ABNT: conjunto de regras é conhecido pelo seu peso dentro de trabalhos universitários (Reprodução/Thinkstock)
Redator freelancer
Publicado em 15 de março de 2024 às 12h04.
Última atualização em 4 de abril de 2024 às 23h53.
Obedecer às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é algo exigido por todo tipo de trabalho acadêmico, desde redações simples, passando por avaliações universitárias e até mesmo em grandes pesquisas acadêmicas.
Entretanto, a formatação adequada desses trabalhos – algo que já tirou o sono de muitos pesquisadores – há muito deixou de ser o “bicho de sete cabeças” que você pode pensar que é. Na realidade, as ferramentas de edição digitais já contam com diversas funções que ajudam você neste processo. Veja a seguir algumas dicas:
A ABNT foi criada ao final da década de 1940, no intuito de normalizar a padronização técnica de documentos acadêmicos em caráter nacional. Na prática: nós usávamos normas técnicas de outros países, mas que nem sempre eram adequadas para as produções de nossos conteúdos, daí a necessidade de se levantar um órgão brasileiro.
A partir de 1962, por meio da Lei Federal nº 4.150, o uso das normas da ABNT para a redação técnica passou a tornar-se obrigatório, ao mesmo tempo em que o governo reconheceu a entidade como uma “organização de utilidade pública sem fins lucrativos”. Anos mais tarde, a ABNT viria a ser reconhecida internacionalmente, equiparando-se a outras organizações similares, como a Organização Internacional de Normalização (ISO), a. Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas (Copant) e a Associação Mercosul de Normalização (AMN).
O que se convém chamar de “normas da ABNT” são, em essência, um conjunto de regras técnicas que envolvem a disposição de documentos acadêmicos, com o objetivo de padronizar estudos e análises dentro de um formato reconhecido e obedecido em todas as esferas de ensino.
Hoje, ela é bem mais conhecida pelo seu peso dentro de trabalhos universitários.
Obrigatoriamente, trabalhos acadêmicos devem ser produzidos em folha tamanho A4 – o mesmo tamanho de uma folha comum de papel sulfite.
As regras previstas pela ABNT são bastante aprofundadas, chegando em partes que, normalmente, outras redações tendem a ignorar. Neste caso, a organização prevê até uma fonte, tamanho e cor de texto certas – especificamente, são aceitos trabalhos redigidos em Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e cor preta.
As normas acima também se aplicam à capa do trabalho. Pois é, nada de grafismos ou um design super intricado e trabalhado: a ABNT rege pela simplicidade de apresentação, e qualquer formato que fuja à simples descrição do trabalho acadêmico reduz a pontuação do material.
Então, reiterando: fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e cor preta, com margens de 3 centímetros (cm) nas áreas superior e esquerda, e 2 cm nas áreas inferior e direita.
Falando em margens, os parâmetros acima – 3 cm de superior e esquerda; 2 cm de inferior e direita – também devem ser obedecidos ao longo de todo o trabalho, desde a capa, passando pelo conteúdo e sem esquecer da finalização.
Obrigatoriamente, termos em outras línguas devem ser traduzidos, mas isso não é tudo: a ABNT rege que os chamados “estrangeirismos” sejam apresentados de uma forma específica. O termo em questão deve ser escrito em formato itálico e entre aspas, com a tradução em texto normal, também entre aspas, dentro de dois parênteses. Por exemplo: "Libertas quae sera tamen"("Liberdade ainda que tardia").
Isso, claro, sem fugir das outras regras acima, sobre fontes e tamanhos e cores.
Esta é uma das partes que causam confusão a candidatos e autores, simplesmente porque “alinhamento” pode ser conhecido como “ajuste” em algumas aplicações de edição de texto. Apenas para deixar claro, estamos nos referindo à forma como o texto “se ajeita” na folha.
Normalmente, editores de texto como o Microsoft Word ou o Google Docs trabalham com quatro formatos distintos: alinhamento à esquerda, à direita, ao centro e, finalmente, alinhamento justificado. Este último é o que deve ser aplicado a trabalhos acadêmicos conforme regem as normas da ABNT.
Ironicamente, muitas empresas de comunicação passaram a adotar o alinhamento justificado como padrão de redação, mesmo que elas não sejam obrigadas a isso.
