10 tecnologias que migraram da ficção para a realidade
De invisibilidade a teletransporte, um apanhado do que veio das histórias para a vida real
Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2014 às 06h30.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h56.
Quando o assunto é tecnologia, realidade e ficção sempre foram duas esferas muito parecidas. Enquanto escritores, diretores de cinema e outros artistas se esforçavam para pensar novos recursos tecnológicos para seus personagens, cientistas faziam o mesmo pelas pessoas em seus laboratórios. O resultado inevitável é que muito do que era de mentirinha hoje já é realidade. A seguir, veja alguns casos desse tipo.
A capa de invisibilidade era um dos itens usados por Harry Potter em suas aventuras. Na vida real, a Hyperstealth desenvolveu algo parecido. "O Quantum Stealth é um material que torna o alvo completamente invisível, dobrando as ondas de luz ao seu redor", afirma a empresa em texto sobre a invenção. Criado para finalidades militares, o Quantum Stealth remove assinaturas visuais, térmicas e infravermelhas. Aprovado pelos exércitos americano e canadense, o material funciona sem a ajuda de espelho ou câmeras.
Nos anos 1970, a série O Homem Biônico foi sucesso no Brasil. Quarenta anos depois, a empresa londrina Shadow Robot apresentou no Instituto Smithsonian de Washington Franck, uma máquina que anda, fala e respira feito gente. Franck tem 1,83 de altura, 77 quilos e custou 1 milhão de dólares. Ele é fruto da reunião de 28 partes artificiais do corpo humano produzidas por diferentes empresas da área. Por meio de câmeras, ele "enxerga" e aparelhos permitem sua audição. Um coração de mentira bombeia o sangue. Porém, Franck não é ainda um homem completo. Faltam-lhe um cérebro e um fígado - além de um estômago, o que o impede de comer. Por último, mais uma curiosidade: Franck foi programado para se comportar como um menino ucraniano de 13 anos. Logo, seus próprios criadores advertem que ele pode não ser a "pessoa" mais agradável para se conversar.
Em várias cenas de "De volta para o Futuro 2", Marty McFly e outros personagens da trama surgem na tela com enormes óculos cheios de circuitos eletrônicos à mostra. O filme foi lançado em 1989 e 25 anos depois, a surpresa: quase estamos usando coisas parecidas com aquelas. Ainda em 2013, o Google lançou em fase de testes o Google Glass. O gadget permite a quem o veste acessar várias informações com o auxílio das mãos, dos olhos e de outras formas. A frase "Ok, Glass", que ativa os comandos de voz do aparelho, já virou um clássico da internet. Além do Google, outras empresas têm se dedicado a criar gadgets parecidos - como a Samsung. Mais do que óculos, há uma tendência na indústria da tecnologia voltada para o desenvolvimento dos wearables ou "gadgets para vestir", em tradução livre.
Na década de 1960, os brasileiros conheceram Rosie, a simpática e atrapalhada empregada doméstica eletrônica dos Jetsons. Cinquenta anos depois, ela parece cada vez mais perto da realidade - graças aos avanços da tecnologia. No fim do ano passado, uma exposição em Tóquio mostrou as novidades no setor. Na ocasião, a empresa Doog apresentou pequenos robôs com rodinhas capazes de carregar compras. Além deles, a empresa ainda criou uma espécie cozinheiro automático - inteligente o suficiente para separar o lixo ao fim de seu trabalho. Entre outras atrações, a feira contava ainda com um robô capaz de recolher peças de dominó numa esteira móvel e depois ordená-las dentro de uma caixa em alta velocidade - algo que seria enlouquecedor para qualquer humano.
Quando pensamos em ficção científica, Batman não é o primeiro personagem a vir à cabeça. Mas até o cavaleiro das trevas já antecipou tendências em suas aventuras. Um exemplo é um improvável repelente de tubarões - usado pelo herói num filme de 1966. Em 2012, mais de 45 anos depois, a BBC noticiava que a traquitana usada por Batman havia sido enfim desenvolvida por um químico americano. Numa viagem à Bermudas com a mulher em 2004, Eric Stroud ficou incomodado com as várias notícias de ataque de tubarões. De volta a Nova Jersey, o cientista começou a trabalhar em formas de combater o problema e descobriu que imãs repeliam os animais. A descoberta pode ajudar a preservar espécies de tubarão que estão em extinção e terminam sendo mortas por pescadores por acidente.
A "Máquina do Tempo" é um romance de ficção científica lançado em 1895. Ele foi escrito pelo senhor da foto ao lado, o escritor britânico de H.G.Wells. Em 2002, uma adaptação da história para o cinema incluiu na trama um holograma capaz de arquivar dados por até 800 mil anos. Parece até coisa de cinema, mas pasmem: não é. Há dois anos, a Hitachi anunciou um método de arquivamento de dados em quartzo resistente a altas temperaturas. Segundo a empresa, o suporte seria capaz de resistir a tudo (inclusive ao tempo) - conforme informou à época o site Phys.org.
Milhares de nerds ao redor do mundo têm um carinho especial por "Jornada nas estrelas", série de TV lançada nos EUA em 1966. Entre outras máquinas futuristas, capitão Spock e companhia contavam com um replicador. Muita gente deve ter se lembrado dele quando viu uma impressora 3D pela primeira vez - inclusive o engenheiros da Nasa. Isso porque a agência espacial americana planeja enviar neste ano uma máquina do tipo para a Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês) - segundo o jornal inglês The Telegraph. O objetivo é ter no local um aparelho que possa refazer peças danificadas da nave. Igualzinho acontecia na série de TV. É a vida imitando a arte.
O espião britânico James Bond sempre foi sinônimo de vanguarda em termos de gadget no mundo do cinema. Em 1997, quando quase ninguém podia prever a popularização de celulares, ele já contava com um aparelho que escaneava impressões digitais. Quem duvida pode assistir "007 - O Amanhã nunca morre", filme da série lançado naquele ano. Hoje, 17 anos depois, há rumores de que o iPhone 5S, próxima versão do smartphone topo de linha da Apple, possa contar com o recurso. Nada confirmado ainda. Porém, tudo já velho demais para 007.
O teletransporte é uma ficção presente em várias obras - como o filme A Mosca, de 1958. Quando se fala no assunto, sempre se pensa em transporte de pessoas. Entretanto, qualquer transmissão de matéria entre um ponto e o outro sem deslocamento no espaço é teletransporte conforme informa o MIT Technology Review. A definição consta em texto publicado na última semana pela publicação. Nele, o assunto é uma experiência bem-sucedida de teletransporte de dados realizada pela equipe do cientista suíço Felix Bussières, da Universidade de Genebra. O experimento de Bussières visa atender às demandas da próxima geração da internet, na qual a troca de informações não dependerá de fios e cabos como hoje.
Lançado em 1968, "2001 - Uma Odisseia no Espaço", do diretor Stanley Kubrick é um marco do cinema de ficção científica. Entre as diversas previsões acertadas do filme, está a exploração do espaço por empresas privadas. Na trama, um avião da Pan Am leva o doutor Heywood Floyd a uma estação espacial próxima à Terra após uma visita à Lua. Hoje, em vez da Pan Am, empresas como a Virgin Galactic poderiam (de fato) prestar o serviço. É certo que esse tipo de viagem ainda não sai barato. Atualmente, um passeio do tipo está avaliado em cerca de 600 mil reais. Mas, cada vez mais, o espaço é uma realidade mais próxima da vida humana. Na Holanda, um projeto que visa iniciar a colonização de Marte em 2025 já reúne cerca de 200 mil candidatos a pioneiros.