Escolhas: Entre os 70 bancos e corretoras do Tesouro Direto, procure as que têm bom atendimento e não cobram taxas de administração (denphumi/ Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 17 de maio de 2016 às 15h08.
Última atualização em 11 de julho de 2022 às 13h18.
Eleito por muitos especialistas como o investimento mais seguro do Brasil, o Tesouro Direto exige que você escolha uma instituição financeira habilitada a intermediar a compra dos títulos para fazer a aplicação. Mas como escolher entre os 70 bancos e corretoras autorizados a fazer o meio de campo entre o Tesouro Nacional e você?
Olhar a taxa de administração cobrada pela instituição pode ser um bom começo, segundo especialistas. Algumas taxas chegam a 2% ao ano, o que pode fazer você perder dinheiro, quanto maior o valor aplicado e o tempo de rendimento.
Porém, há algumas instituições que não cobram taxas de administração, restando ao investidor apenas a taxa de custódia, de 0,30% ao ano, que é cobrada em todas as operações do Tesouro Direto e é paga à BM&FBovespa pelos serviços de guarda dos títulos.
A lista das taxas de administração cobradas por cada banco e corretora pode ser consultada no site do Tesouro. Porém, as informações são enviadas pelas instituições e podem não estar atualizadas, como apurou EXAME.com.
Mas essas corretoras com taxa zero são confiáveis? Sim. Não há nenhuma pegadinha por trás, a isenção é apenas uma estratégia de marketing para atrair novos investidores, segundo o professor Fernando Lopreato, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “As taxas não significam muito. Todas essas empresas são bem controladas pela Bovespa”, explica.
O advogado Beto Veiga, especialista no sistema financeiro, concorda, e acrescenta que a taxa de administração é um ponto relevante porque se for alta pode abocanhar boa parte da rentabilidade do investimento.
Veiga também esclarece que é muito difícil prever o risco de fraude de uma determinada corretora. “Em tese, empresas mais tradicionais, com mais tempo no mercado, têm chances de apresentar menos riscos, mas nada garante”, explica.
Entre as corretoras que não cobram taxa de administração para investir nos títulos públicos está a Easynvest, que é também a instituição com maior número de transações registradas no Tesouro Direto, segundo ranking divulgado pelo Tesouro Nacional.
“Nosso objetivo é apresentar esse tipo de produto para o investidor iniciante, que procura alternativas fora dos bancos”, diz Amerson Magalhães, diretor da Easynvest.
Ele explica que o Tesouro Direto oferece a mesma segurança e liquidez (possibilidade de resgatar o dinheiro) que a poupança, mas apresenta uma rentabilidade muito superior.
O Tesouro Selic, por exemplo, que paga ao investidor a variação da taxa Selic durante o período do investimento, e é o título mais conservador do Tesouro, rendeu 14,01% nos últimos 12 meses (rentabilidade do Tesouro Selic com vencimento em 2017). Já a poupança rendeu apenas 8,33% no mesmo período, segundo dados do Banco Central.
Além da maior rentabilidade, outra vantagem do Tesouro Direto é a possibilidade de investir baixos valores, já que o aporte mínimo exigido é de apenas 30 reais.
Outra instituição que não cobra para investir no Tesouro é a Modalmais. “Não queremos penalizar os clientes que estão entrando no mundo de investimentos”, diz Rodrigo Puga, sócio responsável pelo Home Broker Modalmais.
Ele afirma que a isenção da taxa é uma estratégia usada tanto para atrair investidores que saem da bolsa em busca de aplicações mais seguras, quanto para conquistar clientes que estão começando a se aventurar pelo mercado financeiro. “Ensinamos a rentabilidade, os riscos e os prazos envolvidos”, diz Puga.
Ainda que a taxa de administração seja um critério importante para definir qual instituição escolher, outros pontos devem ser observados, segundo Luiz Fernando Alves, coordenador geral de planejamento estratégico da dívida pública do Tesouro Nacional.
“O investidor deve se preocupar com a comodidade. A instituição ajuda quando surgem dúvidas? Há um gerente para orientar qual o melhor produto para o perfil do cliente?”, orienta Alves.
A recomendação é ainda mais pertinente no caso de investidores iniciantes. Como a aplicação no Tesouro pode gerar prejuízos se realizada da forma errada, contar com profissionais experientes, que o impeçam de tomar a decisão errada, pode ser mais importante para evitar perdas do que escolher a corretora que cobra a menor taxa.
Por isso, ao avaliar a qualidade de atendimento da instituição, cheque se você poderá contar com a orientação de gerentes ou consultores financeiros que possam indicar os melhores títulos de acordo com o seu perfil de risco, prazo e objetivo do investimento.
Puga, da Modalmais, lembra que o Reclame Aqui pode ser uma boa ferramenta para investigar a reputação das instituições financeiras.
Chamados de agentes de custódia, os bancos e as corretoras são os responsáveis por realizar o cadastro dos investidores junto à Bovespa e intermediar a transferência dos títulos e dos recursos financeiros. “Eles são meros custodiadores, e é justamente por isso que o Tesouro Direto é tão seguro. O título público é do governo, não da corretora”, explica Lopreato, da Unicamp.
Quer dizer, são quatro agentes que atuam nessa negociação: o Tesouro Nacional, que emite os títulos públicos; a Bovespa, que guarda os títulos e envia os extratos aos investidores; a corretora ou o banco, que transfere os valores e os títulos, recolhe o Imposto de Renda e abre o cadastro do investidor; e o próprio investidor.
Algumas corretoras e bancos têm seus sites integrados em tempo real com a página do Tesouro Direto, o que significa que a compra dos títulos pode ser feitas diretamente na plataforma de negociação da instituição, também chamada de home broker. Eles são chamados de agentes integrados. Escolher ou não um agente integrado depende do que cada investidor acha mais fácil, como orienta Alves, do Tesouro Direto.
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