O espaçamento tem uma amplitude de regras um pouco maior que aquelas que você leu acima. De uma forma geral, a ABNT exige “1,5” como distanciamento entre as linhas da redação técnica e entre parágrafos. Normalmente, isso já é suficiente. Entretanto, há situações específicas em que outros detalhes também devem ser observados:
Agora que você já entendeu a importância das normas da ABNT, vamos mostrar como aplicá-las de maneira prática. Para isso, usaremos de exemplo os dois apps de edição de texto mais populares: o Word (Microsoft) e o Docs (Google).
Aprenda a configurar margem pelo Word ou Google Docs:
A primeira coisa a ser feita é pressionar, simultaneamente, as teclas CTRL e T do seu teclado. Isso fará com que todo o texto seja selecionado para formatação. Se você não fizer isso, apenas parte do material será configurado, gerando mais trabalho.
Depois disso, basta…
O processo no Docs é relativamente parecido com o que você fez no Word, embora caibam algumas ressalvas. Lembre-se que o editor do Google é um aplicativo que roda na nuvem, então requer conexão constante com a internet. Com isso em mente, selecione todo o texto pelo comando “CTRL+A” (o “T”, aqui, tem outra função).
Em seguida, basta…
O nome “NBR 14724” é apenas uma forma resumida de se referir ao conjunto de regras específicas para formatação de trabalhos acadêmicos: teses, dissertações, ensaios e toda a sorte de pesquisas científicas estão sob esta diretriz.
E como todo conjunto de regras bem aprofundado, a NBR 14724 também engloba especificidades na confecção da capa do seu trabalho. Felizmente, elas são bem simples de serem seguidas. Toda capa deste tipo de documento tem que ter:
Há ainda a inserção do nome da instituição antes do autor. Vale citar, no entanto, que por mais que esta seja uma atribuição opcional, a maioria das instituições acadêmicas valoriza a menção direta, então, na dúvida, use isso também.
Como fazer folha de rosto no padrão da ABNT
A folha de rosto – ou “contracapa”, como já mencionamos – serve para aprofundar um pouco o tema proposto pelo título na capa do trabalho. Essencialmente, ela contém um resumo bastante breve do tema tratado, além do motivo pelo qual ele foi abordado, entre outras diretrizes. E sim, também é uma parte obrigatória.
Uma folha de rosto corretamente criada tem praticamente os mesmos itens da capa, salvo por um adicional: um breve (bem breve!) resumo sobre o que é o trabalho, o objetivo por trás dele (graduação em determinado curso, certificação para mestrado, doutorado etc.) e nome do orientador (e co-orientador, se houver).
Vale lembrar que, em casos de certificação de mestrado, doutorado e afins, o resumo deve falar sobre “Tese”, não “Dissertação” ou similares.
As edições mais recentes do Word (e do Docs, que é constantemente atualizado devido à sua natureza online) contam com funções facilitadoras para a inserção de sumários. Bom para estudantes universitários, que antigamente tinham que cuidar dessa parte “na mão”, inscrevendo linha por linha.
Para usar esta função no Word, basta posicionar o cursor do mouse na área onde você deseja inserir o sumário (lembre-se de sempre obedecer às normas da ABNT: quando o assunto é “formatação”, não é você quem decide) e acessar a opção “Referências”, seguida de “Sumário”.
Automaticamente, o Word vai criar um sumário devidamente numerado, com base nos títulos e marcações de página de todo o documento. Felizmente, esse texto é editável, então se você revisar e ver que algo saiu errado, basta corrigir o problema manualmente.
No Google Docs, o processo é tão simples quanto no Word: com o documento aberto no app, posicione o cursor do mouse onde você deseja inserir o sumário e, em seguida, clique na opção “Inserir” e, ao final do menu, “Sumário”, selecionando uma das três opções disponíveis.
Tão importante quanto o sumário, é a numeração de páginas, já que ambos conversam entre si: um sumário com marcações de páginas diferentes do que se vê nas páginas em si pode reduzir amplamente a nota do seu trabalho acadêmico em qualquer banca de avaliação. Felizmente, as soluções digitais também contam com funções automatizadas que cuidam da maior parte deste trabalho para você.
No Word, com o documento aberto no app, abra a opção “Inserir” no menu superior. Depois, busque pela opção “Número de Página” e pronto – todo o documento agora conta com páginas marcadas. Vale lembrar que, embora o Word ofereça diversos layouts de formatação, você sempre deve priorizar aquela que obedece à ABNT – então leve as marcações ao canto superior direito do documento.
Vale citar que, tal qual o sumário, as marcações de página também são editáveis, caso você precise corrigir algum erro.
