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Sete Perguntas | Ninguém escapa da digitalização

Para Carlo Capè, empresas de todos os segmentos estão sendo afetadas pela tecnologia digital, e é preciso aproveitar o movimento para se fortalecer

Carlo Capè, da BIP: “A transformação digital está em todos os lugares” (BIP/Divulgação)

Carlo Capè, da BIP: “A transformação digital está em todos os lugares” (BIP/Divulgação)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 22 de novembro de 2019 às 05h08.

Última atualização em 22 de novembro de 2019 às 14h44.

Seja nos supermercados, seja nos táxis, a digitalização dos negócios tem impactado companhias de tamanhos e setores variados. Somente em 2019 empresas do mundo inteiro devem investir 1,2 trilhão de dólares para digitalizar as operações, segundo as previsões da empresa de análises IDC — 18% mais do que em 2018.

Para Carlo Capè, presidente global e cofundador da consultoria Business Integration Partners (BIP), essa é uma transformação da qual nenhuma companhia pode ficar de fora. Fundada em 2003 na Itália para competir com gigantes globais, a BIP tem aos poucos se tornado uma prestigiada consultoria de negócios.

No ano passado, faturou 220 milhões de euros e tem no Brasil um de seus principais mercados. “Digitalizar processos é uma forma de fortalecer os negócios”, disse Capè em entrevista a EXAME, numa visita recente ao Brasil.

Como a transformação digital afeta o mercado global?

A transformação digital está em todos os lugares. Seja no setor público, seja na infraestrutura de grandes bancos. Hoje não há um só setor que não seja impactado pela digitalização. O movimento surgiu com as startups e passou a ser adotado por grandes empresas porque investir em inovação e digitalizar processos é uma forma de fortalecer os negócios.

Como a inteligência artificial será adotada por empresas?

A inteligência artificial estará presente em todas as atividades de empresas de diversos setores. Ela introduzirá novos processos para aumentar a produtividade.

Pode dar um exemplo de como isso será feito?

No agronegócio será possível prever a cadeia de valor da produção agrícola, estimar preços de matéria-prima e a demanda do mercado. Também será possível usar ferramentas digitais para que aeroportos prevejam o número de passageiros que receberão e se preparem para reduzir filas e agilizar processos.

Há motivo para se preocupar com a redução de empregos?

A inteligência artificial executará tarefas de forma mais eficiente do que os humanos. Na medicina há um risco real de os computadores substituírem os médicos na hora de determinar diagnósticos.

No entanto, sempre haverá espaço para o humano. É ele quem está mais apto para ter relações interpessoais. Os processos de análise técnica, no entanto, serão feitos por máquinas.

Como se adaptar a essas mudanças?

A digitalização está proporcionando uma série de novas funções e as pessoas precisam estar prontas para assumir esses postos de trabalho. A educação é sempre a resposta.

Qual é sua avaliação sobre o mercado digital brasileiro em relação ao restante do mundo?

Não há nada especialmente diferente no Brasil. O país enfrenta os mesmos problemas e tem as mesmas oportunidades que outros. Há uma grande quantidade de dinheiro sendo destinada a startups, e vemos empresas avançando na digitalização, enquanto outras seguem atrasadas. O Brasil se encontra em uma situação semelhante à dos países desenvolvidos.

O que as empresas devem fazer para sobreviver nesse cenário de transformação?

É preciso que toda empresa se pergunte o que um competidor poderia fazer para destruir seu negócio e como a tecnologia poderia ser utilizada para impedir que isso aconteça. Esse exercício é essencial para que o empreendedor antecipe futuras ameaças às quais o negócio está exposto.

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