Revista Exame

“O capitalismo é a arma contra a pobreza”, afirma Narayana Murthy, da Infosys

Fundador da empresa indiana de TI que que fatura 6 bilhões de dólares, Murthy defende a criação de uma cultura empreendedora nos países emergentes

Narayana Murthy: “A longevidade é a melhor medida do sucesso e da qualidade das empresas” (Namas Bhojani/Getty Images)

Narayana Murthy: “A longevidade é a melhor medida do sucesso e da qualidade das empresas” (Namas Bhojani/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2011 às 08h00.

São Paulo - Em visita ao Brasil, para participar da reunião anual do conselho da escola de negócios Fundação Dom Cabral, Narayana Murthy, de 65 anos, um dos empresários asiáticos mais respeitados no Ocidente, defende que as empresas premiem seus funcionários com ações para incentivar o empreendedorismo.

1) EXAME - O senhor é conhecido como um grande defensor da economia de mercado. Como isso começou?

Murthy - Particularmente para mim, não foi difícil passar de um esquerdista confuso para um capitalista determinado. Quando era jovem, fui trabalhar na França, onde entendi que a única maneira de tirar as sociedades da pobreza é por meio do empreendedorismo e do capitalismo. Ainda nos anos 70, decidi que precisava voltar para a Índia e defender esses conceitos. Foi a partir daí que fundamos a Infosys.

2) EXAME - Qual é a sua receita para forjar uma cultura voltada para o empreendedorismo?

Narayana Murthy - É preciso melhorar os mecanismos de acesso ao capital para os empreendedores. A troca de experiências também é fundamental. É necessário criar uma plataforma em que empresários e empreendedores troquem conhecimentos, falem sobre suas dificuldades e sobre seus casos de sucesso. 

3) EXAME - E dentro das empresas?

Murthy - Os profissionais precisam se sentir valorizados e confiar uns nos outros. Para que a empresa prospere, é fundamental que um colega não tema ser traído por outro.

E é preciso que haja a certeza de que todos vão fazer todo o possível para que a companhia dê certo. Uma das melhores formas de fazer isso é permitir que os funcionários possam comprar participação e se tornar sócios da empresa. 

4) EXAME - O senhor montou uma multinacional a partir da Índia. Quais são os maiores desafios dos países emergentes?

Murthy - Um dos principais é justamente forjar uma cultura favorável ao empreendedorismo. É crucial criar um sistema de recompensa pelo trabalho bem-feito. Isso é ser capitalista.

5) EXAME - No Brasil, assim como em outros emergentes, há uma escassez de talentos. Existe solução para esse problema?

Murthy - É curioso notar que ganhar escala e ter custo baixo, dois dos principais objetivos das empresas, é também importante na área da educação. Acredito que a tecnologia será decisiva nesse segmento. Recursos como a internet e as salas de telepresença permitem levar educação de qualidade para muitos alunos e a custos baixos. Esse é o caminho.

6) EXAME - Em várias oportunidades, o senhor falou com admiração de empresas com várias décadas de existência. Por quê?

Murthy - Uma empresa longeva já ultrapassou vários ciclos econômicos, sabe melhor como apertar o cinto em tempos difíceis e como crescer com dinamismo quando a economia vai bem. Nada atesta melhor o sucesso e a qualidade de uma corporação do que seus anos de existência.

7) EXAME - Esse desafio é maior no setor de TI, onde tudo se transforma rapidamente?

Murthy - Em todos os setores, há dois aspectos. Um deles é permanente: os valores. O segundo é a relevância para o cliente, algo que se transforma com o tempo. No meu setor, isso muda constantemente. O melhor antídoto para se manter relevante é a inovação.

Acompanhe tudo sobre:Edição 1000EmpreendedoresEmpreendedorismoEmpresas indianasempresas-de-tecnologiaPaíses emergentesPequenas empresasPobreza

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025