Executivo do Facebook revela bastidores do Google+
Quando trabalhava no Google, Paul Adams criou a teoria dos círculos de relacionamento, que é a base do Google+. Mas ele agora trabalha no Facebook
Maurício Grego
Publicado em 14 de julho de 2011 às 15h24.
São Paulo — Paul Adams é considerado o pai da ideia dos círculos de relacionamento, que é a base do Google+. Ele escreveu o livro Social Circles, sobre o assunto, com autorização do Google, onde trabalhou até janeiro. O livro chegou a ser anunciado na loja Amazon, ainda antes do lançamento. Mas Adams é, agora, gerente de produto do Facebook. E o Google cancelou a permissão para publicação do livro.
Num artigo em seu blog Think Outside In, Adams conta por que saiu do Google. “Havia uma oportunidade no Facebook que eu não podia recusar”, diz. Ele afirma que o Google é uma empresa de engenheiros. Ele, um estudioso das relações sociais, não tinha muita voz lá. “O Google valoriza a tecnologia; não a ciência social”, diz. Adams ainda reclama que o Google mudou com o tempo: “Ficou muito mais burocrático e político.”
O livro
Adams não cita o livro como motivo para sua mudança de emprego. Mas deixa claro que o cancelamento da publicação deixou mágoas. Segundo ele, no ano passado, o Google lhe deu permissão escrita para publicar tanto o livro como uma longa apresentação sobre o tema (são 224 slides), ainda disponível na web. Em julho do ano passado, quando vazaram os primeiros rumores sobre o então projeto Emerald Sea, que daria origem ao Google+, a empresa cancelou verbalmente a permissão para a publicação até que a rede social fosse revelada publicamente.
Agora que o Google+ já passa de 10 milhões de usuários, Adams diz ter tentado falar com executivos do Google, sem sucesso, para obter a liberação do livro. “Agora que o Google+ foi lançado, não consigo ver, honestamente, por que eles não respondem aos meus e-mails. O livro não contém informações secretas. Ele é baseado quase totalmente em pesquisas feitas em outras organizações (principalmente universidades). E as pesquisas do Google citadas nele já são domínio público”, diz.
Círculos
Adams parece ter subestimado a ferocidade da competição que está se desenvolvendo entre Google e Facebook. Trabalhando para um rival, ele não deveria mesmo esperar ser bem tratado pelo antigo empregador. Mas seu estudo sobre círculos de relacionamento parece confirmar que ele é o teórico por traz do Google+.
Em seu trabalho, Adams conta a história de Debbie, uma pessoa real cujo caso ele estudou. Ela tem amigos em duas cidades e é professora de natação. Alguns dos seus amigos, por sua vez, trabalham num bar gay e publicam fotos picantes no Facebook que ela, às vezes, comenta. O problema é que seus alunos de natação, com idade em torno de 10 anos, também são “amigos” dela na rede social e vêem as fotos e os comentários (embora o Facebook exija idade mínima de 13 anos, há quem desrespeite essa exigência).
A história ilustra quanto pode ser inapropriado misturar relacionamentos de trabalho e amizades na mesma rede social. É um problema que qualquer frequentador do Facebook enfrenta. Mostra, também, que redes sociais que incluem todos os contatos na categoria “amigos” não reproduzem bem a maneira como as pessoas se relacionam na vida real, onde alguém pode fazer parte de diferentes grupos que não se sobrepõem.
Google+
Com base nesse estudo, foi definida a arquitetura básica do Google+, em que os contatos de cada pessoa são agrupados em círculos. Coisas compartilhadas num círculo não são, necessariamente, vistas pelos demais. O Facebook tem um recurso análogo a esse, os Grupos. Mas, lá, a separação dos contatos é opcional e só acontece se o usuário se preocupar com isso. Já no Google+, ninguém adiciona um contato sem classificá-lo num círculo.
Adams, curiosamente, não trabalha com organização de contatos no Facebook. Ele diz que seu trabalho como gerente de produto tem foco na publicidade online. “Por muitos anos me interessei em como as pessoas decidem o que comprar. Fiquei fascinado com o mundo das marcas e com a maneira como as pessoas passam adiante informações sobre elas. Sempre quis trabalhar nesta área”, conclui ele.
