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Consumo de vinho branco cresce no Brasil até no inverno

Apesar do reinado dos tintos, o consumo de rótulos de uvas brancas tem crescido no Brasil

 (Catarina Bessell/Exame)

(Catarina Bessell/Exame)

Adilson Carvalhal Júnior
Adilson Carvalhal Júnior

Diretor da Casa Flora Importadora

Publicado em 22 de agosto de 2024 às 06h00.

Nos últimos anos, o mercado de vinhos brancos no Brasil tem se expandido notavelmente, refletindo uma demanda crescente e um amadurecimento da cultura do vinho no país. Dados da Product Audit, consultoria sobre mercado de importados, revelam que, em 2023, houve um aumento de 11% nas importações de vinhos brancos, elevando sua participação para 22%. Isso é mais do que o dobro do volume de uma década atrás, quando os vinhos brancos representavam apenas de 8% a 10% do total.

Comparado a mercados maduros, como o do Reino Unido, onde vinhos brancos e rosés representam cerca de 60%, vemos um potencial significativo para crescimento no Brasil. Segundo estudos da IWSR, consultoria de análises sobre o mercado de bebidas, a uva branca chardonnay continua sendo a mais lembrada internacionalmente. Aqui no Brasil, percebemos também que o consumidor gosta de sauvignon blanc e pinot grigio.

Nesse grupo de castas, destacam-se os sicilianos Stemmari Pinot Grigio e Stemmari Moscato, além de vinhos elegantes da Borgonha, como o Moillard Chablis. Vinhos mais robustos, como o Château Reynon de Bordeaux, também têm seu espaço. Propostas ousadas, como o El Pacto Chardonnay envelhecido em barricas de Bourbon pela Sta. Carolina e o Heritage Chenin Blanc da sul-africana Nederburg, são outros rótulos em que os brasileiros têm apostado.

Quando olhamos para os países do Novo Mundo, assim como nos tintos, Chile e Argentina lideram as importações no Brasil, com cerca de 52% do volume total. Contudo, há um crescente interesse por vinhos de diversas origens. Da Itália, destacam-se os pinot grigio e vermentino, da Toscana, além de uvas como trebbiano e falanghina, do sul. Da Espanha, vinhos como Verdejo de Rueda e Viura de Rioja têm apresentado crescimento, enquanto a França continua a ser referência com os chablis da Borgonha.

No Brasil, tradicionalmente o consumo de vinho branco nas refeições se dá com pratos leves, carnes brancas, queijos e saladas, ideais para um clima mais quente. Porém, acredito que parte do crescimento do consumo de vinho branco ocorra porque uma parcela significativa dos consumidores está trocando cerveja e drinques pelo vinho branco. É uma nova ocasião de consumo, na qual o vinho tem cada vez mais aceitação.

Apesar de o consumidor ter uma preferência maior por brancos leves e refrescantes, há uma procura por rótulos mais encorpados, ideais para acompanhar carnes e churrascos, que combinam bem com o inverno. Há alguns anos, o consumo de vinho branco tinha forte crescimento nos períodos mais quentes do ano. Agora, a compra é o ano todo. Se o mercado de vinhos brancos importados no Brasil atingiu 3,3 milhões de caixas de 9 litros em 2023, para este ano a expectativa do setor é que esse valor seja superado.

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