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Há relação entre uso de celulares e câncer no cérebro? OMS diz que não

Pesquisa revisou 63 estudos globais de grande escala publicados entre 1994 e 2022, abordando a relação entre radiofrequências e o risco de câncer no sistema nervoso central

Estudo da OMS aponta que uso excessivo de celular não tem ligação com câncer. (Inter/Divulgação)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 4 de setembro de 2024 às 12h57.

Um novo estudo financiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que não há evidências de que o uso de telefones celulares esteja relacionado ao desenvolvimento de câncer no cérebro. A análise, publicada na revista científica Environment International, foi conduzida pela Agência Australiana de Proteção contra Radiação e Segurança Nuclear (Arpansa) e revisou mais de 5.000 estudos focados no tema das radiofrequências e seu impacto no risco de câncer. As informações são da Quartz.

O relatório final analisou 63 estudos observacionais que foram realizados em 22 países e publicados entre 1994 e 2022. Esses estudos focaram principalmente em riscos de câncer no sistema nervoso central, incluindo o cérebro, associados à exposição a radiofrequências emitidas por telefones celulares, monitores de bebês, antenas de transmissão e exposição ocupacional a essas ondas. O objetivo foi verificar se essas exposições aumentavam a chance de desenvolvimento de tumores no cérebro ou em outras áreas do sistema nervoso.

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O resultado da revisão sistemática apontou que nenhum dos principais estudos observados demonstrou aumento significativo no risco de câncer cerebral devido à exposição à radiação de radiofrequências de dispositivos como celulares. A pesquisa também não encontrou correlação entre o tempo prolongado de uso dos celulares (incluindo pessoas que usaram os aparelhos por mais de 10 anos) e o desenvolvimento de tumores. Da mesma forma, a frequência e a duração do uso, como o número de chamadas feitas ou o tempo gasto em ligações, não mostraram qualquer ligação com o aumento de risco de câncer.

Atualmente, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), uma divisão da OMS, classifica a radiação de radiofrequência como "possivelmente cancerígena para humanos", uma classificação que foi estabelecida com base em uma revisão de estudos realizada em 2011. Essa classificação coloca a radiação em uma categoria de risco em que o vínculo com o câncer não pode ser completamente descartado, mas também não é conclusivo

Estudo sobre 5G

A IARC já anunciou que planeja realizar uma nova avaliação de risco focada especificamente na tecnologia 5G em 2025. A preocupação gira em torno do potencial impacto que essa nova tecnologia, que oferece maior capacidade de transmissão de dados e utiliza frequências mais altas, poderia ter na saúde pública. Até o momento, porém, não há indícios de que o 5G traga riscos significativos, mas os especialistas afirmam que é necessário aprofundar os estudos para uma avaliação mais precisa.

A pesquisa conduzida pela Arpansa foi considerada uma das mais completas até o momento sobre o tema, uma vez que revisou estudos de diferentes partes do mundo e usou critérios rigorosos para garantir a qualidade dos dados analisados. Apesar da vasta quantidade de informações, os resultados reforçam a visão de que, até agora, não existem evidências científicas sólidas que indiquem uma ligação clara entre o uso de telefones celulares e o câncer no cérebro.

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