Tecnologia

Designer conta como é trabalhar com Steve Jobs

Hartmut Esslinger, que criou o visual de um dos primeiros Macintosh, fala da sua experiência na Apple com Steve Jobs

Hartmut Esslinger desenhou um dos primeiros computadores da série Macintosh, da Apple (Divulgação)

Hartmut Esslinger desenhou um dos primeiros computadores da série Macintosh, da Apple (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2011 às 00h50.

São Paulo — O designer alemão Hartmut Esslinger, que criou o visual de um dos primeiros computadores Macintosh, trabalhou diretamente com Steve Jobs ao longo dos anos 80. Em visita a São Paulo, Esslinger conversou com a INFO sobre como foi o período em que lidou diretamente com o guru da Apple, falou sobre a obsessão de Jobs pelo melhor design e sua fama de perfeccionista.

Esslinger diz que os desktops desaparecerão do mercado nos próximos anos e prevê computadores que interpretem gestos e tons de voz. “Quando Jobs me chamou para discutir a criação de um novo Mac, disse que queria simplesmente o melhor design do mundo”, comenta Esslinger. O computador chegou às lojas em 1984 e foi comercializado durante quatro anos.

“Lidei diretamente com Steve Jobs. Ele é uma pessoa agradável, de fácil relacionamento, mas quer que tudo seja perfeito”, conta. Para Esslinger, o ex-CEO da Apple não faz concessões na criação de seus produtos e mantém o foco em desenvolver gadgets premium, com hardware, software e design de ponta. O designer, que fundou a empresa Frog Design em 1969, comanda, hoje, uma agência de desenho com 1.600 funcionários que possui escritórios em 15 cidades. Sua empresa atende companhias como Motorola, HP, Disney, Sony, Louis Vuitton, Intel, Microsoft e Qualcomm.

Esslinger avalia que a excelência da Apple em design não é fruto apenas da liderança de Jobs, mas também de uma opção estratégica da companhia em investir pesado em desenho. “Para alcançar o nível de sofisticação dos produtos da Apple, é necessário gastar muito dinheiro, contratar os profissionais mais qualificados e saber gerenciar grandes equipes ao longo dos projetos”, diz.

O criador alemão diz, ainda, que a Apple abriu vantagem sobre seus concorrentes no mercado não só por inovar, mas também por contar com tropeços dos competidores. “Veja só o caso da HP. Há dois meses, Eric Cador, chefe da HP na Europa, disse que o tablet TouchPad bateria as vendas do iPad. Nesta semana, menos de dois meses depois do lançamento, a empresa descontinuou a venda do tablet”, diz.

Não à pornografia

Alinhado com a Apple, o designer defende a estratégia de controle da companhia sobre o mercado de aplicativos. “Algumas pessoas reclamam, por exemplo, que a empresa não permite pornografia em seus apps vendidos no iTunes. Mas há muitas pessoas que também não querem isso. Eu gosto de plataformas abertas, mas concordo em ter controle sobre alguns conteúdos”.

O designer acredita que, nos próximos anos, o cenário tecnológico contará com produtos mais familiares, aparelhos que reconheçam gestos e captem mudanças no tom de voz.

“Em dez anos não teremos mais desktops. Eles estão morrendo. A tendência é tornar os computadores mais próximos de nós, dentro de nós. É só acompanhar as mudanças dos computadores desde sua existência. O mais incrível nisso tudo é poder criar máquinas que ajudam a desenvolver outras máquinas ainda melhores”, diz.

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