jhj (AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de maio de 2014 às 12h02.
O ex-primeiro-ministro e atual embaixador da França para negociações internacionais sobre zonas polares, Michel Rocard, reivindicou um acordo para a criação de zonas marítimas protegidas na Antártica e questionou a instalação de novas bases científicas no continente gelado.
"Pela terceira vez consecutiva desde 2012 o projeto de áreas marinhas protegidas no leste antártico e no Mar de Ross não pôde ser adotado", lamentou Rocard no discurso de abertura da reunião da qual participam 50 países signatários do Tratado Antártico.
A Convenção sobre a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCAMLR, na sigla em inglês) terminou três reuniões sem acordo sobre o tema desde 2012. China e Rússia foram contrários ao projeto, explicou Rocard.
As águas do Oceano Austral que rodeiam o Antártico contêm ecossistemas excepcionais, com milhares de espécies animais protegidas até agora da atividade humana, mas que estão começando a ser afetadas pela pesca.
O ex-premier também questionou que "certas nações demandem criar na Antártica novas bases científicas", entre as quais citou China, Belarus e, segundo ele, o Irã, embora a informação não seja oficial.
Rocard mencionou estudos que indicam que muitos países são capazes de fazer pesquisas sem ter uma base na região. E questionou a necessidade de uma quarta base científica chinesa.
As reuniões consultivas do Tratado Antártico são anuais e a atual se estenderá até 7 de maio em Brasília.
O Tratado Antártico estabelece a não militarização deste continente, liberdade de pesquisa científica, proteção do meio ambiente e suspensão de reivindicação territorial.
Cinquenta países integram o Tratado Antártico, que entrou em vigor em 1961. O Brasil é, desde 1983, um dos 29 países consultivos, com direito a voto e decisão.
Cerca de 30 países, todos membros do Tratado Antártico, assinado em 1959, operam bases de pesquisa na Antártica.