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Fibra ótica submarina do Google consegue detectar terremotos, tsunamis e tempestades

Fibra ótica localizada no Oceano Pacífico conseguiu detectar cerca de 50 eventos naturais

Google: gigante de tecnologia afirmou estar "entusiasmada" em trabalhar com sismólogos (Julie Denesha/Bloomberg via/Getty Images)
LP

Laura Pancini

Publicado em 1 de março de 2021 às 12h44.

Última atualização em 1 de março de 2021 às 15h33.

Os cabos no fundo dos oceanos, que transmitem dados por todo o mundo, podem um dia rastrear terremotos e tsunamis. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia na Califórnia e do Google pegaram um dos cabos de fibra ótica do gigante da tecnologia, localizado no Oceano Pacífico, e o usaram para detectar atividades sísmicas em alto mar e ondas do mar.

O cabo de 10.000 quilômetros do Google teve seus dados de tráfego coletados para medir mudanças na pressão e tensão no cabo. A expectativa é que ele, dentre outros, possa um dia enviar alertas antecipados às pessoas quando um evento natural, como um tsunami, terremoto ou tempestade, estiver se aproximando.

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Durante nove meses, a equipe registrou 30 eventos de ondas de tempestade ocêanica e cerca de 20 terremotos de magnitude 5, o que significa que são fortes suficientes para danificar prédios. Entre eles, foi detectado o terremoto que ocorreu em junho de 2020, perto de Oaxaca, no México, que teve magnitude de 7,4. Nenhum tsunami ocorreu durante o monitoramento e, portanto, nunca foi detectado.

Anthony Sladen, da Universidade Côte d'Azur, na França, diz que o estudo é “um grande passo para explorar os benefícios dos cabos existentes”. Atualmente, a implantação e manutenção destes instrumentos é complicada e cara, o que as torna raras.

Zhongwen Zhan, autor do estudo publicado na Science , diz que sua equipe não precisa de uma nova infraestrutura. “Podemos encontrar uma maneira menos cara de cobrir o oceano com sensores geofísicos? Se você puder transformar [a infraestrutura de cabos de telecomunicações] em sensores, isso é maravilhoso - e é isso que estamos fazendo agora”, disse ele.

A nova abordagem usaria o que os cabos já foram projetados para fazer: enviar um sinal de luz transmitindo dados, que orientam as ondas de luz em uma direção específica. Em uma extremidade do cabo, o terremoto iria sacudir, torcer ou entortar o cabo, mudando as orientações das ondas de luz. Já na outra extremidade, o Google percebe o movimento e os corrige, mas também teria a opção de compartilhar estes dados com sismólogos para estudo e, futuramente, alertar a população.

“Estamos entusiasmados com a possibilidade de colaborar com as comunidades de pesquisa óptica, submarina e sísmica para usar toda a nossa infraestrutura de cabo para maiores benefícios sociais”, escreveu o Google em seu blog em julho  do ano passado.

“Esperamos que essa nova abordagem possa realmente dar às pessoas uma chance melhor de perceber esses eventos logo no início, para que tenham mais tempo para reagir”, disse Zhan. “Isso é empolgante, pois se apenas uma fração de milhão de quilômetros de redes de fibra óptica submarinas pudessem ser usadas como sensores, haveria grandes melhorias na quantidade e cobertura de dados sísmicos”, comenta.

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