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Supersafra, sim. Exportações em risco?

Apesar da safra recorde esperada para 2026, ritmo das exportações é dúvida com EUA e China no radar

Colheita da soja em Mato Grosso: estado produz 43,8 milhões de toneladas do grão, segundo a Conab (Alexis Prappas/Exame)

Colheita da soja em Mato Grosso: estado produz 43,8 milhões de toneladas do grão, segundo a Conab (Alexis Prappas/Exame)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.

As primeiras projeções para a safra de grãos de 2026 são promissoras. A Conab estima que o país deve colher 355 milhões de toneladas, renovando o recorde registrado neste ano, de 350 milhões de toneladas. A soja continuará sendo o motor do campo: segundo diferentes casas de análise, o grão deve alcançar entre 178 milhões e 180 milhões de toneladas — acima das 171 milhões de toneladas de 2025.

O otimismo da oferta, porém, convive com dúvidas sobre o ritmo das exportações, especialmente as de soja, o principal produto agrícola do país, em um cenário que envolve China e Estados Unidos. Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), os embarques para o país asiático devem cair em 2026 caso os EUA imponham um compromisso de compra de produtos agropecuários americanos — hoje, a China responde por cerca de 33% das exportações brasileiras. “O Brasil é o principal fornecedor de agro para a China. Portanto, se um compromisso de compra for firmado entre os países, a tendência é que os chineses tenham que deixar de comprar de outro fornecedor, possivelmente do Brasil”, afirma Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA.

O Itaú BBA, por outro lado, vê espaço para avanço. Para o banco, mesmo com o recente acordo comercial entre EUA e China, o Brasil segue com condições de ampliar as vendas externas em 2026. “Há perspectiva de crescimento do consumo de soja na China — e o grande fornecedor continuará sendo o Brasil”, diz Francisco Queiroz, analista do Itaú. A Conab também projeta crescimento: os embarques de soja no próximo ano devem subir 5%, para 112 milhões de toneladas. A geopolítica será o fator decisivo.

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