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Quer ter sucesso? Divirta-se!

"Você acha que é preciso ter diploma universitário para ser bem-sucedido?" Felipe Herriges, Brasil

Universidade IBMEC, no centro do Rio: a experiência acadêmica é só o primeiro passo (Dilmar Cavalher/Exame)

Universidade IBMEC, no centro do Rio: a experiência acadêmica é só o primeiro passo (Dilmar Cavalher/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2013 às 18h17.

Estudar é ótimo. Fico feliz que a essa altura da minha trajetória profissional eu tenha a oportunidade de aprender tanta coisa nova sobre assuntos tão diversos — desde o impacto da mudança climática até a possibilidade de colonizar Marte. Fico feliz também por conhecer tanta gente interessante com quem posso trocar ideias: o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela ou líderes ambientalistas como James Lovelock.

Como os projetos e as empresas da Virgin são extremamente heterogêneos, atualmente meu trabalho me proporciona uma experiência que costumo comparar a um curso de especialização de nível universitário. Aproveito cada minuto dessa oportunidade. Nem sempre foi assim. Quando eu era jovem, estudar era um problema.

Nunca fui um aluno excepcional, em parte porque eu tinha dislexia (que só foi diagnosticada anos mais tarde) e em parte por causa de meu temperamento inquieto. Achava difícil me concentrar na sala de aula e passava boa parte do tempo que ficava na escola sonhando e criando empresas novas.

As primeiras empresas que criei — uma delas especializada no cultivo de árvores de Natal — não tiveram sucesso, mas a experiência que me deram despertou meu gosto pelos negócios e com elas aprendi a arte crucial de delegar.

Aos 16 anos, estava pronto para deixar a escola, mas meu pai, Edward Branson, não queria que eu saísse. Num fim de semana, ele foi ao internato onde eu estudava para tentar me convencer a prosseguir com os estudos. Queria que eu fosse advogado, como ele. Muito a contragosto, concordei.

Em seguida, ele foi para casa explicar "nossa" decisão para minha mãe, Eva. Ela não gostou nem um pouco! Mandou que meu pai voltasse imediatamente à escola (que não era perto) e me dissesse que estava tudo bem e eu podia sair. Foi o que ele fez. Naquele verão, deixei a escola. Nunca me arrependi. Primeiro, criei uma revista, a Student, e, alguns anos mais tarde, a loja de discos Virgin.


Não considero que minha história, porém, possa servir como padrão de sucesso. Minha estratégia não vai funcionar para todo mundo. O diploma pode ser muito útil à medida que mostra que você se especializou em alguma coisa e aprendeu o essencial para começar sua vida profissional.

De toda maneira, a experiência acadêmica é só o primeiro passo — e não representa garantia alguma de bons resultados. Para isso, você vai precisar de muita ética e força de vontade, tanto nos negócios quanto na vida pessoal. Dedicar-se tanto quanto será necessário para obter sucesso vai se tornar mais fácil à medida que você fizer o que realmente gosta. Vale dizer que você vai precisar também de uma boa dose de sorte.

Meu conselho é que você encare os estudos com uma atitude positiva — procure fazer do tempo que passa na universidade uma experiência prazerosa. Tente criar coisas novas enquanto estiver lá, quem sabe até abrir um negócio, se é disso que você gosta. Inauguramos em Johanesburgo, na África do Sul, uma Escola Branson de Empreendedorismo para estimular o desenvolvimento de profissionais dispostos a fazer prosperar as empresas que criaram.

A maior parte de nossos alunos é de jovens determinados a estudar muito e a ter sua própria empresa. Uma das coisas mais importantes que passamos a eles é que o principal de tudo é gostar do que se faz. Essa foi uma lição que aprendi na minha vida profissional e de que nunca esqueço.

Procuro sempre me divertir com o que faço, nos negócios ou fora deles, porque acho que essa é a melhor maneira de viver a vida. Portanto, quando abrir sua primeira empresa, tenha prazer no que faz e no seu dia a dia de empreendedor. A primeira empresa quase sempre dá errado. Sei disso porque foi o que aconteceu comigo, mas as lições que aprendemos com o fracasso não têm preço e vão ajudá-lo em suas próximas tentativas.

É preciso muita determinação e entender que a etapa inicial de lançamento de qualquer negócio é uma questão quase sempre de sobrevivência. Transformar uma ideia em realidade é um processo fundamental que todo empreendedor precisa dominar. Tente enxergar suas ideias pelos olhos do cliente, isso vai ajudálo a saber quais delas têm chance de dar certo.

O serviço de alta velocidade oferecido pela linha férrea da Virgin Trains que faz a Costa Leste do Reino Unido é um exemplo clássico do que estou dizendo. Quando participamos do leilão de concessão das linhas, em 1996, percebemos que os passageiros estavam cansados de trens lentos, superlotados e desconfortáveis.

Eles queriam trens mais rápidos, poltronas parecidas com as dos aviões, serviço de entretenimento e boa comida. Projetamos nosso serviço de bordo para que satisfizesse essa demanda e colocamos locomotivas modernas nos trilhos — lançamos há pouco o acesso sem fio à internet nos carros.

Houve alguns atrasos, a maior parte deles decorrente da necessidade de modernização dos trilhos para que nossos trens pudessem circular, mas posso dizer com orgulho que nosso desempenho melhorou muito desde então e o número de passageiros em nossas linhas vem crescendo rapidamente.

Boa sorte, Felipe! Se você decidir terminar a faculdade, empenhe-se ao máximo em seus estudos e lembre-se: não importa se você trabalha para alguém ou se tem sua própria empresa, o que importa é trabalhar duro, perseverar e se divertir. Esse é o caminho para o sucesso.

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