Ana Rodela: com o crédito restrito em 2023, problemas em empresas frágeis surgiram mais rápido (Leandro Fonseca/Exame)
Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 06h00.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2024 às 06h52.
Renda Fixa | Crédito privado (high grade)
Investe em títulos de dívida de empresas bem avaliadas por agências de classificação de risco (alto grau de investimento)
Americanas e Light impactaram o mercado de crédito em 2023, mas esses gestores conseguiram enxergar boas oportunidades em cenário desafiador
OS MELHORES DA CATEGORIA listados em ordem alfabética |
ATENA YIELD D30 |
BOCOM BBM CORPORATE CREDIT |
BRADESCO ULTRA |
ITAÚ PRECISION ALL |
KINEA OPORTUNIDADE |
PLURAL CRÉDITO CORPORATIVO II |
POLO CRÉDITO CORPORATIVO |
PORTO SEGURO IPÊ |
SAFRA VITESSE |
“Em 2022, observamos muitas ofertas de papéis trazidas pelos bancos, com emissões de cinco anos com a mesma diferença de compra e venda de um ano para a empresa. Assim, quando iniciamos 2023, a duration do fundo estava menor. Nós não tínhamos exposição aos créditos que deram problema no início daquele ano, como Americanas e Light. Com isso, não perdemos dinheiro com esses casos complicados. Além disso, o fundo foi desalocado nos primeiros quatro meses e, a partir de junho, começamos a comprar papéis de ótima qualidade, com a diferença entre preço de compra e venda alta. No segundo semestre, quando o mercado se recuperou desses eventos, capturamos esse ganho. Na parte de ganho de capital, conseguimos comprar papéis de empresas que estavam muito afetadas pela crise, dos setores de varejo, saúde e imobiliário, e que conseguiram mostrar resultados relevantes. O que também protegeu os cotistas e trouxe bons retornos ao fundo foram as nossas duas outras áreas, de infraestrutura e real state.” Ivan Fernandes, gestor de crédito privado da Kinea
“No segundo semestre de 2022, já tínhamos a perspectiva de que 2023 seria mais difícil para o crédito. Ajustamos a carteira, reduzindo drasticamente o varejo, incluindo Americanas. Mas claro que não esperávamos esse evento logo em janeiro, o que também acelerou a expectativa receosa. Com o crédito restrito, problemas em empresas frágeis surgiram mais rápido. A nossa carteira foi beneficiada pela redução da exposição em 2022. No momento em que vários fundos tiveram muitos resgates, os nossos estavam recebendo aportes. Tínhamos liquidez para comprar no mercado a um valor bem interessante. Usamos muito o mercado secundário. O resultado foi a boa rentabilidade ao longo de 2023. Com o mercado se recuperando no segundo semestre do ano passado, começamos a ver para 2024 pouca emissão para a volta de uma demanda de crédito. Observamos certo desespero, e alguns prêmios de risco estão saindo ‘amassados’. Vai ser um diferencial neste ano quem conseguir ficar fora dessas operações mal precificadas. Estamos cautelosos e queremos esperar essa demanda se concretizar para selecionar operações melhores.” Ana Rodela, head de crédito privado da Bradesco Asset
“O nosso pilar central é o foco no controle do risco. Nós temos um estilo de gestão muito focado no mercado secundário. No segundo semestre de 2022, os spreads de crédito se amassaram completamente. Não havia diferença de taxas entre emprestar dinheiro para uma empresa boa ou para uma empresa de menos qualidade. Isso é um sinal de que o mercado estava fora do lugar. Eu aumentei o caixa da carteira, emprestei dinheiro para empresas de muito melhor qualidade com o prazo mais curto. Não tínhamos papel da Americanas na carteira. Temos um comitê de análise e avaliamos parâmetros qualitativos. Decidimos que não íamos ter Americanas na carteira, apesar dos controladores. Não emprestamos dinheiro para empresa que precisa de follow-on. No final de 2022, nossa carteira estava com o risco muito controlado. Foi quando aconteceu o episódio de Americanas e, na sequência, Light. E, com o risco de contágio no mercado, os spreads voltaram a abrir. Como nossa duration era curta, não caímos no contágio. Os ativos que tínhamos na carteira caíram pouco porque estavam com a duration curta. Gestão é um processo de paciência. Focamos a consistência e baixa volatilidade.” Lígia Porchat, sócia-fundadora e gestora da Atena Capital