São Paulo — Paul Adams é considerado o pai da ideia dos círculos de relacionamento, que é a base do Google+. Ele escreveu o livro Social Circles, sobre o assunto, com autorização do Google, onde trabalhou até janeiro. O livro chegou a ser anunciado na loja Amazon, ainda antes do lançamento. Mas Adams é, agora, gerente de produto do Facebook. E o Google cancelou a permissão para publicação do livro.
Num artigo em seu blog Think Outside In, Adams conta por que saiu do Google. “Havia uma oportunidade no Facebook que eu não podia recusar”, diz. Ele afirma que o Google é uma empresa de engenheiros. Ele, um estudioso das relações sociais, não tinha muita voz lá. “O Google valoriza a tecnologia; não a ciência social”, diz. Adams ainda reclama que o Google mudou com o tempo: “Ficou muito mais burocrático e político.”
O livro
Adams não cita o livro como motivo para sua mudança de emprego. Mas deixa claro que o cancelamento da publicação deixou mágoas. Segundo ele, no ano passado, o Google lhe deu permissão escrita para publicar tanto o livro como uma longa apresentação sobre o tema (são 224 slides), ainda disponível na web. Em julho do ano passado, quando vazaram os primeiros rumores sobre o então projeto Emerald Sea, que daria origem ao Google+, a empresa cancelou verbalmente a permissão para a publicação até que a rede social fosse revelada publicamente.
Agora que o Google+ já passa de 10 milhões de usuários, Adams diz ter tentado falar com executivos do Google, sem sucesso, para obter a liberação do livro. “Agora que o Google+ foi lançado, não consigo ver, honestamente, por que eles não respondem aos meus e-mails. O livro não contém informações secretas. Ele é baseado quase totalmente em pesquisas feitas em outras organizações (principalmente universidades). E as pesquisas do Google citadas nele já são domínio público”, diz.
Círculos
Adams parece ter subestimado a ferocidade da competição que está se desenvolvendo entre Google e Facebook. Trabalhando para um rival, ele não deveria mesmo esperar ser bem tratado pelo antigo empregador. Mas seu estudo sobre círculos de relacionamento parece confirmar que ele é o teórico por traz do Google+.
Em seu trabalho, Adams conta a história de Debbie, uma pessoa real cujo caso ele estudou. Ela tem amigos em duas cidades e é professora de natação. Alguns dos seus amigos, por sua vez, trabalham num bar gay e publicam fotos picantes no Facebook que ela, às vezes, comenta. O problema é que seus alunos de natação, com idade em torno de 10 anos, também são “amigos” dela na rede social e vêem as fotos e os comentários (embora o Facebook exija idade mínima de 13 anos, há quem desrespeite essa exigência).
A história ilustra quanto pode ser inapropriado misturar relacionamentos de trabalho e amizades na mesma rede social. É um problema que qualquer frequentador do Facebook enfrenta. Mostra, também, que redes sociais que incluem todos os contatos na categoria “amigos” não reproduzem bem a maneira como as pessoas se relacionam na vida real, onde alguém pode fazer parte de diferentes grupos que não se sobrepõem.
Google+
Com base nesse estudo, foi definida a arquitetura básica do Google+, em que os contatos de cada pessoa são agrupados em círculos. Coisas compartilhadas num círculo não são, necessariamente, vistas pelos demais. O Facebook tem um recurso análogo a esse, os Grupos. Mas, lá, a separação dos contatos é opcional e só acontece se o usuário se preocupar com isso. Já no Google+, ninguém adiciona um contato sem classificá-lo num círculo.
Adams, curiosamente, não trabalha com organização de contatos no Facebook. Ele diz que seu trabalho como gerente de produto tem foco na publicidade online. “Por muitos anos me interessei em como as pessoas decidem o que comprar. Fiquei fascinado com o mundo das marcas e com a maneira como as pessoas passam adiante informações sobre elas. Sempre quis trabalhar nesta área”, conclui ele.