Revista Exame

Espanha e Itália: uma sobe, a outra cai

Enquanto a Espanha cresce, a Itália enfrenta sua terceira recessão em menos de uma década e a China vê seu mercado automobilístico perder vigor

Rua de comércio em Madri, na Espanha: crescimento econômico contínuo | Marcos del Mazo/Getty Images /

Rua de comércio em Madri, na Espanha: crescimento econômico contínuo | Marcos del Mazo/Getty Images /

FS

Filipe Serrano

Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 05h16.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2019 às 05h16.

ESPANHA E ITÁLIA

Uma sobe e a outra cai

Os dados preliminares sobre o desempenho da economia nos países da zona do euro no fim de 2018 mostram um descompasso entre a Espanha e a Itália. Enquanto os espanhóis continuam se beneficiando de crescimento contínuo, aumento das exportações e melhora nos índices de emprego, a situação da economia italiana só piora. Nos dois últimos trimestres de 2018, a Itália viu o produto interno bruto cair em relação aos períodos anteriores, algo que tecnicamente coloca o país em uma recessão — a terceira em menos de uma década.

A queda em 2018 tem a ver com uma redução da produção industrial italiana, que vem desacelerando desde o começo do ano passado. Em nada ajuda a insistência do primeiro-ministro do país, Giuseppe Conte, e de seu vice, Matteo Salvini, em manter os gastos públicos elevados. As perspectivas para a Itália não são nada boas. A consultoria britânica Oxford Economics prevê mais uma retração no PIB nos primeiros três meses de 2019. Com isso, a previsão do governo italiano de um crescimento de 1% neste ano vai se tornando irreal. A situação preocupa porque a Itália é a terceira maior economia da zona do euro, aumentando o risco de uma instabilidade da união monetária, especialmente num momento em que a maioria dos países da região, incluindo a Alemanha, perde o fôlego.


CHINA

Uma desacelerada nas vendas de carros

Loja da montadora Tesla, em Pequim: o mercado chinês pode ter atingido o teto | Getty Images

Um dos indicadores mais impressionantes sobre a China é a quantidade de veículos vendidos no país a cada ano. Em pouco mais de uma década, o mercado de automóveis passou de 5,7 milhões de unidades, em 2005, para mais de 29 milhões em 2017, superando os Estados Unidos, a Europa e o Japão, que, antes, lideravam o setor. Com o aumento do poder aquisitivo da classe média chinesa, era natural que as vendas de carros subissem, abrindo uma oportunidade de ouro para as montadoras. No ano passado, porém, a China registrou a primeira queda nas vendas de veículos em quase 30 anos. Para pesquisadores da seguradora francesa Coface, que faz análises de risco, o mercado chinês pode ter atingido um nível de saturação. Isso é um sinal de que a indústria automobilística mundial enfrentará um cenário mais desafiador daqui para a frente.


GUERRA COMERCIAL

Bom para os outros

Porto de Roterdã, na Holanda: as exportações europeias tendem a subir | Corepics/Deposit Photos/Glow Images

Enquanto os Estados Unidos e a China tentam chegar a um acordo para encerrar a disputa que vem prejudicando o comércio mundial e os mercados financeiros, um novo estudo dá uma dimensão das consequências das tarifas impostas até agora. Segundo a pesquisa, elaborada pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), de 82% a 85% das exportações sujeitas às tarifas devem ser capturadas por outros países, entre eles o Brasil, em consequência do aumento dos custos na China e nos Estados Unidos. A União Europeia deve ser a maior beneficiada. Pode ter um aumento anual de 70 bilhões de dólares nas exportações, o equivalente a 0,9% de tudo que exporta.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEspanhaItália

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda