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Brasileiro pede sigilo de dados apreendidos em Londres

Brasília - O brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista que divulgou os documentos vazados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden sobre a espionagem dos Estados...

David Miranda (Reprodução)

David Miranda (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.

Brasília - O brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista que divulgou os documentos vazados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden sobre a espionagem dos Estados Unidos e que no domingo foi retido pela polícia em Londres, apresentou nesta terça-feira um recurso na Justiça para que seja respeitado o sigilo de seus arquivos digitais.

A medida foi solicitada perante um tribunal de Londres, explicou o jornalista americano Glenn Greenwald, companheiro de Miranda e colunista do jornal inglês "The Guardian", em declarações citadas pela "Agência Brasil".

O brasileiro quer impedir que o governo britânico acesse os arquivos digitais que estão em um computador pessoal, em um telefone celular e em várias memórias que a polícia de Londres lhe expropriou.

"Estou fazendo o pedido (na Justiça) para dizer que o que fizeram com David foi contra a lei, para proibir que eles usem o material que tomaram, dizer que eles não podem dividir isso com ninguém, nem com os Estados Unidos, e que devolvam tudo imediatamente", segundo Greenwald.

Greenwald tinha assegurado em anteriores declarações que tem cópia de todos os documentos que seu companheiro carregava. O jornalista afirmou que seus advogados entraram com o pedido judicial nesta terça-feira e que amanhã pedirão que ele seja atendido com urgência.

Miranda foi retido no aeroporto de Heathrow, na capital britânica, por seis agentes durante quase nove horas, perto do máximo permitido pela legislação antiterrorista do Reino Unido sem necessidade de apresentação de acusações, e afirmou que teve expropriados vários dispositivos eletrônicos, como seu computador, celulares e memórias.

O brasileiro fazia uma escala em Londres quando retornava ao Rio de Janeiro vindo de Berlim, onde tinha visitado a documentarista Laura Poitras, que trabalha com Greenwald e outros jornalistas na análise dos documentos entregues por Snowden sobre a espionagem eletrônica e telefônica dos Estados Unidos no mundo todo.

A retenção, que Londres justificou devido ao brasileiro supostamente levar "informações roubadas" que podem ser utilizadas por terroristas, foi interpretada por Greenwald e pelo "The Guardian" como uma tentativa de intimidação para que cessem as publicações.

"Para mim é muito claro que o que eles fizeram foi totalmente contra a lei. Com a lei, eles podem investigar se alguém é envolvido com organização terrorista, mas em momento algum perguntaram sobre isso ao David. Foram perguntas só sobre mim, sobre Laura (documentarista Laura Poitras) e sobre o The Guardian", afirmou o jornalista.

O incidente gerou um mal-estar nas relações diplomáticas entre Brasil e Reino Unido. O Itamaraty inicialmente convocou o embaixador britânico em Brasília para consultas e manifestar sua "grave preocupação" pelo incidente, e depois o próprio ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, falou por telefone com seu colega britânico para cobrar explicações. EFE

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