Madri - Os recifes de coral são um dos ecossistemas mais vulneráveis à mudança climática, mas poderiam ser salvos de uma futura destruição com o uso de uma técnica de geoengenharia que defende a injeção de gás na estratosfera, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira pela publicação "Nature Climate Change".
O aumento da temperatura da superfície marinha e a acidificação dos oceanos, causados pela subida dos níveis de CO2 na atmosfera, são algumas das causas do branqueamento dos recifes de coral.
Essa condição pode danar seriamente ou destruir sistemas inteiros de recifes coralinos e está previsto que se intensifique nas próximas décadas devido ao estresse exercido sobre os corais pelo aumento da temperatura da água do mar.
Os especialistas acreditam que, inclusive sob os cenários mais ambiciosos de redução de CO2, em meados deste século ocorrerá uma severa e generalizada extensão dessa dolência que afeta os corais.
No entanto, uma técnica de geoengenharia chamada gestão de radiação solar (SRM, em inglês) pode reduzir o risco de uma grave descoloração do coral em nível global, segundo sugere um estudo do Carnegie Institution for Science da Universidade de Exeter e do Centro Hadley para a Mudança Climática (Reino Unido), assim como da australiana Universidade de Queensland.
O método SRM representa injetar gás na estratosfera terrestre -na simulação sobre a qual é baseado o estudo fala-se de dióxido de enxofre- para formar partículas microscópicas que reflitam parte da energia do sol e ajudem assim a limitar o aumento das temperatura no superfície marinha.
O estudo compara os efeitos dessa possível medida com os cenários mais agressivos de redução de emissões de CO2 contemplados pelo Grupo Intergovernamental de especialistas em Mudança Climática da ONU (IPCC) e conclui que os recifes de coral funcionariam muito melhor com as técnicas de geoengenharia apesar da crescente acidificação dos oceanos.
O professor Peter Cox da Universidade de Exeter e coautor do estudo disse que as barreiras de coral enfrentam uma situação grave, independentemente da intensidade com que a sociedade 'descarboniza' sua economia".
Para Cox, o estudo mostra que "é preciso escolher entre aceitar como inevitável a perda de uma grande porcentagem das barreiras de coral ou começar a pensar além da redução convencional de emissões de CO2".
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1. Desafio do tamanho da fome
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1/16 (Getty Images)
São Paulo – Mudanças à vista, ou melhor, à mesa. Um
estudo feito pelo Grupo Internacional de Consulta em Pesquisa Agrícola (CGIAR, na sigla em inglês) para as Nações Unidas sugere que o
aquecimento global pode comprometer, até 2050, cerca de 20% da produção trigo, arroz e milho – as três
commodities agrícolas mais importantes e que estão na base de metade das calorias consumidas por um ser humano. É uma perda preocupante, contra a qual será preciso lutar, sob a dura pena de mergulhar bilhões de pessoas na fome – um mal que atinge um em cada sete habitantes do planeta. Veja a seguir como a elevação das temperaturas e as
mudanças climáticas poderão afetar a produção das principais commodities agrícolas no mundo
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2. Banana
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2/16 (Wikimedia Commons)
A maior ameaça das mudanças climáticas para a produção de bananas é o aumento de surtos de pragas e doenças, principalmente nas terras altas da Uganda, Tanzânia, Burundi, Ruanda e Congo Oriental, países onde a fruta é sinônimo de segurança alimentar. Não só isso, a banana é altamente sensível à água disponível no solo. E essas regiões, que juntas abrigam comunidades pobres de mais de 30 milhões pessoas, são vulneráveis à falta de água, hoje um dos maiores desafios enfrentados pelos governos locais.
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3. Mandioca
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3/16 (Wikimedia Commons)
A mandioca é a segunda cultura alimentar mais importante nos países pobres e a quarta mais importante nos países em desenvolvimento, com produção total de 218 milhões de toneladas. Além de contribuir para a segurança alimentar, é fonte de renda para pequenos proprietários. Em geral, a espécie é tolerante à seca e adaptável a algumas das mais altas temperaturas encontradas na agricultura. Por outro lado, a mandioca não se dá bem com excesso de água, é altamente vulnerável à podridão da raiz quando exposta a inundações por longos períodos.
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4. Cevada
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4/16 (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)
Nem todos os alimentos serão prejudicados com um meio ambiente mais hostil. Exemplo disso é a cevada, cereal rico em zinco e ferro que poderia ajudar a melhorar a nutrição no mundo, especialmente em regiões afetadas pela seca. Grão valorizado pela produção de bebidas alcoólicas, a cevada pode tornar-se ainda mais atraente por outros motivos: a resistência ao calor, seca e à salinidade do solo, uma ameaça real diante do avanço do nível dos mares.
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5. Feijão
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5/16 (ARQUIVO/WIKIMEDIA COMMONS)
As altas temperaturas aparecem como o problema mais grave, seguido pela seca, entre as ameaças da mudança climática para a produção de feijão. Há motivos para preocupação, uma vez que a leguminosa representa, em média, 20% da dieta dos países em desenvolvimento. Em alguns, a dependência é ainda maior, caso de Burundi (55%) e Ruanda (38%). No Brazil e Tanzânia, o feijão responde por 14% das proteínas vegetais consumidas por uma pessoa.
