Copenhague, na Dinamarca: a verdadeira questão é se as pessoas sentem o retorno dos impostos que pagam | Yadid Levy/AGB PHOTO / (AFP/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2018 às 05h26.
Última atualização em 8 de novembro de 2018 às 05h26.
Faltam ainda algumas semanas para a posse do presidente eleito, mas o Brasil já está vivendo sob a influência do futuro governo Jair Bolsonaro, seja pelo otimismo dos empresários, pela queda do dólar e pela alta da bolsa, seja pelas indicações da equipe e pela ainda persistente excitação (contra e a favor), intensificada por uma campanha polarizada. Em muitos sentidos, portanto, o governo Bolsonaro já começou. E um começo de governo é sempre uma oportunidade. Mesmo em casos de continuidade, trata-se do início de um novo ciclo, com novos planos e correções de rota. Num caso como o de Bolsonaro, eleito com base em um discurso de ruptura, ainda mais.
Não é pequena a oportunidade que se apresenta ao Brasil. Em parte, trata-se de consolidar avanços obtidos durante o frágil governo de transição do presidente Michel Temer, com sua agenda de reformas. Em parte, trata-se de apontar o país para a frente, no sentido de eliminar gargalos históricos, aumentar a eficiência, elevar a produtividade. Durante a campanha, Bolsonaro emitiu sinais mistos, a combinação de um desejo de futuro e a fixação no passado. A oportunidade, em poucas palavras, é de desapegar-se do que não dá certo e seguir com convicção os caminhos que têm mais chance de fazer o país melhor.
EXAME tem se empenhado, há muitos anos, em defender bandeiras liberais que funcionaram, aqui e em várias nações, na busca do desenvolvimento e da prosperidade. É isso o que fazemos, novamente, nesta edição especial, a última das cinco que publicamos neste ano. Fomos buscar, em cinco países, exemplos que servem de inspiração para solucionar alguns dos problemas crônicos de nosso país. Na Índia, reportamos o processo que fez o país desinflar estatais, desburocratizar a vida das empresas privadas e deixar de ser uma das economias mais fechadas do mundo para beneficiar-se de um crescimento invejável. Na Dinamarca, mostramos que a verdadeira opção não é necessariamente entre ter um Estado grande ou pequeno, e sim entre um Estado eficiente ou não. Num país em que a receita fiscal representa 46% do produto interno bruto (ante 32% do Brasil), as pessoas sentem que enxergam o retorno dos tributos que pagam.
Nos Estados Unidos, pinçamos o exemplo do pequenino estado de Utah, que há vários anos implementa uma estratégia de formar e atrair profissionais competentes, principalmente na área de tecnologia, o que tem lhe garantido um crescimento econômico acima da média americana, gerando mais empregos e salários mais altos para a população. Da Espanha vem outra lição urgente para o Brasil: contamos como o país aprovou reformas para aumentar a produtividade e incentivou as exportações para sair da pior recessão em décadas. Finalmente, mostramos como a Irlanda, também afetada por uma grave recessão, reduziu os gastos públicos e é hoje o país que mais cresce na Europa. É óbvio que o Brasil não é idêntico a nenhum desses países. Mas, se aplicar o mesmo espírito de suas soluções, também poderá colher resultados preciosos.