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Indústria mundial de eletrônicos de consumo desacelera

Para diretor da Consumer Electronics Association, há "expectativa fraca" por fatores como falta de infraestrutura e de baixa margem de lucro

Smartphones: em geral há uma tendência de redução de crescimento no mercado de tecnologia (Marcos Santos/USP Imagens)
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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2015 às 15h53.

Las Vegas - Com a previsão de crescimento econômico baixo para 2015, a indústria de eletrônica de consumo não está nem um pouco otimista com o Brasil.

Durante uma das palestras de abertura da Consumer Electronics Show (CES 2015) em Las Vegas neste domingo, 4, o diretor de análise da indústria da Consumer Electronics Association (CEA), Steve Koenig, chegou a dar destaque para o desempenho abaixo do esperado do mercado brasileiro em 2014 frente aos demais mercados emergentes, em especial ao bloco econômico BRICs: a previsão é de um crescimento estável em 2015, saindo de 0,7% no ano passado para 0,8%.

Na visão dele, há uma "expectativa fraca" devido a fatores como falta de infraestrutura e de baixa margem de lucro.

Isso naturalmente afeta as expectativas também do consumo em eletrônicos, apesar de ainda haver crescimento em receita.

"Há muita pressão econômica, com crescimento medíocre do PIB", disse Keonig, expandindo a análise também para a América Latina.

"O Brasil era uma estrela, mas agora há francamente pouca esperança para recuperação", analisa.

"Acabou a Copa, acabaram os negócios, e o novo comando (da presidente Dilma Rousseff) terá muito desafio".

Por isso, ele chegou a recomendar investimentos em outros mercados, como Indonésia, Filipinas e África.

Países da Europa central/oriental também não foram bem avaliados, especialmente por conta de indefinições em relação à deflação da economia.

Esse cenário se reverte em um desempenho mais ameno na indústria de eletrônicos.

O total estimado para 2014 de gastos com tecnologia será de US$ 1,024 trilhão, crescimento de 1% em relação a 2013.

"Os dispositivos móveis e conectados lideram, mas por quanto tempo?", indaga o especialista.

Ele considera sete dispositivos como os mais importantes: tablets, celulares, smartphones, câmeras digitais inteligentes, computadores desktops, laptops e TVs LCD.

Mas a dupla dinâmica é de smartphones e tablets, como destaca Keonig. Desse total gasto em tecnologia, US$ 374 bilhões serão com smartphones. Tablets, por sua vez, acumularam US$ 68 bilhões.

Dispositivos móveis

A verdade é que em geral há uma tendência de redução de crescimento no mercado de tecnologia, com o mercado chinês servindo como a grande boia salva-vidas para a indústria.

Na pesquisa da CEA com a GfK divulgada também neste domingo, as previsões para 2015 são menos otimistas.

A venda global de smartphones, por exemplo, observou crescimento de 28% na estimativa para 2014 (total de 1,273 bilhão de unidades vendidas), mas neste ano de 2015 o aumento previsto é de 19%, um total de 1,509 bilhão de unidades.

A participação dos mercados em desenvolvimento deverá aumentar de 61% em 2014 para 75% em 2015, sendo que a China sozinha será responsável por 34% desse total.

Assim como no ano passado, um dos maiores responsáveis apontados foi o aumento do mercado de smartphones mais baratos, como das fabricantes chinesas como Xiaomi, a Coolpad e a OnePlus.

A receita global de smartphones deverá fechar 2014 em US$ 373,890 bilhões, crescimento de 13%. Para 2015, a previsão é de US$ 406,735 bilhões, aumento de 9%.

Da mesma forma, o mercado de tablets mostra crescimento em queda, saindo de 25% (281,297 bilhões de unidades vendidas) em 2014 para 20% (337,009 bilhões) em 2015.

Apesar de um crescimento dos mercados em desenvolvimento (de 41% para 44% em 2015), a América do Norte sozinha é responsável por 35% desse volume. Isso causará impacto nas receitas, que já teriam diminuído 1% (total de US$ 67,636 bilhões) em 2014 no mundo, devendo cair ainda mais em 2015: 8%, total de US$ 61,961 bilhões.

Steve Koenig cita tendências para 2015 como tablets conversíveis em laptops, ou smartphones conversíveis em tablets, além de phablets e dispositivos com Windows e, sobretudo, com Android na faixa de US$ 100.

TVs

Por outro lado, o mercado de TVs de alta definição, impulsionado por novas tecnologias como Ultra HD (4K) e conectividade (smart TVs), tem mostrando um resultado positivo.

Em 2014, foram vendidas 247 milhões desses aparelhos no mundo, crescimento de 1%, e a previsão para 2015 é de 251 milhões, aumento de 2%.

"Isso por conta de novos canais de distribuição, mas especialmente por inovação", conta o analista da CEA.

Isso fica claro com o fator do tamanho de tela: em 2015, o tamanho médio será de 43 polegadas nos EUA, sendo que o país terá 15% do mercado com telas de 60 polegadas em 2018 (contra 12% atualmente).

No mundo, o tamanho médio das TVs será de 40 polegadas neste ano.

Porém, o desempenho da América Latina nesse mercado também está pessimista. Se em 2012 houve participação de 12% nas receitas globais, ele subiu para 13% em 2014, mas cairá para 11% em 2015, segundo a análise da associação com a GfK.

Em questão de tecnologia, 23,3 milhões de TVs 4K serão vendidas em 2015, sendo que 15% disso (13,3 milhões) serão na China.

Em 2014, o volume total foi de 9,3 milhões. Nos Estados Unidos, as TVs conectadas aumentarão a presença de 48% do total de vendas em 2014 para 59% em 2015.

