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No ano da retomada, exportadoras de produtos básicos brilham no país

Na volta do crescimento, após cinco anos de queda, as exportadoras de produtos básicos fizeram a diferença, segundo levantamento de MELHORES E MAIORES

Embraer: a líder em manufaturados teve queda de 23% na exportação | Germano Lüders

Embraer: a líder em manufaturados teve queda de 23% na exportação | Germano Lüders

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2018 às 05h00.

Última atualização em 2 de agosto de 2018 às 05h00.

A economia global mais aquecida e a alta nos preços de algumas commodities impulsionaram as exportações brasileiras em 2017. Depois de cinco anos seguidos de queda, as vendas externas do Brasil cresceram 18%, somando quase 218 bilhões de dólares. O bom desempenho foi puxado pelos produtos básicos. A exportação de commodities aumentou 28%, ante um crescimento mais modesto de 9% no embarque de produtos industrializados. Esses números se refletiram no ranking das maiores exportadoras do país elaborado pela Fipecafi, fundação ligada à Universidade de São Paulo responsável pelo levantamento de dados de MELHORES E MAIORES 2018, que chegará às bancas no dia 16 de agosto. Enquanto empresas que exportam matérias-primas, como a mineradora Vale, ampliaram as exportações no ano passado, outras que produzem bens industrializados, como a fabricante de aviões Embraer, tiveram um recuo nas vendas para o exterior (veja quadro).

Líder no ranking das exportadoras, a Vale se beneficiou do aumento da produção e da demanda mundial de aço, o que fez a cotação do minério de ferro subir 44% no ano. Com isso, a Vale exportou 17,2 bilhões de dólares, 34% mais do que no ano anterior. Seu principal mercado é a China, que vem sendo pressionada a reduzir a poluição na produção de aço com o uso de minério de melhor qualidade, com maior teor de ferro — como é o caso do extraído pela Vale em Carajás, no Pará.

O aumento da participação de produtos básicos nas exportações brasileiras em 2017 também foi impulsionado pela safra recorde de grãos, que superou 238 milhões de toneladas, um crescimento de 26% em relação ao ano anterior. Nesse cenário, a subsidiária brasileira da americana Cargill faturou 10,5 bilhões de dólares, 6% mais do que em 2016. “Os resultados mostram a força de nosso trabalho no campo, da relação que temos com agricultores e de nossa estrutura de escoa—mento”, diz Luiz Pretti, presidente da Cargill. Nos últimos sete anos, a empresa investiu 4,6 bilhões de reais em atividades industriais e logísticas e no desenvolvimento de novos produtos. Em 2017, a Cargill ampliou a capacidade do terminal de grãos em Santarém, no Pará, de 2 milhões para 5 milhões de toneladas ao ano. Outra companhia que tirou proveito da safra recorde de grãos é a francesa Louis Dreyfus, que subiu três posições no ranking das exportadoras. Em 2017, suas vendas externas cresceram 23%, para 4,1 bilhões de dólares. A Louis Dreyfus participa de um grande projeto logístico no Pará, com investimento previsto de 1 bilhão de -reais, para facilitar o transporte de grãos do Centro-Oeste para outros países. 

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Na lista de MELHORES E MAIORES, a Embraer se mantém como a principal exportadora de bens de alto valor agregado do país, mesmo com o recuo que sofreu em 2017. A fabricante de aviões exportou 3,6 bilhões de dólares, uma queda de 23% em relação a 2016. No ano passado, a Embraer entregou 217 aeronaves (entre jatos comerciais, executivos e militares), ante 240 unidades no ano anterior. Um ponto de interrogação é como ficarão as exportações quando se concretizar a sociedade com a americana Boeing da divisão de aviação comercial da Embraer, responsável por 58% de sua receita. De acordo com um memorando de intenções assinado no início de julho, a Boeing terá 80% da nova empresa; a Embraer, 20%. “A combinação de negócios com a Boeing deverá gerar um ciclo virtuoso, com maior potencial de vendas, aumento da produção, geração de empregos e investimentos”, diz Paulo Cesar de Souza e Silva, presidente da Embraer. Embora os acionistas minoritários critiquem o acordo, essa é uma saída para a Embraer enfrentar a concorrência da canadense Bombardier, que no ano passado fez uma aliança com a francesa Airbus para a produção de jatos comerciais. “A Embraer se fortalecerá com a parceria com a Boeing, neutralizando os movimentos contrários dos concorrentes”, diz André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company e especialista no setor de aviação.

Se o conjunto das exportações teve um salto expressivo no ano passado, neste ano o cenário está mais complicado. De acordo com uma projeção da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as vendas externas do país deverão crescer somente 3%. Entre os motivos da queda de ritmo estão a crise econômica na Argentina, grande importadora de manufaturados brasileiros, e as disputas entre os Estados Unidos e a China, trazendo risco de queda nas cotações das commodities. Para que os números finais superem essa projeção, o Brasil teria de resolver velhos gargalos. “O país precisa ser mais proativo no mercado, investir em competitividade e exportar mais produtos industrializados”, diz José Augusto de Castro, presidente da AEB. São metas nada mirabolantes, mas, nos últimos anos, está difícil até mesmo fazer apenas o básico. 

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