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Sinal de fumaça nova na Cohiba

A mítica marca cubana Cohiba lança no mercado mundial um charuto que tem a pretensão de entrar para a história como o melhor de todos os tempos

Charutos Cohiba: além do Cohiba, a Habanos é responsável pelas marcas Montecristo e Romeo y Julieta  (Wikimedia Commons/Divulgação)

Charutos Cohiba: além do Cohiba, a Habanos é responsável pelas marcas Montecristo e Romeo y Julieta (Wikimedia Commons/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2012 às 14h04.

São Paulo - É possível aperfeiçoar o desenho do Jaguar E-Type, aumentar a complexidade de sabores das melhores safras do Romanée-Conti ou superar a elegância de um Rolex?

No circuito dos amantes dos tabacos finos, uma pergunta semelhante começou a ser feita a partir do momento em que a Habanos, a fabricante cubana da mítica marca Cohiba, revelou o plano de lançar um produto de qualidade inigualável, deixando para trás todos os outros exemplares da mesma família, como os modelos "espléndido" e "corona especial", os favoritos do também mítico ditador Fidel Castro.

Depois de muito suspense, o lançamento foi realizado em fevereiro, durante o Festival del Habano, em Havana, um evento realizado anualmente e cujo objetivo é mostrar ao mercado as grandes novidades em tabacaria das principais marcas cubanas.

O segredo do novo Cohiba está na utilização de uma matéria-prima diferente, a medio tiempo, uma folha colhida no topo das árvores de uma especialidade rara de tabaco, muito pouco utilizada até agora na produção de charutos.

"De uns anos para cá, a Habanos tem investido em lançamentos premium e cada vez mais caros", afirma César Adames, um dos maiores connaisseurs brasileiros do assunto. "Diante da patrulha antitabaco, a mensagem do fabricante é a seguinte: 'Já que podemos fumar menos, que fumemos melhor'."

O novo Cohiba com folhas medio tiempo foi inspirado numa série especial da empresa, a Behike, lançada em 2007 para comemorar o aniversário de 40 anos da marca. Na ocasião, foram feitas apenas 100 caixas com 40 charutos cada uma, todos numerados. Elas custavam 19 500 dólares, o que fez do Behike o charuto mais caro da história (500 dólares a unidade).

Há até quem tenha comprado a caixa como investimento para vendê-la mais tarde pelo dobro do preço aos colecionadores. Os apreciadores se deliciaram com as notas de vinho, cedro e baunilha do Behike.

Embora o preço do novo lançamento ainda não tenha sido divulgado pela Cohiba, o efeito do produto sobre os apreciadores foi semelhante ao da série especial de 2007. "Se ele tiver um valor de venda mais acessível, certamente vai fazer história", afirma Adames.


A marca Cohiba representa no universo da tabacaria o mesmo que a Ferrari para os carros - tradição em obter um padrão de qualidade inimitável graças a processos artesanais e extremamente cuidadosos de produção.

A região de Vuelta Abajo, a cerca de 150 quilômetros de Havana, é reconhecida mundialmente como possuidora do melhor terroir, ou seja, das melhores características para o cultivo do tabaco. As folhas usadas nos charutos Cohiba vêm da pequena cidade de Pinar del Rio, a melhor área de cultivo na já excepcional região de Vuelta Abajo.

Depois da colheita da matéria-prima, todo o processo de produção ocorre de forma manual. As funcionárias escolhem as melhores folhas e assentam as respectivas pilhas sobre suas pernas (a cena gerou a curiosa lenda de que os Cohibas seriam enrolados nas coxas de virgens cubanas).

Para garantir o sabor do "puro", as folhas passam depois por uma tripla fermentação, o que diminui o nível de nicotina e alcatrão do tabaco, garantindo mais suavidade ao produto final. Os charutos comuns passam por apenas duas fermentações.

A força da marca Cohiba foi construída aos poucos desde a época da Revolução Cubana, em 1959. Nesse período, os charutos eram produzidos exclusivamente para Fidel Castro e para o alto escalão do governo. Com o passar do tempo, diplomatas e chefes de Estado estrangeiros começaram a ser presenteados com a iguaria.

Foi aí que a boa fama do charuto começou a se espalhar mundialmente. Reza a lenda que, antes de decretar o embargo americano a Cuba, em 1962, o presidente John Fitzgerald Kennedy fez um enorme estoque de caixas de charutos Cohiba na Casa Branca.

Mas foi apenas no ano de 1982, durante a edição da Copa do Mundo da Espanha, que o governo cubano decidiu comercializar globalmente os charutos, por meio da estatal Cubatabaco. Em 2000, a empresa espanhola Atladis adquiriu 50% do negócio, em uma operação estimada pelo mercado em 480 milhões de dólares.

Para perpetuar a aura mítica da marca, a companhia lançou no mercado nos últimos anos uma série de edições especiais e limitadas. Agora, com o novo Cohiba, quer garantir que o produto não tenha rivais à altura na disputa do título de melhor charuto da história.

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