Dia dos Solteiros: Alibaba fatura "dois Magalu" em poucos dias
No Dia do Solteiro, a "Black Friday" chinesa, a gigante Alibaba vendeu 56 bilhões de dólares em poucos dias
Carolina Riveira
Publicado em 11 de novembro de 2020 às 09h46.
Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 11h36.
A semana traz mais um "Dia dos Solteiros" de sucesso para a companhia chinesa Alibaba . De acordo com a companhia, os pedidos feitos pelo e-commerce da empresa excederam 56 bilhões de dólares na manhã desta quarta-feira, 11, mesmo em meio à pandemia do coronavírus. Cerca de 16 milhões de produtos estavam com descontos -- uma receita que indica um sucesso certo.
Os 56 bilhões de dólares faturados em poucos dias (ou 372,3 bilhões de iuanes) representam um aumento de cerca de 20% em relação aos 268,4 bilhões de iuanes da data no ano passado.
São números astronômicos. O Dia do Solteiro só nas contas da Alibaba rendeu 10 vezes mais que as vendas brutas do Magalu em 2020 (até setembro), 15 vezes as da B2W e 5 vezes as do Mercado Livre.
O total levado em conta pela empresa chinesa inclui os primeiros 30 minutos do evento na China na madrugada desta quarta-feira, bem como os dias anteriores à data oficial. Neste ano, a Alibaba e as varejistas chinesas ampliaram o evento para entre 1º de novembro e 11 de novembro.
“O Dia dos Solteiros cresce anualmente e é há anos a data de maior venda no mundo todo”, diz In Hsieh, fundador da consultoria Chinnovation. “Todo ano acontecem vários lançamentos de tecnologias e produtos, diferentemente do que ocorre no Brasil onde não se lança nada no Black Friday. Além obviamente da pandemia, o impacto nos negócios nos últimos meses torna a data ainda mais importante.”
Em nove meses deste ano, o Magalu vendeu 29 bilhões de reais (ou pouco mais de 5 bilhões de dólares), um recorde para o período em meio ao coronavírus e mais do que o vendido em todo o ano de 2019.
A B2W vendeu 18,54 bilhões de reais (ou mais de 3,4 bilhões de dólares). O Mercado Livre também vendeu em todos os países em que opera na América Latina o total de 14,4 bilhões de dólares no mesmo período, de janeiro a setembro.
Mesmo na comparação com a gigante americana Amazon, o Dia dos Solteiros tem números impressionantes. A Amazon não revela seu volume bruto de vendas (o chamado GMV), mas estimativas apontam para mais de 160 bilhões de dólares, sem contar este ano de 2020 em meio ao coronavírus, que deve fechar com volume ainda maior.
Assim, a Alibaba vende no Dia do Solteiro pouco mais de um quarto de tudo que a Amazon vende em um ano.
No valor das empresas na bolsa, o Dia do Solteiro equivale a quase "dois Magazine Luiza", que é uma das maiores empresas brasileiras na bolsa e que tem um valor de mercado de 163,5 bilhões de reais (ou cerca de 30 bilhões de dólares).
O Dia dos Solteiros da Alibaba poderia ser ainda "sete B2W", com a varejista brasileira ( que também participa do Dia dos Solteiros hoje ) valendo 41,6 bilhões de reais ou quase 8 bilhões de dólares.
Também é quase um Mercado Livre inteiro, que vale 60,95 bilhões de dólares e é a maior varejista da América Latina.
As comparações, é claro, não são totalmente precisas. Fatores como a transição do dólar e do iuane para o real (seguindo a cotação desta terça-feira, 10), o tamanho dos mercados e o diferente perfil das empresas tornam quase impossível comparar a Alibaba às varejistas brasileiras ou no resto do mundo.
Ainda assim, os números dão parte da dimensão da data de vendas chinesa, que bate recorde ano após ano -- com ou sem crise do coronavírus.
No ano passado, a data teve um saldo de vendas equivalente a "duas Black Fridays" dos Estados Unidos, mais de 38 bilhões de dólares.
A data é celebrada hoje em razão de uma brincadeira com os quatro números 1 do dia 11 de novembro (11º mês do ano) e é mais voltada a presentes para si próprio do que para amigos e parentes, como acontece com o Natal. O Dia dos Solteiros era inicialmente comemorado em universidades e funcionava como uma resposta dos solteiros ao Dia dos Namorados. Desde 2009, ele é promovido como uma data de comemorativa de compras.
Por aqui, a empresa adaptou seu e-commerce para a realidade do brasileiro neste ano e, desde março, passou a aceitar pagamentos com cartões de crédito nacionais, bem como parcelamento em até seis vezes sem juros para compras com valor superior a 10 dólares. De lá para cá, o método de pagamento tornou-se o mais popular no Aliexpress entre brasileiros.
Yan Di, ex-Baidu e atual diretor geral do AliExpress no Brasil, afirmou, em outubro, que o Brasil está entre os cinco maiores mercados da companhia no mundo e que as adaptações para fortalecer a presença no país causaram alta de 40% nas vendas de diversas categorias de produtos ligados ao dia a dia.
Para atender aos brasileiros e cumprir a promessa, feita no ano passado, de tornar o Dia do Solteiro maior do que a Black Friday, o Aliexpress passou a fretar três voos semanais que trazem encomendas para o Brasil. Com isso, os produtos comprados na China chegam às mãos dos compradores brasileiros em até 30 dias.
E, se esse é só o começo, o dia da Alibaba promete.