Tecnologia

Drones e balões aerostáticos: vale tudo para acessar a internet

Os gigantes da tecnologia competem em imaginação para tentar levar a internet às regiões mais remotas do planeta

drone (AFP)

drone (AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2014 às 17h57.

Balões aerostáticos, aviões não-tripulados (conhecidos como drones), laser... Os gigantes da tecnologia competem em imaginação para tentar levar a internet às regiões mais remotas do planeta.

O grupo Google acaba de comprar a Titan Aerospace, uma empresa americana com cerca de 20 funcionários que desenvolveram protótipos de drones solares capazes de manter a altitude durante cinco anos, assim como os satélites.

"Os satélites atmosféricos poderiam ajudar a proporcionar acesso à internet a milhões de pessoas", disse um porta-voz do Google consultado sobre as razões desta aquisição.

A ideia de transformar aparelhos voadores em repetidores de internet para áreas remotas não é totalmente nova para o Google. A empresa já tem um projeto deste tipo, chamado "Loon", com balões aerostáticos.

Segundo o site na web dedicado ao "Loon", a ideia seria criar "uma rede de balões" na estratosfera, localizada acima da faixa dos voos de companhias aéreas comerciais e dos problemas meteorológicos. Os balões seriam usados como repetidores na rede mundial de computadores e as estruturas, equipadas com uma antena específica.

Os testes começaram em junho de 2013 na Nova Zelândia e um dos balões concluiu, no começo de abril, uma volta ao mundo que levou 22 dias.

O Google espera ter balões suficientemente resistentes para voar durante 100 dias, com deslocamentos gerados por algoritmos informáticos. "Os balões apresentam alguns problemas científicos realmente difíceis", admite o site.

A análise parece ser compartilhada pelo Facebook, que participa com outras empresas de tecnologia, como Samsung, Nokia, Ericsson e Qualcomm, da iniciativa "internet.org", que visa a melhorar o acesso à internet nas regiões menos desenvolvidas.

O Facebook criou, no fim de março, um equipamento especial, o "Conectivity Lab", que reúne principalmente especialistas da Nasa e os cinco trabalhadores da fabricante britânica de aviões solares Ascenta.

Muito experimental – Em um documento que faz um balanço das pesquisas realizadas para "conectar o mundo a partir do céu", o presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, mencionou os drones como "uma das principais áreas" de estudo.

"Os drones têm mais resistência do que os balões aeroestáticos e é possível controlar melhor sua localização. E, diferentemente dos satélites, os drones não queimam na atmosfera quando sua missão terminou. Ao invés disso, podem facilmente voltar à Terra para receber manutenção e ser novamente lançados", explicou.

Outro método proposto é o laser para conectar satélites ou outros aparelhos voadores. Ele tem a vantagem de acelerar a velocidade de conexão, mas orientar seus raios ópticos equivale a "esperar ver, da Califórnia, a Estátua da Liberdade", afirmou Zuckerberg.

Essas ideias originais podem se concretizar? Os especialistas parecem céticos.

"Tudo isto é muito interessante, mas a tecnologia não foi testada ainda", informou à AFP Roger Kay, analista da Endpoint Technologies.

"As pessoas têm trabalhando com isto durante anos e não se chegou a nenhuma parte", disse Jack Gold, presidente da empresa de pesquisas J. Gold Associates.

"Não acho que seja rentável para empresas como o Google ou qualquer outra manter instalados milhares de drones só para dar às pessoas acesso" à internet, acrescentou.

Ele afirmou que o Google "tem os meios" para "fazer todo tipo de experiências", mas provavelmente isto não seja "uma forma séria para eles de disponibilizar internet".

Em termos de conexão à web, o Google também tem outro projeto, menos sonhador, de uma rede de altíssima velocidade usando fibra óptica em algumas cidades dos Estados Unidos. Segundo uma fonte ligada ao projeto, os equipamentos da Titan deveriam cooperar com projetos como Loon, mas também com outras pessoas que trabalham em projetos muito mais concretos, como o serviço de mapas Google Maps.

Roger Kay afirma que se trata de uma "ação defensiva" perante o Facebook ou inclusive algum outro ator da internet, a Amazon, cujo presidente, Jeff Bezos, falou há dois meses sobre um projeto de usar drones para fazer entregas.

O Google "não quer ficar em desvantagem se este for um bom nicho", disse o analista, "mas também é possível que isto nunca dê frutos".

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