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Visão Global — renda per capita na América Latina está 60 anos parada

Apesar de ter feito avanços sociais, a América Latina ainda continua muito longe de alcançar o nível de renda das economias mais ricas do mundo

Pedestres em Lima, no Peru: a baixa produtividade e a ineficiência dos investimentos na América Latina são responsáveis pelo PIB per capita baixo| Reiner Elsen/ Keystone/ Agb Photo

Pedestres em Lima, no Peru: a baixa produtividade e a ineficiência dos investimentos na América Latina são responsáveis pelo PIB per capita baixo| Reiner Elsen/ Keystone/ Agb Photo

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Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2018 às 05h00.

Última atualização em 12 de abril de 2018 às 05h00.

Apesar de ter feito avanços sociais, a América Latina ainda continua muito longe de alcançar o nível de renda das economias mais ricas do mundo, como Estados Unidos, Japão ou os países da Europa Ocidental. Um dado que mostra isso é a proporção do PIB per capita latino-americano em comparação ao dos Estados Unidos. Em 1960, essa relação era de 20%. Passado mais de meio século, o indicador continua quase igual, em 24%. O quadro é ainda mais alarmante quando comparado ao dos países asiáticos. O nível de renda desse grupo subiu de 11% para 58% do PIB per capita americano. Os dados fazem parte de um estudo dos economistas Eduardo Cavallo e Andrew Powell, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, publicado no fim de março. Alguns fatores explicam o desempenho “medíocre”, nas palavras dos autores. Um deles é o baixo, e volátil, crescimento econômico. O outro é a baixa produtividade, principalmente a gerada pela inovação — uma medida conhecida como “produtividade total dos fatores”. Existe ainda outra questão. A taxa de investimento na América Latina ficou em apenas 12% do PIB entre 1960 e 2017, enquanto na Ásia atingiu 19%. Além disso, o investimento é pouco eficiente, porque produz menos crescimento. Os economistas calcularam como teria sido a evolução do PIB latino-americano nestes 57 anos se a região tivesse tido a mesma taxa de investimento e a mesma eficiência da Ásia. O resultado é impressionante. A economia da região seria seis vezes maior do que é hoje.

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ESTADOS UNIDOS

SATISFAÇÃO ECONÔMICA EM ALTA

Obras em Nova York: aumentou a sensação de que a economia vai bem | Jeff Greenberg/Getty Images

A economia americana vive uma fase de aquecimento desde 2016. E, neste ano, os indicadores continuam mostrando um aumento do número de empregos e da atividade industrial no país. Os bons resultados mudaram a percepção dos americanos. Hoje, 53% das pessoas afirmam que a economia está numa situação boa ou excelente. Fazia quase 20 anos que não se via um nível de satisfação tão alto quanto agora. No auge da crise de 2008, a taxa chegou a 7%. Os números são de uma pesquisa de opinião realizada pelo instituto Pew Research Center em março. O estudo indica que a melhora é puxada pelas pessoas que apoiam o Partido Republicano, do presidente Donald Trump. Já entre os democratas a satisfação é menor hoje do que no fim do governo Obama — reflexo da polarização política. Atualmente, 39% dos americanos aprovam o governo Trump, o menor nível entre os últimos presidentes americanos para este mesmo período do mandato.

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JAPÃO

O BOM PROBLEMA

Entregador no Japão: faltam trabalhadores no país | Craig Pershouse/Getty Images

Desde 1993, o Japão não registrava um desemprego tão baixo. A taxa está hoje em 2,7%. A boa notícia, porém, traz um problema. Está mais difícil para as empresas encontrarem trabalhadores. Segundo o Banco Central do Japão, o país vive a pior falta de mão de obra desde os anos 90. Isso tem feito cair a qualidade de serviços. As filas nos supermercados ficam maiores e o atendimento nos restaurantes é mais demorado. Uma pesquisa com consumidores avaliou 32 tipos de serviço. O resultado: a entrega de encomendas é a atividade que mais sofre com a falta de trabalhadores.

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