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7 coisas embaraçosas que seu consultor financeiro deve saber

Saiba quais são os aspectos íntimos e constrangedores da sua vida pessoal que você precisa contar para um planejador financeiro

Cadeado com segredo: relação com planejador financeiro é protegida por contrato de confidencialidade (SXC)

Cadeado com segredo: relação com planejador financeiro é protegida por contrato de confidencialidade (SXC)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h59.

São Paulo – Não são só os psicólogos, os advogados ou mesmo os médicos que precisam saber sobre aspectos íntimos e muitas vezes constrangedores da vida das pessoas que atendem e de suas famílias. Os planejadores financeiros pessoais também precisam ser munidos de informações que podem causar certo desconforto aos clientes, mas que são fundamentais para a organização de suas finanças. Afinal, há mais aspectos pessoais e legais capazes de influenciar nossa vida financeira do que imaginamos.

Com inspiração em um texto semelhante publicado no site Business Insider, EXAME.com perguntou a uma planejadora financeira brasileira, com certificação CFP, quais os aspectos mais constrangedores da vida pessoal que os clientes precisam contar a seus planejadores financeiros para que o serviço prestado seja realmente eficiente. Letícia Camargo listou sete itens, e ainda acrescentou que não é só o cliente que fica constrangido – o CFP também pode ficar sem-graça de ter que perguntar.

Assim como ocorre com as sessões de terapia com um psicólogo, as conversas com planejadores financeiros são confidenciais, e o cliente pode inclusive pedir para que certos segredos contados ao profissional não sejam divididos com outros membros da família que também estejam em atendimento. Veja a seguir a lista elaborada por Letícia Camargo, CFP® (Certified Financial Planner) certificada pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).

1. Você está endividado

Se contar quanto ganha ou listar seus bens já é complicado para a maioria das pessoas, contar que está endividado, com débitos em atraso, é ainda mais. “Já atendi um casal em que o marido teve que tomar uma bebida alcóolica para conseguir contar, para mim e para a esposa, o valor de sua dívida. Ele sentia como se tivesse falhado como pai, uma vez que era o responsável financeiro da família”, conta Letícia.

Endividar-se não é vergonha, pois todas as pessoas estão sujeitas a descontroles e reveses financeiros. Listar todas as dívidas e seus respectivos valores é o primeiro passo para a se organizar. Só assim é possível saber qual sua real capacidade de pagamento e fazer propostas de renegociação a seus credores. Com prazos maiores, juros menores, descontos ou mesmo a troca de dívidas caras por dívidas mais baratas é possível chegar a uma parcela que caiba no bolso. Sem esse controle, a dívida vai se tornar uma bola de neve que nunca vai se resolver.

2. Você tem uma poupança “secreta”

Essa é uma das mentiras financeiras mais comuns entre casais. Um dos dois tem uma conta poupança ou um investimento do qual o outro não sabe. O CFP é capaz de guardar esse segredo, mas é fundamental que a pessoa conte isso ao profissional, para ele saber que ao menos ela pode contar com esse dinheiro. Em muitos casos, esse segredo pode contribuir para abalos no casamento, mas quando um dos cônjuges não tem controle financeiro, o outro muitas vezes se vê sem saída.


3. Você quer proteger seus bens em caso de separação ou está pensando em se separar

Como o regime de casamento padrão no Brasil é o da comunhão parcial de bens, muita gente se casa sem considerar o que pode acontecer com o patrimônio formado após o casamento em caso de divórcio. É um assunto delicado para os casais apaixonados e em vias de se casar conversarem, mas poucas coisas afetam tanto a sua vida financeira como essa.

Em geral, na comunhão parcial de bens, todos os bens adquiridos de forma onerosa na constância do casamento são divididos irmãmente em caso de divórcio, e na ocasião da morte de um dos cônjuges, o sobrevivente leva metade desses bens, a chamada meação. A outra metade é repartida entre os herdeiros, sem concorrência do cônjuge sobrevivente. Os bens particulares do falecido (adquiridos antes do casamento, recebidos por herança ou doação) são repartidos entre o cônjuge sobrevivente, que concorre como herdeiro, e os demais herdeiros.

Outros regimes de bens permitem outras configurações. Na separação total, não há partilha em caso de divórcio, cada um fica com a sua parte. Já no caso de morte de um dos cônjuges – e se a separação de bens tiver sido voluntária, não obrigatória pela Lei – o sobrevivente concorre como herdeiro, mas não é meeiro. Na comunhão total, todos os bens dos dois são repartidos em caso de divórcio, e em caso de morte o sobrevivente é apenas meeiro (fica com metade de tudo), mas não concorre com os herdeiros na outra metade.