No Docs, o processo é mais simples: com o documento aberto, vá em “Inserir”, seguido de “Número de Páginas” e escolha o layout correspondente. Mais além, em “Opções”, você pode determinar o início de contagem das páginas e formato de cabeçalho, por exemplo.
As citações são uma parte essencial dos documentos acadêmicos, pois validam as afirmações feitas em seu estudo por meio de outros artigos, publicados e aceitos pela ciência anteriormente. Assim, você ajusta seus argumentos dentro de uma base sólida e de difícil refutação.
Entretanto, apesar da facilidade de usá-las, existem diversos tipos de citação e apenas algumas delas obedecem às regências da ABNT. São elas:
A primeira, e mais comum, é a citação indireta, também conhecida como “paráfrase”. Essencialmente, ela é usada para incorporar ideias de um texto original anterior, mas descrito com suas palavras. Neste ponto, é importante que você modere o seu discurso a fim de evitar que a ideia original se perca no seu trabalho.
A inserção da paráfrase é feita de forma manual, então não importa por qual app de edição você está escrevendo, ela sempre deve citar a fonte original, preferencialmente antes da paráfrase em si para fins de contextualização.
Há também casos onde a paráfrase antecede ao crédito, desta forma: “paráfrase (EXAME, 2014)”.
A citação direta, ao contrário da anterior, refere-se a quando, no seu texto, você usa as palavras de um autor anterior na íntegra, sem alterar nenhuma parte de seu conteúdo. Isso vale também para ênfases oferecidas no texto original – se o autor usou o negrito em seu texto, você deverá respeitar o mesmo negrito em sua citação.
Citações diretas normalmente aparecem da seguinte forma em um documento:
Há ainda a citação direta curta, as quais você usa ao longo do texto (similar à citação indireta), mas empregando o uso das aspas (“”), enfatizando que aquele discurso é um objeto original, não uma interpretação.
No sentido contrário, a citação direta longa refere-se a menções integrais de trabalhos anteriores que contenham a partir de quatro linhas. Neste caso, é preciso formata-las de uma forma específica:
Vale citar, porém, que o excesso de citações diretas longas pode ser entendido por avaliadores como “cópia”. O trabalho acadêmico é sobre a “sua” pesquisa, lembre-se sempre!
Finalmente, temos a “citação da citação” – ou, em termos acadêmicos, apud. Em termos resumidos, o apud é aplicado quando a citação que você vai mencionar já foi utilizada em um trabalho anterior. Normalmente, ele é aplicado ao longo do texto, e o uso da palavra “apud” pode ser feito em negrito no meio da frase, ou então entre parênteses, em formatação comum, ao final do material.
Como dissemos, os principais apps de edição de texto contam com funções de inserção automática para citações. Evidentemente, tudo o que o programa insere, você pode e deve revisar e, se for o caso, editar para evitar erros. Mas o caminho até esse recurso é bem simples.
No Word, segundo a página de suporte da própria Microsoft, você deve:
Já no Docs, conforme indicado pelo próprio Google, o processo é mais simples, e você deve:
No caso do Docs, vale ressaltar que um sinal de sustenido (“#”) significa que aquela parte da citação necessita de uma indicação mais precisa – número da página, endereço de site da internet etc. – então atenção a este detalhe.
Assim como as citações, a bibliografia é uma das peças mais importantes de um trabalho acadêmico. Considere que ela é quem dá todo o embasamento científico à sua dissertação ou tese, fortalecendo a sua interpretação única sobre aquele assunto.Sem ela, basicamente, o seu trabalho vira um “diz que me diz”, na expressão popular.
E como não poderia deixar de ser, a ABNT tem regras bastante específicas para o uso de referências bibliográficas, variando desde formatação até a forma de apresentá-las de acordo com a sua mídia de origem.
As obras impressas em livros têm versões distintas de menção em um trabalho acadêmico, conforme o seu volume. Veja abaixo a formatação correta de cada um:
Ainda na mídia impressa, mas fora dos livros mais longos, há também as citações a matérias jornalísticas, colunas e outros artigos opinativos veiculados em jornais e revistas. Estes trazem uma formatação específica:
O advento da internet fez com que a ABNT revisasse seu conjunto de regras, criando diretrizes específicas para as fontes tiradas do universo mundialmente conectado. Assim sendo, temos diversas formas de fazermos referências a materiais tirados da internet, dependendo do contexto:
Até mesmo as citações a leis obedecem a regras específicas de menção, tais como: