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Facebook tira dúvidas sobre privacidade do Portal, seu tablet doméstico

"O dispositivo nem tem a função de gravar", disse o vice-presidente da companhia americana

(Facebook/Divulgação)

Lucas Agrela

Publicado em 9 de novembro de 2018 às 05h55.

Última atualização em 9 de novembro de 2018 às 05h55.

O Facebook lançou o Portal, seu dispositivo doméstico de chamadas em vídeo, em meio a uma crise de confiança com seus usuários. O aparelho foi revelado em outubro, poucos dias após uma grande violação de dados e alguns meses depois de o Congresso dos EUA interrogar a companhia sobre o compartilhamento de informações de usuários com os desenvolvedores.

O Portal começou a ser vendido nesta semana nos EUA, bem a tempo para as festas, a US$ 199 para a versão pequena e US$ 349 para a maior. Mas, para que as pessoas coloquem dentro de casa um dispositivo de vídeo criado pelo Facebook, primeiro elas precisarão saber algumas coisas sobre seus recursos de privacidade.

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A Bloomberg perguntou a Andrew Bosworth, vice-presidente de hardware de consumo da companhia, se ele poderia ajudar a esclarecer as coisas.

Este aparelho vai me gravar quando não estiver em uso?

"O dispositivo nem tem a função de gravar", disse Bosworth. "Mesmo se você quisesse fazer um Live no Facebook pelo dispositivo ou perguntar o que seu gato fez enquanto você estava fora, não temos essa funcionalidade hoje. Com o tempo, talvez sim."

Os chats em vídeo serão criptografados, então o Facebook não pode ver o que você está dizendo para as pessoas. A câmera não identifica quem está fazendo a ligação e pode ser desativada. O dispositivo vem com uma capa de plástico para cobrir a câmera, para quem se sentir incômodo.

Então, que tipo de informação é coletada pelo Facebook?

O Portal usa o Facebook Messenger para realizar as chamadas em vídeo, por isso coleta as mesmas coisas que o Messenger. A empresa registrará dados sobre a frequência com que você faz login e com quem você conversa, e esse tipo de informação ajudará a classificar o que o Facebook mostra em suas outras propriedades. Por exemplo, se você conversar frequentemente com determinadas pessoas, elas aparecerão mais no Messenger e no feed de notícias do Facebook. A frequência dessa atividade pode ajudar os anunciantes de alguma forma, disse Bosworth.

O Facebook não vai ganhar dinheiro com publicidade?

Provavelmente, no futuro. Bosworth não abordou o assunto especificamente, mas esse é o negócio geral da empresa, portanto, mesmo que anúncios não sejam exibidos atualmente no Portal, eles poderão ser exibidos algum dia. E é quase certeza que a empresa não vai lucrar com as vendas dos dispositivos em si, considerando o preço relativamente acessível.

Então, por que o Facebook produziu um dispositivo de hardware?

O Facebook deixou claro que quer fazer parte de toda a sua vida social - das conversas públicas às privadas. O bate-papo por vídeo, bem como outras iniciativas de hardware, como a realidade virtual, é o tipo de conversa particular mais íntima da esfera digital. Quanto mais o Facebook participar disso, mais saberá sobre você. Ao saber mais sobre você, ele poderá enviar novidades mais relevantes sobre seus amigos, além de anúncios segmentados com mais precisão.

Os dados coletados pelo Portal agora serão úteis para o Facebook do mesmo modo que as atividades no Instagram e no Messenger. Mas ainda não são tão valiosos, disse Bosworth.

"Mesmo se este fosse o produto de hardware mais bem-sucedido da história, isso não seria significativo em comparação com as pessoas que já temos no Messenger", que possui mais de 1 bilhão de usuários, disse Bosworth. "Não se trata de coletar dados."

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