Alertas de tsunami disparam em todo o Pacífico após terremoto
Reforçado depois do tsunami que sacudiu o Oceano Índico em 2004, o sistema internacional de alerta sobre maremotos entrou em ação novamente após o terremoto no Japão
Maurício Grego
Publicado em 11 de março de 2011 às 12h05.
São Paulo — Logo depois do violento terremoto que sacudiu o Japão, sirenes começaram a tocar em várias cidades litorâneas do Pacífico, avisando à população que um maremoto estava a caminho. Nas ilhas havaianas Hilo e Haleiwa, por exemplo, o alarme foi disparado por volta das 22 horas (5 horas no Brasil). Nessas duas ilhas, 30 mil pessoas vivem em áreas que podem ser inundadas por tsunamis. Numa situação de emergência como essa, quem estiver na zona de risco deve fugir imediatamente para algum lugar alto ou distante da orla marítima.
Os sistemas de alerta contra maremotos de vários países foram reforçados depois do grande tsunami que sacudiu o oceano Índico em dezembro de 2004, matando 200 mil pessoas em países como Sri Lanka, Índia e Indonésia. Esses sistemas se baseiam no fato de que as ondas gigantes do tsunami viajam a uma velocidade entre 500 e 1.000 quilômetros por hora. Isso significa que elas podem demorar algumas horas para atingir uma cidade distante.
Já as ondas de choque do terremoto deslocam-se, tipicamente, a 14.400 quilômetros por hora. Quando há um grande abalo, como o que atingiu o Japão, os sismógrafos do mundo inteiro dão o alerta em minutos. Assim, ao menos na teoria, sobra um intervalo para evacuar a população. Obviamente, isso não vale para lugares muito próximos do epicentro do terremoto. Neles, a chegada do tsunami é rápida demais para permitir uma evacuação. Foi o que aconteceu no Japão, onde o tsunami teve efeito devastador.
O problema dos alertas emitidos pelos sismógrafos é que um terremoto raras vezes é sinônimo de tsunami. Se as sirenes fossem disparadas cada vez que um abalo sísmico é detectado, a população rapidamente deixaria de reagir a elas. A sucessão de alarmes falsos acabaria abalando a confiança no sistema. Para evitar isso, um sistema bastante mais complexo é empregado.
Rede mundial
Para saber se um abalo sísmico vai mesmo provocar um tsunami, que áreas serão atingidas e com que intensidade, um sistema de alcance internacional é necessário. Ele inclui estações de monitoração em regiões costeiras e também detectores oceânicos montados em boias. Os Estados Unidos possuem 39 dessas boias, conhecidas pela sigla Dart (Deep-ocean Assessment and Reporting of Tsunamis). Outras são operadas por países como Austrália, Chile, Indonésia e Tailândia.
Cada boia funciona ligada, por um cabo, a um sensor instalado no fundo do mar. O sensor detecta variações na pressão da água, que são transmitidas à superfície. De lá, os dados seguem, via satélite, para centros de monitoração em cada um dos países. Em condições normais, as boias transmitem dados a cada 15 minutos. Quando um grande abalo é detectado, como acontece agora, elas passam a operar em modo de emergência, transmitindo dados a cada minuto, até que a situação se normalize.
Como o sistema abrange vários países, há uma rede de troca de dados entre eles. Nos Estados Unidos, o órgão responsável pela operação é a National Oceanic and Atmospheric Administration (Noaa), que também faz previsão do tempo e emite alertas sobre furacões e outros eventos climáticos. Os dados captados pelas estações de monitoração são processados por computadores para que uma previsão de tsunami seja gerada.
No caso do terremoto no Japão, a previsão da Noaa para o Havaí era que o Tsunami chegaria na forma de uma onda com dois metros de altura além do nível normal do mar. Dois metros podem parecer pouco, mas basta imaginar essa onda viajando a 1.000 quilômetros por hora – a velocidade de um avião a jato – para ter uma ideia do estrago que ela pode causar.
Segundo o modelo de previsão da Noaa, o nível do mar subiria cerca de dois metros e permaneceria assim por cerca de 15 minutos. A água, então, começaria a baixar. Mas outras ondas, produzidas por tremores secundários, poderiam vir em seguida. O alerta de emergência emitido ontem abrange praticamente todo o Pacífico, desde o Chile até a Indonésia. Pelo menos até 12h de hoje (hora de São Paulo), ele continuava em vigor.
Aviso no celular
Para quem vai viajar para uma cidade litorânea do oceano Índico ou do Pacífico, a empresa alemã A3M oferece um serviço de alerta sobre tsunami por SMS. Quando há risco significativo de maremoto, três torpedos com avisos são enviados em sequência ao assinante. A A3M diz que o sistema funciona em qualquer lugar do mundo onde exista rede celular GSM. A assinatura custa 9,95 euros por um mês ou 29,95 euros por um ano.