5G: Brasil não deve ceder as pressões americanas contra a chinesa Huawei para a implementação da tecnologia no País (MARK GARLICK/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 9 de janeiro de 2020 às 19h44.
Última atualização em 9 de janeiro de 2020 às 19h50.
São Paulo – O Brasil não aceitará pressões dos Estados Unidos para restringir a participação da chinesa Huawei no leilão de 5G, segundo Marcos Pontes, ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, a quem o presidente Jair Bolsonaro delegou a função de definir os critérios para construir a rede móvel de quinta geração.
“Um bom parceiro sempre entende as necessidades do outro”, disse em entrevista em seu gabinete. “Da mesma forma que o Brasil não fez pleito aos EUA sobre quais negócios fazer com a China e como isso afeta ou não nossa agricultura.”
Pontes afirmou que não existe veto a nenhuma empresa e que a escolha será absolutamente técnica. “Com critérios técnicos, dificilmente alguma dessas grandes empresas não teria condições de participar.”
Já postergado para o segundo semestre de 2020, o leilão poderá ficar somente para 2021, segundo Pontes. Há um problema técnico de interferência do 5G na frequência das antenas parabólicas que transmitem sinal de TV via satélite. Duas alternativas estão em estudo: colocar filtros nas parabólicas ou mudar o sistema de transmissão para a banda Ku.
Apesar dos contratempos, Pontes diz preferir ir com calma. O atraso, na visão dele, favorece o Brasil a aprender com erros e acertos de outros países que já implementaram o novo sistema, e também a fortalecer a segurança cibernética interna.
Com a aproximação entre o governo Bolsonaro e o presidente Donald Trump, Pontes disse que o Brasil só tem a ganhar na área de ciência e tecnologia. Ele vem negociando com o governo americano cooperação em inteligência artificial, biotecnologia, cidades inteligentes e materiais avançados. Há conversas também com a China. “A Ciência e Tecnologia funciona como um ótimo elemento de diplomacia.”
O ministro, que é o primeiro e único astronauta brasileiro, afirmou que o investimento em ciência e tecnologia no Brasil é ainda muito baixo, o que justifica política de incentivos fiscais a empresas, mesmo que o ministro da Economia, Paulo Guedes, queira limitar ao máximo subsídios setoriais. Pontes justifica: “Israel aplica 4% do PIB na área. O Brasil aplica 1,1% do PIB”.