Revista Exame

7 Perguntas — O petróleo ainda é pop

Diretor sênior do Centro de Estudos de Energia do Baker Institute, da universidade americana Rice, professor vê demanda crescente pelos combustíveis fósseis

Kenneth Medlock: os emergentes puxam o consumo de petróleo (Julio Cesar Guimarães/Divulgação)

Kenneth Medlock: os emergentes puxam o consumo de petróleo (Julio Cesar Guimarães/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2018 às 05h02.

Última atualização em 28 de setembro de 2018 às 16h18.

O aumento da geração de energia solar, eólica e elétrica tem levantado dúvidas sobre o futuro do petróleo. Mas o avanço econômico dos países emergentes vai continuar garantindo a demanda pelos combustíveis fósseis, na opinião de Kenneth -Medlock, diretor do Centro de Estudos de Energia do Baker Institute, da Universidade Rice, nos Estados Unidos. O acadêmico falou a EXAME por telefone antes de viajar ao Brasil para participar do seminário internacional Rio Oil & Gas, realizado na capital fluminense na última semana de setembro.    

Com a expansão das fontes alternativas de energia, pode-se dizer que o fim dos combustíveis fósseis está próximo?

O petróleo e o gás natural não estão desaparecendo da matriz energética mundial, porém o consumo tem características diferentes hoje. Enquanto a demanda nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico encontra-se estável ou até recua em certas áreas, os emergentes continuam usando muito esses combustíveis.

Quais regiões vão demandar mais petróleo no futuro?

A China e a Índia, com sua população total de 3 bilhões de pessoas e crescimento econômico de 6% ao ano, devem puxar o consumo nos próximos 30 anos. Também há grande potencial na América Latina, no Oriente Médio e na África Subsaariana. Mesmo que a participação do petróleo e do gás na matriz energética mundial diminua, no final o volume vendido ainda vai ser maior porque a demanda total por energia está aumentando.

Por que, apesar dessa perspectiva, as grandes companhias do setor estão investindo em outras áreas que não o petróleo?

As empresas estão basicamente atendendo ao apelo ecológico do consumidor dos Estados Unidos e da Europa. As companhias mudam um pouco seu portfólio, podem até trocar de nome, mas seu negócio central continua sendo petróleo e gás.

Quais são as maiores implicações geopolíticas dessa transformação mundial?

O hemisfério ocidental está ganhando cada vez mais importância na produção e no consumo de combustíveis fósseis. O centro dessa significativa mudança está no Canadá, no México, na Venezuela, no Brasil e na Argentina.

De que maneira o Brasil, novato na produção em grande escala de petróleo, pode se beneficiar desse movimento?

O Brasil desenvolveu uma avançada tecnologia de extração de petróleo no mar. É impressionante como o setor tem sido bem-sucedido, com o esforço do governo. No longo prazo, o maior desafio para o Brasil é melhorar sua infraestrutura para conseguir produzir gás natural a preços mais baixos para suprir a demanda das regiões emergentes.

Para o setor de petróleo e gás, o que representa a expansão de alternativas energéticas?

A inovação na produção de energia, que aumenta a eficiência e diversifica as fontes, acaba sendo positiva para todo o setor. Surgem novas tecnologias e melhora a capacitação dos trabalhadores, e assim o ambiente competitivo segue se transformando. 

Para onde vão os preços do petróleo agora?

Continuaremos a ver as altas e baixas típicas desse mercado. Como é um setor que demanda grandes investimentos de capital, às vezes, no ciclo, as empresas precisam de preços maiores para poder avançar. No longo prazo, nossos estudos indicam que os preços devem ficar perto do patamar que vemos atualmente. 

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisEnergia elétricaEnergia eólicaEnergia solarPetróleo

Mais de Revista Exame

Melhores do ESG: os destaques do ano em energia

Melhores do ESG: os destaques do ano em telecomunicações, tecnologia e mídia

ESG na essência

O "zap" mundo afora: empresa que automatiza mensagens em apps avança com aquisições fora do Brasil

Mais na Exame