Como monitorar a sua internet e checar se há neutralidade de rede
Veja apps e programas que ajudam a verificar o cumprimento do princípio de isonomia no tratamento de dados de internet
Lucas Agrela
Publicado em 15 de julho de 2018 às 05h55.
Última atualização em 15 de julho de 2018 às 05h55.
São Paulo – Com poucas iniciativas de transparência por parte das operadoras, a neutralidade da rede é difícil de ser monitorada sem o auxílio de programas de computador e aplicativos de terceiros. Em tese, os serviços de internet devem tratar de forma igual os pacotes de dados que trocamos com a rede quando usamos o WhatsApp , assistimos a um vídeo na Netflix ou navegamos em sites.
Algumas opções para realizar o monitoramento da sua rede de internet seriam softwares como Neubot e Glasnost para computadores. No smartphone, o aplicativo Wehe, para Android e iPhone, roda em segundo plano enquanto avalia a performance da internet em diferentes atividades durante o uso de aplicativos como Netflix, Spotify e YouTube, que, eventualmente, podem ser vítimas de diferenciação de velocidade devido ao volume de dados que consomem.
Soluções de medição de velocidade de internet, se compiladas ao longo de um longo período e com amostras de diferentes aparelhos, também podem funcionar como método de aferição de neutralidade de rede. Para isso, é possível usar sites e apps como o Speedtest.net, OpenSignal, o Netflix Fast e o YouTube Video Quality.
O recomendável para aferir a qualidade do serviço prestado pela operadora de internet da sua casa ou empresa seria usar vários dispositivos conectados à rede para fazer medições regulares em um período de tempo abrangente, desse modo, eliminando problemas eventuais ocasionados por medições ocasionais, nos quais a ineficiência de um aparelho em determinadas atividades pode afetar os resultados.
Autor do livro "Neutralidade da Rede – A regulação da arquitetura da internet no Brasil" (Editora IASP), Pedro Henrique Soares Ramos afirma, em entrevista a EXAME, que órgãos de defesa do consumidor não avaliam a neutralidade da rede no país. "Temos poucos casos de fiscalização, pouco monitoramento e isso gera o problema de aplicação das regras", declara Ramos.
O especialista conta que, além de restrições de velocidade e tratamento diferenciado de pacotes de dados de internet por parte das operadoras, outro fator que dificulta ainda mais a análise da neutralidade são restrições aplicadas por engenheiros de tráfego em empresas que fornecem serviços online.
Por ora, a solução para os consumidores é ficar de olho, por conta própria, na velocidade de internet, apesar de as operadoras garantirem cumprir as exigências previstas na legislação brasileira.