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Este foi o ano do varejo na bolsa — se a Selic cair, 2026 será ainda melhor

Expectativa de corte de juros em 2026 já destrava a valorização de varejistas, sobretudo para as mais alavancadas

Fabio Adegas, CEO da Renner: “Do ponto de vista do valuation das empresas na bolsa, a simples redução dos juros já gera um valor mais alto.” (Leandro Fonseca/Exame)

Fabio Adegas, CEO da Renner: “Do ponto de vista do valuation das empresas na bolsa, a simples redução dos juros já gera um valor mais alto.” (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h04.

Embora seja difícil prever o momento exato do primeiro corte da Selic em 2026, economistas são praticamente unânimes: os juros devem cair. E uma redução tende a melhorar o poder de consumo, o que é favorável especialmente para o varejo.

“Do ponto de vista do valuation das empresas na bolsa, a simples redução dos juros já gera um valor mais alto. Isso permite que os valores sejam trazidos a valor presente com um patamar muito maior, já que não são tão corroídos pelos juros altos”, segundo CEO da Renner, Fabio Adegas, em coletiva à imprensa no início de dezembro.

Ricardo Peretti, estrategista da Santander Corretora, cita C&A, Renner, Vivara e RD Saúde como as queridinhas do banco. “No geral, vimos um primeiro semestre bom, sobretudo ao considerarmos que no mesmo período de 2024 tivemos as enchentes do Rio Grande do Sul. Os resultados vêm desacelerando na segunda parte do ano, principalmente pelo cenário de juros altos e poder de consumo baixo. Mas nada desesperador”, salienta.

As ações do Ibovespa viram boa parte de seus ganhos vindo do investidor estrangeiro neste ano. Apesar de um fluxo bem menor comparado a setores como bancos ou energia, algumas das varejistas mais líquidas, como a RD Saúde e a Renner, também receberam parte desse fluxo de compra.

“Com a expectativa de corte, vemos neste fim de ano compradores locais voltando a contribuir”, afirma Peretti. O que pode fazer com que as ações das varejistas subam mais ou menos é a magnitude do corte. “Se for um corte além dos 275 bps [o equivalente a 2,75%], há espaço para valorização. Menos porque achamos que haverá um grande aumento do consumo, mas mais pela sensibilidade dos investimentos aos juros, sobretudo quando falamos de empresas muito alavancadas.”

Entre os setores que devem se beneficiar mais do aumento do consumo estão os de produtos não essenciais, como vestuário, cosméticos e viagens. Do outro lado, no setor de drogarias e atacarejos, o tema sobre corte de juros é menos relevante para o consumo. “Uma pessoa não costuma comprar um antigripal a mais porque o preço está mais baixo”, avalia o estrategista.

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