Renda fixa | Debêntures incentivadas
Focados na compra de debêntures com incentivos fiscais, como as voltadas para o financiamento de obras de infraestrutura
Reforma tributária e nova lei de debêntures devem incentivar ainda mais o setor em 2024
OS MELHORES DA CATEGORIA listados em ordem alfabética |
ARX ELBRUS INFRA |
AZ QUEST DEB INC |
BNP PARIBAS SUSTENTÁVEL |
BRADESCO DEB INC |
BTG PACTUAL DEB INC |
ICATU VANGUARDA INFRA |
ITAÚ DEB INC |
JGP DEB INC JUROS REAIS |
SAFRA DEB INC |
SPARTA DEB INC |
1o lugar — Itaú Debêntures Incentivadas
“O fundo Itaú Debêntures Incentivadas tem 530 milhões de reais sob gestão, mas dentro da estratégia de crédito temos 280 bilhões de reais. Isso nos traz um benefício de escala, que é um dos pilares do nosso produto. Somos a maior asset de crédito privado, então temos acesso a operações exclusivas, que permitem maior seletividade nas escolhas. Tanto que, no ano passado, não tivemos nenhum evento de crédito no fundo — apesar do cenário desafiador para a indústria. Outro diferencial do Itaú Debêntures Incentivadas é a abordagem estrutural com uma análise de crédito muito robusta. Isso, junto com uma gestão ativa, com forte acompanhamento do mercado secundário, permite a geração de alfa. Para 2024, vemos uma forte valorização dos ativos de crédito por causa da nova restrição aos investimentos isentos de IR. Ainda que tenhamos observado uma redução do spread médio, temos convicção de que há oportunidades interessantes em fundos isentos de infraestrutura. É um momento em que o portfólio de operações exclusivas da Itaú Asset apresenta um diferencial maior.” Fayga Czerniakowski Delbem, superintendente de crédito na Itaú Asset
2o lugar — JGP Debêntures Incentivadas
“O nosso principal diferencial são os ganhos adicionais no mercado secundário. Não mantemos uma posição até o vencimento se não fizer sentido. Além disso, usamos estratégias de proteção. Se temos uma leitura que as NTN-Bs vão abrir, podemos proteger convertendo os ativos de IPCA+ para CDI+. Exploramos a parcela que temos para alocar em ativos fora de infraestrutura, pós-fixados em CDI+. Temos CVC, que chegou a bater CDI + 12%. Na linha de infraestrutura, temos na carteira MetroRio. É um ativo que sofreu bastante na pandemia, mas foi beneficiado por ajustes tarifários e recebeu um aporte governamental de 300 milhões de reais. O fundo também captou fortemente e encerrou 2023 perto de 400 milhões de reais. Estamos bem otimistas, por três principais razões: fundos novos sendo lançados, início da tributação de fundos exclusivos, aumentando a demanda por infraestrutura, e a nova lei das debêntures de infraestrutura, que deve reduzir a oferta. Também seis novos setores que vão poder começar a emitir, sendo os principais saúde, educação e parques urbanos. As carteiras vão diversificar um pouco mais, e o mercado vai crescer de uma forma geral.” Antônio Pedro, sócio e gestor dos fundos de debêntures de Infraestrutura da JGP
3o lugar — BTG Pactual Debêntures Incentivadas
“Nossa estratégia prioriza a escolha seletiva e a proximidade com as empresas emissoras para entender os riscos. Não tínhamos Light e Americanas, mostrando essa seletividade. Em 2023, nos posicionamos para ganhar com o fechamento da curva de juros. A postura ativa no mercado também foi um diferencial. Compramos muito no primeiro semestre, aproveitando o pós-evento Americanas para colocar ativos baratos na carteira. Quando vimos esses papéis se valorizando, fomos rápidos e vendemos mais caro. Não montamos uma carteira e seguimos, estamos sempre comprando e vendendo. Em 2023, empresas de saneamento foram a novidade, e rodovias também conseguiram capturar um bom resultado. Diversificação e foco em ativos líquidos são pontos que usamos para mitigar risco. Isso impulsionou a performance. Para 2024, estamos com boa perspectiva, prevendo entrada de recursos na indústria de fundos incentivados devido à reforma tributária, gerando mais liquidez, com novos emissores.” Eduardo Arraes, sócio e head dos fundos de crédito corporativo
