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Visão Global – Bônus educacional vai impulsionar a economia

O Banco Mundial aponta que, em 20 anos, o número de trabalhadores bem qualificados deverá dar um salto, o que terá enorme impacto na economia global

Escritório de uma startup na China: nos próximos 20 anos, haverá um acréscimo de 500 milhões de trabalhadores bem qualificados no mundo | Tomohiro Ohsumi/Getty Images /

Escritório de uma startup na China: nos próximos 20 anos, haverá um acréscimo de 500 milhões de trabalhadores bem qualificados no mundo | Tomohiro Ohsumi/Getty Images /

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Filipe Serrano

Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 05h31.

Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 08h14.

Um relatório do Banco Mundial publicado em janeiro chamou a atenção para uma tendência na economia global que, até agora, vinha sendo praticamente ignorada por economistas e analistas. Nos próximos 20 anos, o número de trabalhadores bem qualificados deverá dar um salto no mundo, passando de 1,66 bilhão para 2,16 bilhões até 2040. Isso significa que, em pouco mais de duas décadas, haverá um acréscimo de meio bilhão de trabalhadores de alta qualificação — aqueles com nove anos ou mais de estudo.

O que também chama a atenção é que o crescimento será impulsionado exclusivamente pelos países emergentes. Índia e China deverão puxar a fila, mas países da África, da América Latina e do Sudeste Asiático também terão uma participação significativa. Nos países desenvolvidos, a tendência é inversa: o número de trabalhadores qualificados deverá cair por causa do encolhimento demográfico.

O Banco Mundial chama a tendência de “onda educacional” dos emergentes e, para os autores da pesquisa, ela deverá provocar uma mudança tão significativa — ou até maior — quanto a onda anterior nos anos 90, provocada pela integração da China e dos países do bloco soviético à economia mundial. Naquela década, o número de assalariados subiu de 1,5 bilhão para 2,9 bilhões. O movimento tirou centenas de milhões de pessoas da pobreza, mas boa parte dos que entraram no mercado de trabalho tinha baixa qualificação, trabalhava longas jornadas e era mal remunerada. Agora, os filhos e os netos daquela geração estão muito mais bem preparados.

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Escola infantil em Nova Orleans: as profissões ligadas à educação deverão ganhar ainda mais espaço | Melanie Stetson Freeman/Getty Images

ESTADOS UNIDOS

O FUTUDO DOS EMPREGOS

Nos últimos anos, os economistas têm alertado para os possíveis prejuízos da automação no mercado de trabalho, com a redução do número de vagas. Alguns estudos já estimaram que quase metade dos empregos nos Estados Unidos poderia desaparecer por causa do avanço tecnológico. Agora, uma nova pesquisa do grupo educacional britânico Pearson, da consultoria em inovação Nesta e da Oxford Martin School — um braço da Universidade de Oxford, no Reino Unido —, publicada em janeiro, faz uma previsão menos catastrófica, levando em conta também o efeito positivo da tecnologia na geração de empregos.

O resultado é que, embora 18% dos trabalhadores americanos hoje estejam empregados em profissões que tendem a perder espaço até 2030, outros 9% estão em áreas que deverão atrair cada vez mais pessoas. São profissões ligadas a educação, saúde, cuidados com animais ou que exigem habilidades de raciocínio e comunicação interpessoal. Já os empregos com funções repetitivas tendem a diminuir. É possível que nem todos os profissionais se adaptem, mas os pesquisadores acreditam que poderá ser feita uma transição para um mercado de trabalho ligado ao conhecimento.

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Acidente no México: é preciso fazer mais para reduzir a mortalidade no trânsito | Mario Castillo/Reuters

AMÉRICA LATINA

CAMPEÃ DE ACIDENTES

A mortalidade no trânsito é um problema global que tem efeitos trágicos não apenas para as famílias das vítimas mas também para a economia como um todo. A ONU estima que os prejuízos cheguem a 3% do PIB nos países em desenvolvimento. A América Latina está entre as regiões onde a taxa de mortalidade é mais alta, bem acima da média da União Europeia. Um relatório recente da OCDE afirma que é preciso tomar medidas mais firmes para reduzir as mortes. Entre as recomendações está aumentar a segurança para pedestres e motociclistas (as maiores vítimas), combater os motoristas que dirigem bêbados e melhorar as condições das estradas.

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