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Visão Global | O risco da falta de peças

Um dos maiores riscos econômicos da epidemia do novo coronavírus Covid-19 é a interrupção do fornecimento de peças produzidas na China

Funcionários em uma fábrica de televisores em Shenzhen, na China: 10% dos bens intermediários exportados no mundo são produzidos na China | Jason Lee/Reuters /

Funcionários em uma fábrica de televisores em Shenzhen, na China: 10% dos bens intermediários exportados no mundo são produzidos na China | Jason Lee/Reuters /

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Filipe Serrano

Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 05h00.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 15h41.

Um dos maiores riscos econômicos da epidemia do novo coronavírus Covid-19 é a interrupção do fornecimento de peças produzidas na China que abastecem as fábricas localizadas em outros países. Esses componentes — que na linguagem dos economistas são chamados de bens intermediá-rios — são fundamentais para a fabricação de todo tipo de produto, desde smartphones até robôs industriais. A falta de um ou outro item pode paralisar toda uma cadeia de produção, como tem ocorrido em vários países. A Apple, por exemplo, já alertou que as vendas de iPhones no primeiro trimestre deverão ser prejudicadas por causa da falta de suprimentos.

No Brasil, a fabricante sul-coreana LG decidiu dar férias coletivas aos funcionários de uma fábrica de celulares e monitores localizada em Taubaté, no interior de São Paulo. Hoje, de todos os bens intermediários exportados no mundo, 10% são feitos na China. A dependência é ainda maior no caso de alguns segmentos, como eletrônicos, equipamentos elétricos e têxteis, segundo uma análise da consultoria Oxford Economics, ligada à Universidade de Oxford, no Reino Unido. Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão são os que mais importam bens intermediários da China, mas outros países também estão expostos. No Brasil, 20% dos bens intermediários importados têm origem chinesa. Ainda levará tempo para que toda a produção industrial no mundo seja normalizada.


ESTADOS UNIDOS

OS AMERICANOS ESTÃO SE MUDANDO MENOS

Família em mudança: nunca tão poucos americanos mudaram de endereço | Thomas Barwick/Getty Images

Durante muito tempo, uma das características do mercado de trabalho dos Estados Unidos era a alta mobilidade dos trabalhadores do país. Uma pessoa que perdia o emprego em uma cidade, por exemplo, acabava se mudando facilmente para outro município ou estado em busca de oportunidades. Esse costume, no entanto, está em queda. Em 2019, só 9,8% dos americanos mudaram de endereço. É o menor índice já registrado desde 1947. O que se vê é que, agora, os americanos têm preferido ficar perto de onde já vivem.


JAPÃO

O NÚMERO DE IMIGRANTES CRESCEU

Tóquio, no Japão: com mais estrangeiros, a economia japonesa ganha dinamismo | Koukichi Takahashi/Eyeem/Getty Images

Visto no passado como um país avesso à entrada de imigrantes, o Japão tem aos poucos se tornado mais aberto a quem chega de fora. Na última década, o número de trabalhadores estrangeiros triplicou e já passa de 1,4 milhão de pessoas. Embora a proporção de imigrantes ainda seja bem menor do que em outros países desenvolvidos, o crescimento é notável. Isso é resultado direto das políticas do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe para flexibilizar a entrada de imigrantes desde 2012. O Vietnã, as Filipinas e a China são os principais países de origem dos trabalhadores estrangeiros. A maior parte trabalha na indústria, em hotéis, em restaurantes e no varejo. A política de abertura foi elogiada num relatório recente do Fundo Monetário Internacional. A entrada de imigrantes torna o mercado de trabalho mais dinâmico, o que pode ajudar num momento em que a economia do país está em dificuldade.

 

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