Macri: ele começou a mudar a Argentina (Enrique Marcarian/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2016 às 09h09.
São Paulo — Assim como tanta coisa neste mundo, a política se movimenta em ondas. Na América Latina, a última década foi varrida pela tenebrosa onda do populismo. Com raríssimas exceções, os países da região cederam à tentação das soluções fáceis, das guerras de classe e do irracionalismo econômico.
O modelo, como se sabe, provou pela enésima vez sua incapacidade de funcionar, o que pode ser constatado pela falta de rolos de papel higiênico nos supermercados venezuelanos, pela profunda recessão brasileira, pela acelerada inflação argentina.
O fracasso, claro, reacende a esperança de que a racionalidade volte a ganhar espaço na região — e, hoje, ninguém simboliza essa esperança como Mauricio Macri, recém-empossado presidente da Argentina.
Em poucas semanas, ele já promoveu uma ruptura com a política econômica da antecessora, Cristina Kirchner, revogou a obscena Lei de Mídia, começou uma reforma em órgãos responsáveis por estatísticas oficiais (nas quais ninguém acreditava mais), liberou a flutuação do câmbio e denunciou o chavismo. Não é pouca coisa.
O principal desafio de Macri é consertar uma economia estagnada que sofre com uma inflação de 26% ao ano, segundo estimativas privadas. Filho de um rico empresário dos setores de construção, automóveis e alimentos, Macri presidiu o clube de futebol Boca Juniors nos anos 90 e entrou na política na década seguinte.
Foi deputado e, depois, prefeito de Buenos Aires por dois mandatos consecutivos. Em 2010, já era um líder oposicionista e dizia esperar que a região passasse por uma virada política. Não foi o que aconteceu naquele momento. Mas pode ter começado com sua eleição. Se Mauricio Macri der certo, quem sabe a sensatez volte a ganhar votos em outros cantos da América Latina.