Revista Exame

No improviso do jazz

Moda, estilo e elegância — o bom gosto improvisado como no jazz

Casaco e camisa Aramis (Leandro Fonseca/Exame)

Casaco e camisa Aramis (Leandro Fonseca/Exame)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 2 de maio de 2022 às 10h00.

Última atualização em 2 de maio de 2022 às 11h42.

Você precisa mesmo de um guia de estilo? Um manual que indique o que é certo e errado na hora de escolher a sua roupa no armário? Em pleno 2022?

Acreditamos que não.

A moda está deixando de ser território feminino. Homens têm cada vez mais informação, acompanham lançamentos, dispõem de mais marcas ao seu alcance oferecendo de trabalhos mais autorais a um mainstream atualizado.

Por isso estamos lançando um “não guia” de estilo.

Este “não guia” de estilo masculino da Casual EXAME que você tem em mãos aponta algumas convenções sobre o vestuá­rio do homem que precisam ser levadas em consideração. Não necessariamente para serem seguidas, e sim para que você tenha essas informações na hora de construir sua forma de se vestir.

Tipos de fenda e lapelas do paletó, estilos de colarinho, combinação de calça com meia e sapato... Esses são dados úteis para todo mundo. Para quem é mais formal, para quem quer estar dentro das convenções sociais, para quem não quer ser lembrado como a pessoa malvestida do trabalho.

Mas são informações essenciais também para quem quer construir a própria imagem, expressar sua personalidade em combinações particulares. Para quem enxerga em cada novo dia uma oportunidade para se vestir bem. Cada hora de um jeito, de acordo com a ocasião, o ambiente, as companhias, o humor. Da sua maneira.

Casaco, camiseta e calça Burberry, relógio Panerai para Frattina, mocassim Salvatore Ferragamo (Leandro Fonseca/Exame)

Funciona mais ou menos como o jazz: é preciso dominar todas as escalas, os intervalos musicais, para saber qual é a nota certa para cada harmonia. E a partir daí improvisar, fazer seu solo. Na moda é a mesma coisa. É importante saber qual é a combinação mais convencional entre padronagens de paletós, camisas e gravatas para então fazer a sua escolha. Ou simplesmente tirar a gravata.

Sim, o uso da gravata está em baixa. E não somos nós que estamos dizendo. Basta entrar em qualquer loja e ver o espaço que as araras do adereço ocupam hoje em comparação a alguns anos atrás. Consequência da pandemia? Também, mas não apenas. A casua­lização da moda masculina já estava em curso.

Este “não guia” de estilo leva em consideração essa e outras tendências da moda masculina. Homens, sabemos bem, são menos aderentes a modismos. Mais conservadores, mais apegados ao conhecido, mais reativos a quebrar paradigmas. Mas é sempre útil acompanhar os movimentos do mercado.

Os homens passaram os últimos anos se acostumando a silhuetas estreitas, chamadas genericamente de slim. As semanas de moda masculina de Milão e Paris, em janeiro passado, confirmaram um novo padrão: a presença de calças largas, camisas folgadas, casacos desabados.

Nem tão novo assim. Com diferentes nuan­ces e contextos, era dessa forma que os homens se vestiam até meados dos anos 2000. Agora, mesmo a alfaiataria aceita jaquetas menos estruturadas, peças esportivas com tecidos inteligentes e impermeáveis, shape de jogging, de cores alegres.

Os pés comportam sneakers e tênis de lã merino térmicos, que esquentam os pés no inverno e aliviam o calor do verão. O relógio mecânico ainda é a joia do homem por excelência, principalmente de manufaturas suíças tradicionais. Se for de design italiano e construí­do de peças recicladas, melhor ainda.

Acessórios impecáveis nunca saem de moda. Instrumentos de escrita sofisticados, bolsas, mochilas e carteiras de couro de qualidade. Até na hora de dormir é possível ter estilo. 

Conforto nunca foi tão importante na moda. Antes era preciso optar entre sentir-se bem e aparentar garbo. A verdade é que ninguém vai estar elegante se não estiver à vontade dentro da sua roupa. Esse é o principal objetivo deste “não guia” de estilo: trazer confiança para você em todos os momentos, do home office à entrevista de emprego, do almoço de negócios ao casamento no campo.

Fica aqui o nosso conselho: ouse, sempre que puder. Crie seu próprio estilo, sua marca pessoal, seu cartão de visita. Sempre com conhecimento e confiança.  


Quem fez o quê

(Leandro Fonseca/Exame)

1. Ivan Padilla
Já editou a revista da Daslu e cobriu edições da Semana de Moda em Milão, da feira de moda masculina Pitti Uomo em Florença e do salão de relojoaria SIHH em Genebra. Esteve neste ano na Suíça para acompanhar os lançamentos da feira de relógios Watches & Wonders. Mas sempre precisa recorrer a algum guia de estilo — como este que você tem em mãos — na hora de dar nó na gravata. É editor da Casual EXAME.

2. Carolina Gehlen
Designer gráfica e diretora de arte, é apaixonada por formas e letras, está sempre repensando o guarda-roupa das páginas. Acredita que o estilo também é reflexo do acaso e está sempre combinando com as mudanças da vida. Gaúcha de Três Passos e morando há 12 anos em São Paulo, está constantemente com os pés e olhos no mundo. Como editora de arte, nos últimos anos, tem conduzido a renovação visual da revista Exame.

3. Leandro Fonseca
Como editor de fotografia da EXAME, retrata executivos, empresários e empreendedores. Alguns muito estilosos, outros nem tanto. Os dois ensaios deste guia foram sua primeira experiência com moda. “Foi desafiador, mas me diverti muito.” Formou-se em fotografia em 1999, ano em que publicou seu primeiro trabalho para a revista VIP. Em 2009 também concluiu o curso de design gráfico.

4. Daniel Salles
Com passagem pela EXAME, atuou nos maiores jornais e revistas de estilo de vida do país. Começou a cobrir o universo da relojoaria em 2014, quando aprendeu o significado de termos como turbilhão e reserva de marcha e passou a rodar o mundo para cobrir lançamentos do mercado de luxo. Considera o blazer um aliado indispensável. 

5. Cuca Ellias
Formada em moda, ajudou a produzir mais de 150 capas de revistas, além de centenas de editoriais, incluindo os deste guia de estilo. Personal stylist de celebridades e de anônimos, além de personal shopper e consultora de imagem, assistiu a um desfile de moda pela primeira vez quando tinha 5 anos levada por uma tia, dona de uma butique. 

6.Marina Araújo
Antes de enveredar pelo mundo da moda, atuou por três anos no Ministério Público de São Paulo — também é bacharel em direito. Deu adeus ao juridiquês e aos looks sisudos do meio jurídico há três anos, quando se converteu em produtora de moda e assistente de styling. 

7. Sandro Borges
Antes de se firmar como maquiador e cabeleireiro, este capixaba de Cachoeiro de Itapemirim ganhou a vida como comissário de bordo. No ramo da beleza há quase 20 anos, já atuou em cinco edições da São Paulo Fashion Week e ajudou a produzir diversas capas de revistas com celebridades, além de campanhas publicitárias e editoriais de moda.


(Publicidade/Exame)


(Publicidade/Exame)


 

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