Multimercado | Macro
Investe em diferentes classes de ativos (como renda fixa, ações, câmbio, juros e derivativos) com estratégia focada em indicadores e cenários macroeconômicos de curto e médio prazo
Estes gestores acertaram o timing de suas apostas com o cenário macroeconômico nos EUA e com o novo governo no Brasil
OS MELHORES DA CATEGORIA listados em ordem alfabética |
ABSOLUTE VERTEX |
ACE CAPITAL |
BTG PACTUAL DISCOVERY |
CLAVE ALPHA MACRO |
GENOA CAPITAL RADAR |
ITAÚ GLOBAL DINÂMICO BAIXA VOL |
JGP MAX |
KAPITALO K10 |
KINEA APOLO |
NEO PROVECTUS |
1o lugar — Neo Provectus
“Os responsáveis pelo nosso resultado em 2023 foram o mercado brasileiro de juros e, em menor proporção, o mercado de juros internacional. A visão do juro em queda e de um ciclo de corte maior e mais atrasado do que o mercado precificava fez com que montássemos nossas principais posições. Vendemos taxas em investimentos até três anos e boa parte do ano compramos taxas com vencimentos em cinco, sete anos. Lá fora, metade do resultado veio em operações de diferencial de taxa entre os países. Neste ano, diferente do que vimos em 2023, enxergamos o mercado bem precificado, ou seja, sem grandes oportunidades em juros. Acredito que há outros ativos que ainda devem se favorecer mais em 2024. O que temos feito dentro de cada um dos mercados é o que eu chamo de correr riscos mais específicos.Na parte de ações, existem alguns setores na bolsa, especialmente o de consumo, que na nossa análise têm condições de se beneficiar com os juros mais baixos. Estamos mais otimistas para os ativos de risco aqui no Brasil. A mesma coisa vale para o internacional.” Mario Schalch, gestor de multimercado da Neo Investimentos
2o lugar — Absolute Vertex
“O consenso global era que seria necessária uma recessão para fazer com que a inflação voltasse para as metas. Porém, achávamos que a probabilidade de essa convergência ocorrer sem ser gerada uma recessão era muito maior do que o mercado havia precificado. Acertamos a direção do que aconteceria, mas essa convergência ocorreu até mais rapidamente do que esperávamos. Dentro desse cenário, entendemos que a bolsa americana era o melhor ativo para ter e foi uma de nossas maiores posições. Esperávamos por alguma expansão de múltiplos. Isso ainda não aconteceu porque, em grande parte, os lucros acompanharam o crescimento dos preços das ações. Só que ainda devemos ver essa expansão de múltiplos, mesmo com lucros mais altos. Neste ano, deverá ser menos concentrado, mas as empresas de tecnologia deverão ser as mais beneficiadas novamente. Para o mercado, a bolsa já está cara nos Estados Unidos, não para nós. Temos vendido moeda chinesa contra o real. É uma aposta pessimista que serve de proteção para a perspectiva de alta da bolsa americana e ainda tem um carrego positivo.” Fabiano Rios, CIO da Absolute Investimentos
3o lugar — Clave Alpha Macro
“No ano passado, a macroeconomia teve dois grandes temas. Um global, com o final do ciclo econômico de aperto dos juros para controlar o processo inflacionário deixado pela pandemia. Nos Estados Unidos, isso levou a dinâmica do mercado de juros, em razão do aumento da dívida pública, a ficar semelhante ao de países emergentes, tornando mais difícil monetizar sobre ele. Outro tema foi o início do governo Lula e a decepção inicial do mercado. Isso levou a uma desvalorização no preço de diferentes classes de ativos, como bolsa, câmbio e renda fixa. Montamos posições mais otimistas considerando que o Brasil poderia sair na dianteira do corte de juros. Fomos surpreendidos pelo arcabouço fiscal — que não eliminou todos os riscos, mas trouxe uma regra de gastos — e pela reforma tributária. Nossa estratégia foi surfar a renda fixa e, quando ela começou a precificar o corte de juros na curva, migramos para a bolsa. Para 2024, acreditamos que os temas ainda serão a desinflação e o início de corte de juros globais. Além disso, vamos lidar com a desaceleração cíclica na economia da China.” Rodrigo Carvalho, sócio e CIO Macro, e Rubens Henriques, CEO e sócio-fundador da Clave
