhar a informação que recebe , que têm conquistado participação de mercado em computadores pessoais (PCs) e se tornado um expoente no setor de data centers de nuvem, onde a Intel há muito é a líder indiscutível.

Recentemente, a Amazon adotou a arquitetura para seus  servidores da AWS, em chips feitos pela própria empresa, e a Microsoft e o Google também acrescentaram algumas áreas de nuvem com processadores licenciados pela Arm, de acordo com o Wall Street Journal.

Juntos disso, a empresa com sede em Cambridge, na Inglaterra, demonstrou um pouco mais de sua popularidade na semana passada, quando a Apple expandiu o portfólio de dispositivos baseados em Arm.

Com novos MacBooks Pro equipados com a tecnologia, a empresa de Tim Cook escanteou ainda mais a Intel, que agora só fornece chips para os computadores de mesa de última geração da Apple.

Dado o cenário, a Intel, que divulga resultados trimestrais na quinta-feira, 26, deve registrar uma queda de 23% na receita em seus negócios focados em PCs, de acordo com analistas consultados pela FactSet.

As vendas processadores para servidores da Intel devem recuar 40% em relação ao ano anterior, refletindo o enfraquecimento da economia e a perda de participação de mercado para sua rival direta AMD e, claro, para os chips baseados em Arm.

Na jornada recente da rival da Intel, o reconhecimento de sua tecnologia só ganhou corpo quando a SoftBank adquiriu a britânica, em 2016, por US$ 32 bilhões. Desde então, houve um longo esforço do banco japonês para monetizar a empresa.

O mais significativo dos movimentos foi levar o sucesso que a empresa tinha em processadores de smartphones e adaptá-lo para um n tipo de funções mais robustas. Por fim, incrementá-los na computação pessoal, setor que necessitava de chips mais econômicos energeticamente e sustentáveis na durabilidade.

Os processadores que usam chips Arm agora aparecem em mais de 10% de todos os PCs vendidos no 3º trimestre do ano passado, de acordo com a Mercury Research. Embora as remessas globais de laptops devam cair este ano, os que levam Arm podem crescer, de acordo com a Counterpoint Research.

No entanto, os planos de IPO, previstos para 2022, mudaram para o final de 2023 por causa da turbulência do mercado que diminuiu o apetite por novas listagens, disse um funcionário da Arm no ano passado.

A Arm também está decidindo onde listar suas ações, com pressão política no Reino Unido para escolher Londres. Se tudo correr como planejado, o valor de mercado da empresa quando abrir o capital deve ficar próximo de US$ 40 bilhões.

E, como a Arm ganha dinheiro em grande parte licenciando a construção dos chips, em vez de fabricar os dispositivos, ela gera números de vendas relativamente modestos devido ao seu alcance. Em 2021, obteve US$ 2,7 bilhões em receita cerca de 25% acima do montante do ano anterior. Contudo, uma receita que não chega em 3% do que faz a Intel.

Mesmo com o incomodo ainda singelo, a Intel tem dado respostas ao mercado. No início de 2023, lançou uma nova geração de chips para datacenters, os Xeon de 4ª geração, que oferecem aos clientes uma variedade de recursos para gerenciamento de energia e desempenho, otimizando o uso dos recursos da CPU para ajudar a atingir suas metas de sustentabilidade.

Junto disso, apresentou uma linha de placas de vídeo. A ideia é abocanhar uma parcela do mercado dominado pela Nvidia e Amd Radeon, mas que hoje se voltam muito ao público gamer.

Se os produtos derem certo, a Intel garante a renovação de sua posição. Caso contrário, será a hora de jogar o novo jogo criado pela Arm.

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