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"Queremos dobrar no Brasil", diz o chairman da Bloomberg

É o que diz o americano Peter Grauer, presidente do conselho da Bloomberg. Ele acredita no sucesso dos países emergentes para compensar a morosidade no mundo rico

Peter Grauer: Brasil e China no centro da estratégia (Jesse Winter)

Peter Grauer: Brasil e China no centro da estratégia (Jesse Winter)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de março de 2011 às 17h33.

Em 2001, o executivo americano Peter Grauer assumiu a presidência do conselho de administração da empresa fundada pelo atual prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, com o objetivo de transformá-la na fonte de informação financeira mais influente do mundo. A crise levou à lona grandes clientes - como Lehman Brothers e Merrill Lynch. Mesmo assim, o faturamento global da Bloomberg ultrapassou 6 bilhões de dólares em 2009 - 2% mais que no ano anterior. Numa recente visita a São Paulo, Grauer falou a EXAME:

1) EXAME - A crise derrubou grandes bancos, os principais clientes da Bloomberg. Passado o pior momento, qual é o saldo?

Peter Grauer - Só em julho de 2009 tivemos 3% de queda no número de assinantes de nosso sistema. No ano todo perdemos 6 700 terminais de um total de 286 000. Mas, quando a poeira  baixou, vimos que os efeitos da crise haviam sido bem menores do que esperávamos.

2) EXAME - Como sobreviver a um momento como esse?

Peter Grauer - Com novos serviços - criamos mais de 2 000 novas funções em nossos terminais e também novas ferramentas.

3) EXAME - Pode dar alguns exemplos?

Peter Grauer - Criamos o Bloomberg Sports, que rastreia o desempenho de alguns atletas e traduz os resultados para uma base de dados para empresários que investem no setor, o Bloomberg Law, que serve de fonte de informação para advogados, e o Bloomberg Government, que atende os funcionários do governo.

4) EXAME - Isso significa que a empresa está mudando seu foco de atuação?

Peter Grauer - De jeito nenhum. Esses produtos surgiram graças a ideias de nossos funcionários e aos investimentos que fizemos em inovação. Nós estimulamos essas ideias. Mas, apesar disso, nosso foco continua nos terminais financeiros, que representam 85% de nosso faturamento.

5) EXAME - Qual o papel dos mercados emergentes no crescimento da Bloomberg?

Peter Grauer - Nossos planos estratégicos geralmente são de dez anos. Mas, devido ao rápido crescimento do Bric, resolvemos criar planos de cinco anos para os principais países, como Brasil e China, onde as mudanças estão acontecendo rapidamente e há mercado para crescer.

6) EXAME - Como o Brasil se encaixa nesse cenário?

Peter Grauer - Em 2009, crescemos 10% no Brasil em número de terminais. Queremos crescer 15% em 2010 e manter essa taxa nos próximos cinco anos. É um forte crescimento que não conseguimos sustentar em mercados mais maduros, como Estados Unidos e Europa.

7) EXAME - Como atingir essa meta?

Peter Grauer -Vamos oferecer mais dados econômicos ao Brasil e mais notícias no idioma local. Estamos contratando cerca de 50 novos funcionários para o país. Se conseguirmos atingir essa meta de crescimento nos próximos cinco anos, dobraremos de tamanho aqui. E acho que vamos conseguir. É algo totalmente possível de ser alcançado.

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