Multimercado | Macro Previdência
Possui premissas semelhantes às de um fundo multimercado macro, mas com benefícios fiscais voltados para a aposentadoria do investidor. Está sujeito às regulações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como todos os fundos, e da Superintendência de Seguros Privados, pelo caráter previdenciário
Os melhores gestores dessa categoria acertaram na aplicação de juros e de dólar no ano passado
OS MELHORES DA CATEGORIA listados em ordem alfabética |
ABSOLUTE VERTEX PREV |
ACE CAPITAL PREV |
BTG PACTUAL DISCOVERY PREV |
GÁVEA MACRO II PREV |
ITAÚ OPTIMUS TITAN FLEXPREV |
JGP PREV |
KINEA APOLO PREV |
KAPITALO KAPPA PREV |
KAPITALO K10 GLOBAL PREV |
VINLAND MACRO PREV |
“Trabalhamos durante dez anos criando a base da Kinea e treinando os colaboradores com a cultura da casa. Não queremos ser o melhor fundo em um mês e o pior no mês seguinte; buscamos consistência. Mas, se tivesse que indicar alguns pontos sobre nosso desempenho no último ano, diria que soubemos aplicar em juros no Brasil melhor que a média do mercado. Havia muito medo com a eleição do Lula, e muitos tinham receio de apostar na queda do juro. Identificamos a tendência primária e soubemos entrar e sair. O mesmo ocorreu no mercado de juros dos Estados Unidos: os juros fecharam muito com a quebra do SVB e apostamos na normalização. Também acertamos na compra do dólar. Para 2024, que deve ser um dos últimos anos de aperto monetário, os ativos de risco devem performar melhor. Estamos mais construtivos em bolsa global e também na renda variável brasileira. No geral gostamos de temas mais estruturais: somos essencialmente um fundo multimercado — temos 27 bilhões de reais sob gestão no segmento ante 120 bilhões de reais no acumulado da gestora. Para quem investe pelo produto de previdência, há uma oportunidade tributária, de acumular capital sem o come-cotas.” Ruy Alves, gestor da Kinea
“As posições em bolsa americana foram as que mais contribuíram para a performance do fundo no ano passado. Estávamos com uma cabeça diferente do consenso em relação à probabilidade de os Estados Unidos caírem numa recessão. Ainda estamos otimistas. Estamos no início de um ciclo de tomada de risco. A economia está muito bem, assim como as empresas, enquanto a inflação deverá seguir surpreendendo para baixo. É um período similar aos anos 1990, em que o desemprego era relativamente baixo, havia crescimento forte e uma ruptura tecnológica aparecendo, que era a internet. Desta vez, a inteligência artificial fará o papel de aumento de produtividade. Não consigo ver um cenário melhor para ações, especialmente para as americanas. Como em todo início de ciclo, deverá haver a valorização dos ativos até um ponto em que vão ficar caros, mas acho que ainda estamos longe disso. Como eu acho que a economia americana segue surpreendendo muito positivamente, acredito que há uma chance razoável de o dólar seguir forte. Seguimos comprados em bolsa americana e em dólar frente a uma cesta de moedas." Fabiano Rios, CIO da Absolute Investimentos
