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Grã-Bretanha investiga Facebook por violação de dados

Denúncia é de que a Cambridge Analytica, contratada por Donald Trump, acessou informações de 50 mi de usuários para influenciar a opinião pública

Facebook: ações da companhia recuaram quase 7 por cento na segunda-feira, reduzindo em quase 40 bilhões de dólares o valor de mercado da empresa (Reprodução/Reprodução)

Facebook: ações da companhia recuaram quase 7 por cento na segunda-feira, reduzindo em quase 40 bilhões de dólares o valor de mercado da empresa (Reprodução/Reprodução)

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Reuters

Publicado em 20 de março de 2018 às 16h43.

Londres - A Grã-Bretanha está investigando se o Facebook fez o suficiente para proteger os dados, depois que uma denúncia de que a consultoria política com sede em Londres, contratada por Donald Trump, acessou de forma indevida informações de 50 milhões de usuários do Facebook para influenciar a opinião pública.

As ações do Facebook recuaram quase 7 por cento na segunda-feira, reduzindo em quase 40 bilhões de dólares o valor de mercado da empresa, em meio a preocupações de investidores de que danos à reputação podem dissuadir usuários e anunciantes da maior rede do mundo .

Elizabeth Denham, chefe da Comissão de Informação da Grã-Bretanha, está buscando uma autorização para fazer buscas nos escritórios da consultoria Cambridge Analytica, depois que uma denúncia revelou que a empresa colheu informações privadas de milhões de pessoas para apoiar a campanha presidencial norte-americana de Trump em 2016.

Parlamentares dos Estados Unidos e da Europa exigiram explicações de como a empresa de consultoria obteve acesso aos dados em 2014 e porque o Facebook não informou seus usuários, levantando questões mais amplas da indústria sobre a privacidade do consumidor.

"Estamos analisando se o Facebook garantiu e protegeu informações pessoais na plataforma e se, quando descobriu sobre a perda dos dados, agiu de forma robusta e se as pessoas foram ou não informadas", disse Denham à BBC Radio.

Em Washington, o presidente republicano do Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado enviou uma carta na segunda-feira ao presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, solicitando informações sobre o uso de dados de usuário do Facebook.

"A possibilidade de que o Facebook não tenha sido transparente com os consumidores ou não tenha podido verificar se os desenvolvedores de aplicativos de terceiros são transparentes com os consumidores é preocupante", informou a carta que também foi enviada a Nigel Oakes, presidente- executivo da filial SCL de Cambridge Analytica .

A agência Bloomberg informou que a Comissão Federal de Comércio dos EUA está investigando o Facebook. As ações da empresa caíam mais de 3 por cento nesta terça-feira.

Em Londres, o chefe da comissão parlamentar da Mídia da Grã-Bretanha também escreveu para Zuckerberg pedindo mais informações. "Gostaríamos de receber sua resposta até segunda-feira 26 de março", escreveu o paralamentar Damian Collins.

Criada em 2013, a Cambridge Analytica se vende como uma fonte de pesquisa do consumidor, com publicidade direcionada e outros serviços relacionados a dados para clientes políticos e corporativos.

De acordo com o New York Times, a empresa foi lançada com o apoio de 15 milhões de dólares do doador republicano bilionárioRobert Mercer e de Steve Bannon, que posteriormente foi conselheiro de Trump na Casa Branca.

O Facebook disse que os dados foram colhidos por um acadêmico britânico, Aleksandr Kogan, que criou um aplicativo na plataforma que foi baixado por 270.000 pessoas, proporcionando acesso não só aos seus próprios dados pessoais, mas também de amigos.

A rede social informou que Kogan então violou suas políticas passando os dados para a Cambridge Analytica. O Facebook suspendeu a empresa de consultoria e sua controladora Strategic Communication Laboratories (SCL).

O Facebook disse ainda ter sido informado que os dados teriam sido destruídos.

Kogan afirmou que mudou os termos e as condições de seu aplicativo de avaliação de personalidade no Facebook de uso acadêmico para comercial durante o curso do projeto, de acordo com emails para os colegas da Universidade de Cambridge obtidos e citados pela CNN.

Kogan diz que o Facebook não fez objeção, mas o Facebook afirma que não foi informado sobre a mudança, conforme a CNN. Kogan não foi encontrado imediatamente para comentar.

Violação grave

"Se esses dados ainda existirem, seria uma grave violação das políticas do Facebook e uma violação inaceitável da confiança e dos compromissos assumidos por esses grupos", disse o Facebook.

Cambridge Analytica tem negado todas as infomações publicadas pela mídia e disse que eliminou os dados depois de tomar conhecimento que não estavam de acordo com as regras de proteção de dados.

"Não estamos sozinhos ao usar dados de sites de redes sociais para extrair informações do usuário", disse a Cambridge Analytica. "Nenhum dado do Facebook foi utilizado pela nossa equipe de ciência dos dados na campanha presidencial de 2016".

A comissária de Informação, Elizabeth Denham, disse na segunda-feira que estava buscando uma autorização para fazer buscas nos escritórios da Cambridge Analytica, depois de ver uma reportagem no Channel 4, canal de notícias da Grã-Bretanha, que secretamente registrou seus executivos se vangloriando de sua capacidade de influenciar as eleições.

Ela disse que não demoraria para obter o mandado de buscas.

O Facebook disse que contratou auditores forenses da empresa Stroz Friedberg para investigar e determinar se a Cambridge Analytica ainda tinha os dados.

"Os auditores de Stroz Friedberg estavam no local do escritório da Cambridge Analytica em Londres esta noite", disse a empresa em comunicado na segunda-feira.

A crítica da Cambridge Analytica apresenta uma nova ameaça para o Facebook, que já está sob ataque pelo suposto uso de suas ferramentas pela Rússia para influenciar os eleitores dos EUA com publicações divisórias e falsas antes e depois das eleições de 2016.

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