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6. Grão-de-bico
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6/16 (Dercílio / Saúde)
Outra fonte tradicional de proteína vegetal, o grão-de-bico pode ser vulnerável às mudanças climáticas, em parte, porque geralmente é cultivado em terras com quantidades mínimas de fertilizantes e irrigação, ficando exposto a ataques de pragas e estresses ambientais. Uma pesquisa na Índia, feita ao longo de 10 anos, mostrou que o aumento da temperatura acima de 35 ° C torna a planta mais suscetível a desenvolver uma podridão na raiz causada por doenças. Hoje, as principais regiões produtoras são Índia, Turquia, Paquistão, Bangladesh, Nepal, Irã e México.
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7. Milho
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7/16 (Getty Images)
Juntamente com arroz e trigo, o milho responde por 30% das calorias de alimentos consumidos por 4,5 bilhões de pessoas em 94 países em desenvolvimento. Seu ponto fraco: detesta calor. Testes de campo e dados históricos mostram que as temperaturas superiores a 30 ° C associadas à seca reduzem o rendimento das culturas. Só na África, 20% da produção está em risco com as alterações climáticas.
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8. Amendoim
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8/16 (Stock.XCHNG)
O amendoim também está na mira do aquecimento global. Segundo o estudo, secas constantes podem tornar as sementes vulneráveis à contaminação por aflatoxina, uma toxina cancerígena produzida principalmente pelo fungo Aspergillus flavus. Além disso, as altas temperaturas e as chuvas irregulares dificultam a secagem do grão e seu armazenamento.
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9. Lentilha
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9/16 (Wikimedia Commons)
Alimento altamente nutritivo, a lentilha consegue resistir bem ao ambiente hostil. Sua resiliência a torna um coringa no sentido de aumentar a segurança alimentar em países necessitados. Mas as lentilhas não são a prova de tudo, e sob certos estresses climáticos, podem ter o rendimento afetado. A intensidade e principalmente a frequência das mudanças no tempo e das tensões térmicas poderiam afetar severamente a produção.
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10. Trigo
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10/16 (Menahem Kahana/AFP)
As alterações climáticas terão impactos significativos na produção de trigo, cuja cultura é extremamente vulnerável ao calor e seca. A irrigação pode ajudar o trigo a sobreviver a condições de estresse, mas exigiria uma quantidade insustentável desse recurso. Segundo o estudo, o "estresse hídrico" associado ao aumento de 1°C na temperatura resultaria na perda de 20% da produção.
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11. Batatas
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11/16 (Jon Pallbo/Wikimedia Commons)
Dona da quarta maior safra de alimentos do mundo, as batatas também estão na mira do aquecimento do planeta, e se tem um palavra que não combina com esse cultivo é aquecimento. O medo é que as temperaturas crescentes reduzam a produtividade da batata em locais onde pessoas já lutam para suprir suas necessidades nutricionais básicas, como a Índia.
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12. Soja
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12/16 (Juan Mabromata/AFP)
A soja é uma das culturas que mais sofrem sob altas temperaturas. De acordo com o estudo, áreas nos EUA e no Brasil que cultivam a proteína vegetal para exportação terão de enfrentar quedas acentuadas quando a temperatura ultrapassar os 30 ° C com frequência. Em 2070, a área adequada para plantio de soja poderá cair 60% em relação à área de produção atual, devido à falta de água e a verões mais intensos.
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13. Arroz
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13/16 (Wikimedia Commons)
A mudança climática pode levar a um declínio de 15% na produção de arroz. O motivo? Cientistas suspeitam que as plantas estão gastando mais energia para respirar em noites quentes, o que afeta a capacidade de realizar fotossíntese. Não para aí. As inundações são um problema significativo para o cultivo de arroz, especialmente nas planícies do sul e sudeste da Ásia. A ameaça crescente de salinidade é outro problema, que resulta do aumento do nível do mar em grandes áreas de zonas húmidas costeiras.
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14. Inhame
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14/16 (Wikimedia Commons)
Cultivo importante e meio de subsistência no oeste africano, o inhame é vulnerável a pragas e doenças que poderiam intensificar-se devido aos efeitos do clima. Desde 2000, indica o relatório, a taxa de crescimento anual da produção de inhame tem sido irrisória (menos de 1%) em uma das principais regiões produtoras, a Nigéria.
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15. Fava
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15/16 (Wikimedia Commons)
Fava é a principal fonte de proteínas vegetais na dieta dos países onde é cultivada, como Etiópia, Sudão, Marrocos, Egito e Síria. Cultura importante na rotação de cereais, pois ajuda a fixar nitrogênio no solo, a Fava pode ter de lidar com novos tipos de pragas com o aumento das temperaturas. Para piorar, o cultivo tem fama de ser sensível à seca, que pode causar quebra de safra drástica.
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16. Sorgo
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16/16 (Wikimedia Commons)
O estudo revela que um aumento de 1 ° C na temperatura média da atmosfera poderia reduzir o rendimento do quinto cereal mais importante (depois do arroz, trigo, milho e cevada) entre 4 e 8% em estações chuvosas na Índia. Os grãos do sorgo são úteis na produção de farinha para panificação, amido industrial, álcool e como forragem ou cobertura de solo em regiões tropicais e subtropicais do mundo.