“Dentro da família Optimus, temos uma única estratégia: ser ou não de previdência é mais a natureza do produto que o critério de alocação. São 5,5 bilhões de reais sob gestão no produto de previdência e cerca de 35 bilhões de reais no grupo Optimus. Nos últimos anos tivemos posições bem-sucedidas em juros brasileiros e, em 2023, conseguimos aproveitar o bom resultado da bolsa no último trimestre. Já 2024 será um ano de grandes eventos — em especial a eleição presidencial nos Estados Unidos. Um grande ponto de atenção para os mercados é o início do ciclo de corte de juros por lá. Acreditamos que o mercado está otimista e será surpreendido. Será preciso esperar um pouco mais para ver os juros caindo nos EUA. Aqui no Brasil, tudo leva a crer que a parte monetária está bem encaminhada e que a volatilidade será menor no curto prazo. Nosso diferencial para navegar neste cenário é o controle de risco e o foco no drawdown [taxa de oscilação entre o preço máximo e o mínimo de um ativo]. Pablo Salgado, gestor da família Optimus na Itaú Asset
Multimercado | Long & Short
Combina estratégias compradas (long) em ações, com ganho na valorização do ativo, com posições vendidas (short), que visam a queda de preços
Os melhores gestores desta categoria buscam oportunidade além do óbvio, mas com controle de risco
OS MELHORES DA CATEGORIA listados em ordem alfabética |
AZ QUEST TOTAL RETURN |
BTG PACTUAL ABSOLUTO LS |
CLARITAS LONG SHORT |
IBIUNA LONG SHORT STLS |
MERAKI EQUITY HEDGE |
REAL INVESTOR |
SAFRA KEPLER EQUITY HEDGE |
SHARP LONG SHORT 2X |
SOLANA LONG AND SHORT |
TÁVOLA EQUITY HEDGE 15 |
“No início do ano passado, estávamos cautelosos e mantivemos a posição de vendido no índice small caps. E, por mais que algumas de nossas ações não estivessem performando bem, de um ponto de vista absoluto, tinham um bom retorno em relação ao resto do mercado. A partir do segundo trimestre, com o fechamento da curva de juros, reavaliamos e diminuímos o peso desse índice. Acreditamos que não adianta ficar neutro e com uma exposição zero, embora não concentremos posições superiores a 5% no fundo. Inclusive, as principais do ano passado — e que são as mesmas que começamos em 2024 — são Orizon, Eletrobras, Itaú, Copel, Ambipar, Hapvida, Lojas Renner, Localiza, Vibra e Eneva. Hoje, o produto conta com 520 milhões de reais sob gestão e quase 3.000 cotistas. A nossa forma de construir a carteira leva em consideração dois fatores importantes: o primeiro é o valor que há no investimento em determinada empresa; e o segundo é ciclo, que ajuda a entender o que está precificado no ativo e os riscos da aplicação.” Gustavo Constantino, gestor do Távola Equity Hedge
“A estratégia desse fundo é replicar as ações que eu tenho no multimercado long e ficar vendido em Ibovespa futuro. O Ibovespa é um índice limitado. Ele tem as maiores empresas e com mais liquidez, mas não necessariamente com as melhores oportunidades. Eu deixo o caixa aplicado em CDI. Além disso, estratégia é uma equação. É o resultado da minha carteira long menos o resultado da carteira short, que nesse caso é o Ibovespa. Eu sou otimista que conseguimos um alpha da carteira long em relação a short e mais o CDI. Este é importante para nossa gestora. Quando a pessoa investe no nosso fundo de ações e a bolsa sobe, o investidor fica feliz. Mas, quando a bolsa vai mal, vamos supor que o Ibovespa caiu 20%, mesmo se eu fizer um bom trabalho no fundo long e cair 5%, por exemplo, o cliente não fica feliz. No fundo Long Short tentamos amenizar um pouco esse risco direcional de mercado. Não interessa se a bolsa sobe ou se a bolsa cai. Interessa que a minha carteira comprada tem que ir melhor do que a vendida e eu ganho o CDI. E isso pode ser verdade até com o resultado negativo. É uma estratégia de que gostamos muito, principalmente, no Brasil.” Cesar Paiva, sócio-fundador e gestor da Real Investor
“A Kepler tem entre os seus pilares o suporte de uma equipe robusta a fim de olhar em detalhes os indicadores e desenhar as perspectivas macro e microeconômicas. No começo de 2023 tivemos a quebra do Silicon Valley Bank, nos Estados Unidos, e o caso das Americanas aqui. Por isso, a nossa estratégia foi fugir do óbvio e buscar oportunidades nas assimetrias. Na ponta comprada, tivemos ganhos com o setor de telecom, diminuindo e aumentando a distribuição da carteira com Tim e Vivo ao longo dos meses. Apostamos na Embraer, que é um papel deixado de lado por ser dolarizado, mas tinha uma avenida grande de crescimento para o ano. Encontramos oportunidade também na EcoRodovias, que estava com o preço descontado e cresceu mais de 100%. Na ponta vendida, no primeiro semestre ficamos com consumo discricionário, mas, quando a economia americana começou a dar sinais de arrefecimento e os ativos de risco tomaram outra direção, mudamos para comprado. Também encontramos assimetria nos derivativos, sendo que commodities operaram short praticamente o ano todo, com estrutura de defesa das posições.” Rodrigo Andrade, gestor do Safra Kepler Asset