As TVs curvas tiveram 986 mil unidades vendidas em 2014, mas haverá crescimento de 245% em 2015, totalizando 3,4 milhões.

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Las Vegas - Com a previsão de crescimento econômico baixo para 2015, a indústria de eletrônica de consumo não está nem um pouco otimista com o Brasil.

Durante uma das palestras de abertura da Consumer Electronics Show (CES 2015) em Las Vegas neste domingo, 4, o diretor de análise da indústria da Consumer Electronics Association (CEA), Steve Koenig, chegou a dar destaque para o desempenho abaixo do esperado do mercado brasileiro em 2014 frente aos demais mercados emergentes, em especial ao bloco econômico BRICs: a previsão é de um crescimento estável em 2015, saindo de 0,7% no ano passado para 0,8%.

Na visão dele, há uma "expectativa fraca" devido a fatores como falta de infraestrutura e de baixa margem de lucro.

Isso naturalmente afeta as expectativas também do consumo em eletrônicos, apesar de ainda haver crescimento em receita.

"Há muita pressão econômica, com crescimento medíocre do PIB", disse Keonig, expandindo a análise também para a América Latina.

"O Brasil era uma estrela, mas agora há francamente pouca esperança para recuperação", analisa.

"Acabou a Copa, acabaram os negócios, e o novo comando (da presidente Dilma Rousseff) terá muito desafio".

Por isso, ele chegou a recomendar investimentos em outros mercados, como Indonésia, Filipinas e África.

Países da Europa central/oriental também não foram bem avaliados, especialmente por conta de indefinições em relação à deflação da economia.

Esse cenário se reverte em um desempenho mais ameno na indústria de eletrônicos.

O total estimado para 2014 de gastos com tecnologia será de US$ 1,024 trilhão, crescimento de 1% em relação a 2013.

"Os dispositivos móveis e conectados lideram, mas por quanto tempo?", indaga o especialista.

Ele considera sete dispositivos como os mais importantes: tablets, celulares, smartphones, câmeras digitais inteligentes, computadores desktops, laptops e TVs LCD.

Mas a dupla dinâmica é de smartphones e tablets, como destaca Keonig. Desse total gasto em tecnologia, US$ 374 bilhões serão com smartphones. Tablets, por sua vez, acumularam US$ 68 bilhões.

Dispositivos móveis

A verdade é que em geral há uma tendência de redução de crescimento no mercado de tecnologia, com o mercado chinês servindo como a grande boia salva-vidas para a indústria.

Na pesquisa da CEA com a GfK divulgada também neste domingo, as previsões para 2015 são menos otimistas.

A venda global de smartphones, por exemplo, observou crescimento de 28% na estimativa para 2014 (total de 1,273 bilhão de unidades vendidas), mas neste ano de 2015 o aumento previsto é de 19%, um total de 1,509 bilhão de unidades.

A participação dos mercados em desenvolvimento deverá aumentar de 61% em 2014 para 75% em 2015, sendo que a China sozinha será responsável por 34% desse total.

Assim como no ano passado, um dos maiores responsáveis apontados foi o aumento do mercado de smartphones mais baratos, como das fabricantes chinesas como Xiaomi, a Coolpad e a OnePlus.

A receita global de smartphones deverá fechar 2014 em US$ 373,890 bilhões, crescimento de 13%. Para 2015, a previsão é de US$ 406,735 bilhões, aumento de 9%.

Da mesma forma, o mercado de tablets mostra crescimento em queda, saindo de 25% (281,297 bilhões de unidades vendidas) em 2014 para 20% (337,009 bilhões) em 2015.

Apesar de um crescimento dos mercados em desenvolvimento (de 41% para 44% em 2015), a América do Norte sozinha é responsável por 35% desse volume. Isso causará impacto nas receitas, que já teriam diminuído 1% (total de US$ 67,636 bilhões) em 2014 no mundo, devendo cair ainda mais em 2015: 8%, total de US$ 61,961 bilhões.

Steve Koenig cita tendências para 2015 como tablets conversíveis em laptops, ou smartphones conversíveis em tablets, além de phablets e dispositivos com Windows e, sobretudo, com Android na faixa de US$ 100.

TVs

Por outro lado, o mercado de TVs de alta definição, impulsionado por novas tecnologias como Ultra HD (4K) e conectividade (smart TVs), tem mostrando um resultado positivo.

Em 2014, foram vendidas 247 milhões desses aparelhos no mundo, crescimento de 1%, e a previsão para 2015 é de 251 milhões, aumento de 2%.

"Isso por conta de novos canais de distribuição, mas especialmente por inovação", conta o analista da CEA.

Isso fica claro com o fator do tamanho de tela: em 2015, o tamanho médio será de 43 polegadas nos EUA, sendo que o país terá 15% do mercado com telas de 60 polegadas em 2018 (contra 12% atualmente).

No mundo, o tamanho médio das TVs será de 40 polegadas neste ano.

Porém, o desempenho da América Latina nesse mercado também está pessimista. Se em 2012 houve participação de 12% nas receitas globais, ele subiu para 13% em 2014, mas cairá para 11% em 2015, segundo a análise da associação com a GfK.

Em questão de tecnologia, 23,3 milhões de TVs 4K serão vendidas em 2015, sendo que 15% disso (13,3 milhões) serão na China.

Em 2014, o volume total foi de 9,3 milhões. Nos Estados Unidos, as TVs conectadas aumentarão a presença de 48% do total de vendas em 2014 para 59% em 2015.

As TVs curvas tiveram 986 mil unidades vendidas em 2014, mas haverá crescimento de 245% em 2015, totalizando 3,4 milhões.

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