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Habilidades são o futuro, diz 1ª mulher líder do LinkedIn Japão

Wakana Tanaka avalia que o mercado de trabalho do Japão passa por uma transformação com foco em habilidades individuais em vez do emprego vitalício

Wakana Tanaka: diretora do LinkedIn no Japão (LinkedIn/Getty Images)

Wakana Tanaka: diretora do LinkedIn no Japão (LinkedIn/Getty Images)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 2 de junho de 2023 às 14h15.

Última atualização em 2 de junho de 2023 às 14h42.

A primeira mulher a comandar o LinkedIn no Japão argumenta que o país precisa caminhar em direção a um mercado de trabalho mais focado em habilidades, e as empresas necessitam se adaptar às mudanças de valores dos trabalhadores se a nação quiser reduzir sua persistente desigualdade de gênero.

“O Japão está em um ponto de inflexão”, disse Wakana Tanaka nesta semana, em sua primeira entrevista desde que assumiu o principal cargo da rede no final de março. “Desenvolver suas habilidades constantemente é muito importante nessa era que está por vir.”

Em meio ao cenário de aumento dos gastos do governo nessa área, Tanaka avalia que o mercado de trabalho do Japão passa por uma transformação com foco em habilidades individuais em vez do emprego vitalício, e a mudança tem potencial positivo para as mulheres. O LinkedIn tem oferecido vários cursos online, que incluem aqueles parcialmente baseados em inteligência artificial, para ajudar profissionais a se adaptarem ao ambiente em mudança, disse.

A terceira maior economia do mundo tem uma tradição de sistema de emprego que vincula trabalhadores a uma empresa por toda a vida e incentiva funcionários a se concentrarem na lealdade corporativa e a não assumirem muitos riscos.

O Japão também tem sido marcado por uma persistente desigualdade de gênero, diante da expectativa de que homens aceitassem esses empregos estáveis, enquanto as mulheres trabalhavam meio período com salários mais baixos e arcavam com a maior parte dos cuidados dos filhos e tarefas domésticas. O Japão continua a apresentar a maior disparidade salarial entre homens e mulheres entre as nações do Grupo dos Sete.

“A participação das mulheres na força de trabalho é grande, mas muitas ainda possuem empregos temporários”, disse Tanaka, acrescentando que uma mudança na contratação deve permitir mais oportunidades de diversidade e maiores salários para as mulheres. “Minha missão pessoal é trabalhar para elevar o status das mulheres no Japão e na Ásia”, afirmou.

As empresas também precisam se adaptar às mudanças de atitude entre profissionais que agora valorizam a vida familiar e a flexibilidade mais do que no passado, acrescentou Tanaka.

“Não existe mais uma política de tamanho único para todos os locais de trabalho”, disse Tanaka, que tem dois filhos. “Acabamos de fazer uma pesquisa no mês passado sobre os japoneses e, em comparação com 20 anos atrás, ao longo das gerações as pessoas passaram a valorizar as famílias como o mais importante, não o trabalho. Há 20 anos, costumava ser o trabalho.”

A nova líder do LinkedIn Japão também é a primeira mulher e a primeira pessoa com menos de 60 anos a ser presidente do “Harvard Business School Club of Japan”. Até agora, sua carreira inclui consultoria na Arthur D. Little, marketing digital no Google e participação em uma comissão parlamentar que investiga o desastre nuclear de Fukushima.

Foco em habilidades

Formada em Harvard e na Universidade de Georgetown, Tanaka sente que sua carreira diversificada e várias habilidades que adquiriu ao longo do caminho a ajudaram a conseguir seu emprego atual na liderança do LinkedIn Japão.

Esse foco em habilidades em detrimento do emprego vitalício é algo que o governo também tem incentivado. Este ano, o Japão reservou um orçamento de 1 trilhão de ienes (US$ 7,3 bilhões) ao longo de cinco anos para o que chama de “requalificação”, com o objetivo de incentivar profissionais a aprender novas habilidades e potencialmente encontrar empregos com salários mais altos.

Também são poucas as mulheres no alto escalão de companhias japonesas. Menos de 13% dos executivos de empresas de capital aberto são mulheres, de acordo com o JPMorgan Securities Japan. O número é o mais baixo entre os países do G7 e se compara a 45,3% das executivas na França e 29,7% nos EUA.

Ainda assim, Tanaka diz que isso começa a mudar lentamente em comparação à época em que ela entrou no mercado de trabalho, no final da década de 1990. Atualmente, a executiva faz parte de um grupo de mulheres líderes no Japão que se reúnem informalmente para apoiar umas às outras e compartilhar informações, contou. Entre elas está a ex-vice-presidente do Goldman Sachs Japão Kathy Matsui, a ex-chefe do Centro de Tóquio da OCDE Yumiko Murakami, e a nova presidente da Microsoft Japão, Miki Tsusaka.

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