Ações | Long Only
Aplica apenas com a posição comprada, apostando sempre na valorização das ações em que investe
Estes gestores fizeram uma análise minuciosa em busca de empresas baratas e com potencial de crescimento
OS MELHORES DA CATEGORIA listados em ordem alfabética |
ALASKA BLACK I |
BRASIL CAPITAL |
GUEPARDO INSTITUCIONAL |
NAVI FENDER |
OCEANA VALOR |
REAL INVESTOR AÇÕES |
SHARP EQUITY VALUE |
SPX PATRIOT |
SQUADRA LONG ONLY |
TORK LONG ONLY |
1o lugar — Real Investor Ações
“O que fazemos é bastante simples. Estamos sempre buscando investir em boas empresas e que estão negociando a preços atrativos. Eu até brinco que é fácil ganhar dinheiro na bolsa. O problema é que geralmente todo mundo sabe quais são as boas empresas, e elas estão caras. Tentamos achar boas empresas e com bons preços. Seguimos a filosofia do value investing. Acreditamos que existe um valor da empresa e o preço dela em bolsa. Compramos papel de empresas que estão abaixo do valor justo. Se estivermos certos, no longo prazo essa empresa vai se valorizar. E, se eu estiver errado, o preço que eu pago é inferior ao preço que eu acho. Posso até perder dinheiro, mas pouco. Temos uma margem de segurança. Gostamos de diversificar. Investimos em empresas que já são boas e têm bom histórico de crescimento, lucro e boa rentabilidade, e perspectivas favoráveis. Temos na carteira ações de bancos, seguradoras, empresas de utilities, exportadoras, shopping centers e consumo. Diversificamos os fatores de risco. Temos um pezinho em vários setores para que, independentemente do cenário, possamos nos sair bem. Buscamos empresas que o mercado não esteja avaliando de maneira correta. Muitas vezes encontramos boas empresas, que talvez não estejam em um bom momento, mas que, olhando para a frente vão melhorar.” Cesar Paiva, sócio-fundador e gestor da Real Investor
2o lugar —Alaska Black I
“Desde o início da Alaska, mantivemos a estratégia de alocar recursos em empresas de capital aberto com preços descontados em relação ao que consideramos seus valores justos. Fazemos a estimativa por meio da modelagem dos fluxos de caixa em prazos longos e temos um portfólio diversificado, composto de companhias que apresentam a melhor relação de risco retorno, e consideramos também a liquidez do ativo ao montar a posição. Em 2023, nossos ganhos mais significativos foram provenientes de investimentos em empresas relacionadas a commodities, estatais e ao setor educacional. No caso do Alaska Black BDR, também contribuíram para o retorno do fundo no ano a posição vendida em dólar contra o real e em menor magnitude a posição em juros. Além disso, implementamos um rígido gerenciamento de liquidez, e os recursos proprietários dos sócios da gestora representaram uma parcela relevante do capital sob gestão, proporcionando uma segurança adicional na composição do portfólio. Hoje, a Alaska administra 18,9 bilhões de reais, distribuídos em 55% de mandatos estrangeiros, 30% de capital proprietário e 15% provenientes do varejo.” Henrique Bredda, gestor do Alaska Asset
3o lugar — Oceana Valor
