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Recomeço antes do fim

O Brasil e o mundo sofrem os efeitos da crise e se preparam para a reabertura após a pandemia da covid-19

Jacinda Ardern, a primeira-ministra da Nova Zelândia: o país eliminou o coronavírus para só então retomar a rotina, um cenário impossível no Brasil | Hagen Hopkins/Getty Images /

Jacinda Ardern, a primeira-ministra da Nova Zelândia: o país eliminou o coronavírus para só então retomar a rotina, um cenário impossível no Brasil | Hagen Hopkins/Getty Images /

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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2020 às 05h00.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 13h11.

Casos de países e regiões que deixaram para trás o coronavírus existem, e têm se tornado mais comuns, por sorte. Entre eles estão China, Coreia do Sul e Nova Zelândia. Em comum, esses países contaram com uma liderança organizada, uma quarentena super-restrita e muitos, mas muitos testes. A Nova Zelândia, um país muito menor e mais rico do que o Brasil, foi tão rigorosa na retomada que só autorizou a volta de algumas atividades quando 95% dos doentes estavam curados.

No Brasil, e em países como os Estados Unidos, infelizmente isso não será possível. Não poderemos esperar a onda de contágio cessar para só então pensar na volta da rotina. Tampouco parece crível, a esta altura, que exista uma receita única de retomada que sirva ao país todo. A agenda tende a ser mais regional. Por aqui, enquanto cidades do sul do Brasil já retomaram parte das atividades (algumas com resultados desastrosos), outras, como São Luís, no Maranhão, adotam um lockdown tão restrito quanto o visto em países como a Itália. Como reabrir uma empresa, uma cidade, um país? E como retomar 210 milhões de rotinas no Brasil? É esse o tema da reportagem de capa desta edição. Especialistas alertam para o risco de retomar de forma descoordenada e, depois, precisar fechar de novo a economia. Não podemos, como sociedade, repetir os erros e a falta de compromisso vistos em nossa errante quarentena. O dia seguinte à pandemia será de restrições e de reflexão.

A pandemia também está levando a outro tipo de reflexão, desta vez nos Estados Unidos. Como pode o país mais rico do mundo ser tão frágil a ponto de perder 30 milhões de empregos em poucas semanas? Faz sentido gastar tanto com equipamentos militares e não oferecer uma cobertura universal de saúde? A reinvenção forçada pela pandemia vale para as grandes empresas e também para os pequenos empreendedores. Seis deles, com negócios tão variados quanto o varejo de colchões ou o de software para recrutamento de funcionários, trazem lições de reinvenção nesta edição. A necessidade de reinvenção, por fim, chegou de modo trágico ao fabuloso mercado de fundos de investimento. Saem de cena os aportes bilionários em negócios sem perspectivas de lucro e entra uma busca mais racional por empresas rentáveis e mais preparadas para os desafios escondidos em cada esquina.

Contamos essa guinada de “unicórnios” para “camelos” a partir da página 40. As startups brasileiras, habituadas ao histórico de crises em série do país, podem estar mais bem preparadas para lidar com a avalanche da covid-19 do que as europeias ou as americanas. É uma vantagem, por assim dizer, de viver num país marcado pela desorganização, como ficou patente nas últimas semanas. O Brasil tem a oportunidade de aproveitar o drama da pandemia para mudar — você, leitor, também.

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