Eletrobras: a privatização da empresa pode inspirar outras estatais, acreditam os investidores | Cesar Diniz/Pulsar Imagens / (Cesar Diniz/Reprodução)
Revista EXAME
Publicado em 25 de agosto de 2017 às 05h44.
Última atualização em 25 de agosto de 2017 às 05h44.
O anúncio de que o governo pode vender parte de sua participação na Eletrobras — e, assim, privatizar a companhia — valorizou as ações de quase todas as empresas de energia elétrica. Os papéis da Eletrobras foram os que mais subiram — no dia seguinte ao anúncio, a alta beirou os 50% —, enquanto o índice de ações de energia subiu 4%. Os investidores interpretaram a decisão de privatizar a Eletrobras como um sinal de que o governo pretende criar uma regulamentação mais favorável ao investimento privado no setor de energia.
Uma medida provisória sobre o assunto já passou por audiência pública e deve ser editada em outubro. Além disso, os analistas acreditam que a iniciativa do governo federal na Eletrobras poderá inspirar os governos estaduais que são donos de empresas de energia, como Cemig e Copel, a seguir o mesmo caminho. Os analistas esperam detalhes do plano de venda da Eletrobras e também da medida provisória para fazer novas projeções e indicar quais ações ainda são boas alternativas depois da alta recente. Por enquanto, a ação mais recomendada do setor elétrico é a da Energisa, segundo a empresa Thompson Reuters, que melhorou os resultados depois de um programa de corte de custos e ganho de eficiência.
RENDA FIXA
TÍTULOS COM ISENÇÃO DE IMPOSTOS VALEM A PENA
Apesar da queda dos juros promovida pelo Banco Central, vale a pena investir em algumas das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e das Letras de Crédito Agrícola (LCAs) com rendimento atrelado ao CDI. Os bancos Bancoob e Original emitiram em julho LCAs com vencimento em três meses e rentabilidade de 87% do CDI. O banco Sofisa emitiu uma LCI com vencimento em seis meses e rendimento de 91%, segundo um levantamento da startup Yubb, que pesquisa produtos financeiros. Esses títulos têm isenção de imposto de renda — um papel sem o benefício fiscal teria de render entre 112% e 117% do CDI para ter um retorno líquido semelhante, algo raro no mercado. Os especialistas recomendam investir em LCIs e LCAs com prazo de até um ano. Para investimentos de prazo mais longo, há opções mais vantajosas com liquidez no Tesouro Direto.
PARA LEMBRAR
IMÓVEL DE 2 QUARTOS
Os apartamentos de dois dormitórios são os mais procurados por quem quer comprar e alugar um imóvel no Brasil. É o que mostra uma pesquisa feita pelo site de venda de imóveis Zap com base nas buscas feitas por seus usuários em 30 cidades. Quase metade das buscas entre julho de 2016 e junho de 2017 envolveram esse tipo de imóvel. Os apartamentos menos procurados são os de quatro dormitórios, com 2% do total das buscas para aluguel e 5% para compra.
PARA ESQUECER
AÇÕES DA CIELO
As ações da processadora de cartões Cielo já estiveram entre as mais indicadas da bolsa, em razão da elevada lucratividade. Hoje, porém, menos da metade dos analistas recomenda os papéis. Um problema são seus resultados, que pioraram: as receitas caíram 8%, e a geração de caixa, 6%, no primeiro semestre. Outro é o preço das ações, que já subiu demais, de acordo com o banco UBS. No ano, as ações da Cielo caíram 2%.
AÇÃO DA SABESP
À ESPERA DA DA NOVA TARIFA
Depois de as empresas de saneamento de Minas Gerais e do Paraná passarem por processos conturbados de revisão tarifária, é a vez da companhia de São Paulo, a Sabesp. Os analistas esperavam uma autorização para reajustar as tarifas em cerca de 12%, mas um parecer preliminar da agência reguladora indicou apenas 4,4%. É possível que o percentual aumente até a definição final, prevista para abril — foi o que aconteceu com as empresas de Minas e do Paraná, autorizadas a reajustar as tarifas em, respectivamente, 8,7% e 8,5% (mais sete parelas anuais de 2,11%). Mas a indefinição e os resultados abaixo do esperado da Sabesp no segundo trimestre fizeram as ações cair 11% nos últimos 30 dias.
ENTREVISTA
A gestora escocesa Aberdeen Standard Investments tem 25 bilhões de reais investidos na B3 (novo nome da BM&F Bovespa). Para Peter Taylor, diretor de renda variável para o Brasil da gestora, as ações de empresas brasileiras estão caras — mas só para quem pensa no curto prazo.
Vale a pena continuar investindo na bolsa brasileira?
Sim, desde que o investidor tenha uma perspectiva de longo prazo. A economia brasileira não vai se recuperar em 2017 nem em 2018. Mas, quando houver uma retomada de fato, os lucros das empresas darão um salto. Quem tiver ações vai se beneficiar. Por isso estamos investindo.
Haverá eleições em 2018 e o cenário é incerto. O risco de comprar ações agora não é muito alto?
O risco está associado às expectativas e, hoje, elas são positivas. Acredito que a política de reformas vai continuar, qualquer que seja o resultado da eleição presidencial.
Que ações brasileiras são as mais promissoras, na sua opinião?
Acreditamos na volta do consumo interno e, por isso, investimos em ações de varejistas como Arezzo, Hering e Renner. Também temos papéis das administradoras de shoppings Iguatemi e Multiplan e dos bancos Bradesco e Itaú.
Que ações está evitando?
Não gostamos de ações de empresas sujeitas a interferências políticas, como as de saneamento, energia e infraestrutura. Não queremos adicionar riscos desnecessários ao portfólio.
CRÉDITO
UMA ALTERNATIVA MAIS BARATA
As cooperativas de crédito triplicaram de tamanho desde 2010 em total de ativos. “As altas taxas de juro praticadas pelos bancos abriram caminho para o crescimento de formas alternativas de crédito”, diz um relatório da agência de classificação de riscos Fitch Ratings. Os juros cobrados nas linhas de crédito pessoal são cerca de 60% mais baratos nas cooperativas do que nos grandes bancos. Para contratar esses empréstimos, consumidores e empresários precisam se associar a cooperativas e fazer um depósito inicial, que tem rendimento semelhante ao CDI. Quando a cooperativa dá lucro, recebem dividendos proporcionais ao valor do depósito. A melhora na regulação atraiu associados. Em 2014, foi criado um fundo garantidor de créditos para o sistema que devolve o dinheiro dos clientes caso a cooperativa quebre.