“Temos uma gestão diferente do mercado. Avaliamos a companhia como se ela passasse por um período de estresse e projetamos, por exemplo, quanto o volume de vendas e a margem poderiam cair nesse cenário. Se a empresa terá um ciclo de endividamento crescente, se terá aumento de capital no pior momento possível ou se continuará gerando caixa livre para os acionistas. É sob essa perspectiva que escolhemos os investimentos. Se nessa projeção de estresse acreditamos que a empresa tem um retorno adequado, compramos. O que queremos é ter uma taxa interna de retorno de inflação mais 7%. Isso é o mínimo para alocar capital. Este fundo é o mais antigo da casa e foi criado para bater o Ibovespa. De 15 anos de existência, ele ganhou em 14 anos. Temos uma postura defensiva e focada em não perder dinheiro. Buscamos margem de segurança, e não upside. Queremos investimentos fora do consenso, em que as pessoas têm mais dúvidas. E fazemos um mergulho profundo, com uma rede de contatos bem ampla, que passa por fornecedores, empresas concorrentes de capital fechado, clientes e reguladores. Tentamos montar esse quebra-cabeça para entender as dinâmicas competitivas em cada indústria.” Alexandre Resende, sócio-fundador da Oceana Investimentos
Ações | Long Bias
Investimentos com estratégias entre long e short, porém com maior viés de posição comprada
Com olhar atento e antecipando cenário, estes gestores encontraram as melhores oportunidades no mercado
OS MELHORES DA CATEGORIA listados em ordem alfabética |
ABSOLUTE PACE LONG BIAS |
CLAVE TOTAL RETURN |
DAHLIA TOTAL RETURN |
IBIUNA LONG BIASED |
NAVI LONG BIASED |
OCEANA LONG BIAS |
SHARP LONG BIAS |
SPX FALCON |
SQUADRA LONG BIAS |
TORK |
1o lugar — Squadra Long Bias
A gestora não quis comentar a estratégia do fundo.
2o lugar — Tork
“Somos focados em investimentos em ações e temos aproximadamente 2 bilhões de reais sob gestão. Neste fundo, estamos comprados entre 50% e 100% em ações. Combinamos a estratégia de bottom-up com ciclos de mercado. Tentamos juntar um pouco dos dois. Fazemos uma análise fundamentalista bem profunda das empresas para entender alguns fatores, como se o negócio é rentável, se tem potencial de crescimento, o histórico de quem está à frente do negócio, se a companhia está preparada para desafios atuais e futuros. Além disso, avaliamos os riscos e o valuation. Fazemos essa avaliação micro dos ativos. Isso não significa comprar uma cesta de varejo. Olhamos casos específicos junto com a visão de ciclo de mercados. Tentamos entender onde estamos no ciclo de juros, focando grandes movimentos de juros, inflação, e correlacionar com o nível de bolsa. Olhamos o valor atual e o histórico. Assim, conseguimos avaliar se a perspectiva está em queda de juros e se temos isso no preço do ativo. Gostamos de empresas que estejam passando por mudanças transformacionais e que tenham potencial de melhora de rentabilidade. Além disso, temos na carteira empresas que apresentam trajetórias ascendentes e que acumulam bons resultados, como Equatorial.” Marcelo Magalhães, sócio e gestor da Tork Capital
3o lugar — Absolute Pace Long Bias
“O diferencial de nosso long biased é que nós variamos bastante as proporções vendidas e compradas, dependendo da análise do cenário macroeconômico. Como a gestora é robusta nessa área, com pessoas olhando para Estados Unidos, China, Europa e outras regiões, esse tipo de informação chega precisa e ajuda a nossa equipe a focar mais a análise fundamentalista das ações. No ano passado, isso foi importante para que conseguíssemos ganhar dinheiro com a bolsa americana. Outra característica é que costumamos estar mais vendidos do que a média da indústria, podendo variar de 40% a 50% do fundo, entre posições long and short e direcionais. Então, analisamos todos os tipos de empresa e procuramos potenciais armadilhas em seus balanços. Isso também faz com que a gente evite cair em armadilhas na ponta comprada. Para este ano estamos otimistas com empresas com receita corrigida pela inflação, como administradoras de shoppings e companhias de setores regulados. Essa é a nossa maior posição, mas também temos uma perspectiva para ações de empresas atreladas ao ciclo econômico doméstico.” Christian Faricelli, sócio e gestor de ações da Absolute
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