Depois do casamento, algumas pessoas percebem que deveriam ter escolhido outro regime de bens. Especialmente quando há filhos de uniões anteriores de uma ou de ambas as partes, a partilha dos bens em caso de divórcio ou morte pode não ser exatamente do jeito que o casal gostaria ou, pior, pode ser injusta. Para resolver essa situação, é preciso fazer um pacto pós-nupcial, de forma a alterar o regime de bens.

Em certos casos, a união estável pode ser mais interessante para o casal, e ele será orientado a se divorciar e fazer um contrato com o novo tipo de união, mais informal. A união estável também permite escolher regimes de bens diferentes da comunhão parcial, que é o padrão. Do contrário, um casal em união estável pode descobrir que é mais interessante, em caso de para fins de partilha de divórcio ou herança, se casar.

É claro que todas essas decisões só podem ser tomadas com a concordância de ambos os membros do casal. Nesse caso, nem adianta tentar guardar segredo, pois em algum momento isso terá que ser exposto ao outro. Mas se você está de fato pensando em se separar, também é aconselhável adiantar o tema para seu planejador financeiro já verificar como ficaria a sua situação patrimonial nesta hipótese.

4. Você tem um filho predileto

Pode ser duro para muitos pais admitirem (até para si mesmos), mas essa situação às vezes acontece. Talvez não se trate realmente de predileção, mas de uma afinidade maior. Ou ainda que esse seu filho mais protegido seja mais vulnerável que os outros, em função de alguma dificuldade ou mesmo doença.

Um dos pontos essenciais do planejamento financeiro é o planejamento sucessório. Existem diversos instrumentos usados para transmitir herança de forma eficiente, evitando brigas de família e até impondo condições aos herdeiros para ter acesso à parte que lhes cabe. Alguns desses instrumentos, inclusive, dispensam inventário. No entanto, é preciso seguir a Lei, que não permite uma partilha desigual entre os herdeiros.


Informar ao CFP sobre a predileção por um filho ou sua vulnerabilidade pode ajudá-lo a fazer o melhor planejamento sucessório de forma a atender os seus desejos e não ser contestado pelos demais herdeiros após a sua partida.

5. Você tem um amante

Pode ser muito constrangedor contar algo assim, mas é fundamental que o planejador financeiro saiba se você mantém um relacionamento com outra pessoa fora do casamento, principalmente se for um relacionamento estável.

Primeiro porque já houve decisões judiciais no sentido de dar a amantes o direito a pensão ou bens em caso de separação ou morte da pessoa que estava sendo infiel; segundo porque se você destina parte da sua renda a manter outra casa ou outra família, esses custos também precisam entrar no seu orçamento. Além de uma ameaça à sua união “oficial”, o relacionamento “paralelo” pode acabar com as suas finanças.

6. Você está gastando mais do que deveria

Esse é um problema comum, sobretudo entre os endividados. Letícia conta que muita gente procura os serviços de um CFP para se livrar de dívidas, mas “enrola” o profissional quando este pede para o cliente fazer um orçamento detalhado. “A pessoa não quer contar que continua gastando, mesmo endividada. Às vezes quer esconder que comprou uma bolsa caríssima, por exemplo”, diz Letícia.

7. Você precisa dar uma “missão” a alguém

Pode não ser exatamente constrangedor, mas é um assunto delicado. Se você tiver um filho com alguma deficiência mental, por exemplo, precisará designar um tutor para ele para quando você e seu cônjuge já tiverem falecido. Durante o seu planejamento sucessório, você não só deverá se preocupar em formar uma reserva a que só este filho tenha acesso, como também preparar uma conversa com quem você quer que seja o tutor dele.

Outro caso comum de “missão” ocorre quando a família tem uma empresa. Muitas vezes um dos filhos demonstra interesse no negócio, enquanto o outro “não está nem aí”. Neste caso, é importante expor isso para o planejador financeiro, que vai ajudá-lo a planejar a partilha da empresa após a sua morte respeitando a vocação de cada filho, sem que a falta de interesse de um afete negativamente essa parte tão importante do patrimônio familiar. O filho interessado, por outro lado, precisará ser preparado para assumir a empresa no seu lugar.

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