Revista Exame

Miami on sale

Com a valorização do real e o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, ficou mais fácil realizar o sonho de ter uma casa própria — na Flórida

Vista de Miami: os preços das casas e apartamentos estão 50% menores do que há cinco anos (Ali Seifert/Stock.Xchng/Reprodução)

Vista de Miami: os preços das casas e apartamentos estão 50% menores do que há cinco anos (Ali Seifert/Stock.Xchng/Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2011 às 21h38.

São Paulo - Abrasileira Patricia Musa mudou-se para os Estados Unidos em 2005 e logo percebeu que poderia ganhar muito dinheiro como corretora de imóveis na região de Miami. Quando finalmente obteve a licença para trabalhar, a crise do setor imobiliário estourou.

No ano passado, Patricia conseguiu juntar a quantia que julgou necessária para comprar seu primeiro imóvel, mas ficou em dúvida. Investir num apartamento em São Paulo ou em Miami? Patricia chegou a viajar ao Brasil, mas levou um choque com os preços cobrados no mercado imobiliário paulistano.

“Desde que mudei para os Estados Unidos, os preços em São Paulo subiram muito e praticamente não se encontram boas opções com preços razoáveis.” Passados alguns dias, Patricia sentiu que o mercado brasileiro não era para ela. Voltou para a Flórida e comprou seu primeiro imóvel. 

Patricia pode ter se dado mal no seu plano de investir em São Paulo, mas não para de ganhar dinheiro com a onda de brasileiros interessados em comprar casas e apartamentos em Miami.

“Por aqui, os brasileiros têm sido a salvação”, diz Craig Studnicky, presidente da International Sales Group, um dos maiores grupos de corretores na Flórida.

De acordo com dados da Associação de Corretores de Miami, os brasileiros estão entre os principais compradores estrangeiros de casas e apartamentos, tendo fechado mais de 10% dos contratos nos últimos 12 meses.

Há duas explicações para esse fenômeno da enxurrada de brasileiros. Uma é o estouro da bolha imobiliária americana (os preços em Miami são hoje metade do que eram há cinco anos) e a outra é a valorização do real frente ao dólar (35% no mesmo período). Mas, além dessas razões, há ainda um detalhe importante.

Com a mesma quantia, compra-se em Miami um imóvel melhor do que no Rio de Janeiro e em São Paulo. Para quem tem dinheiro sobrando e sempre quis ter um apartamento nos Estados Unidos, parece que a hora é agora.


“Na comparação com São Paulo e com Rio de Janeiro, Miami ganha em tudo: tamanho dos imóveis, idade das construções, prazo de entrega, localização, vista e valor de condomínio”, diz Patricia. Exagero de corretora?

Parece que não. EXAME pesquisou opções de imóveis de 700 000 reais em alguns dos bairros mais desejados em Miami e nas duas maiores cidades do Brasil.

As diferenças são expressivas. Enquanto em Miami é possível adquirir apartamentos novos em condomínios modernos e que, em geral, oferecem acesso a serviços e instalações semelhantes a de hotéis, no Brasil é necessário fazer concessões.

Se a prioridade for um imóvel novo e com espaços mais amplos, o comprador por aqui tem de considerar bairros mais afastados. Se a localização for o crucial, 700 000 reais compram apartamentos bem menores e com menos opções de lazer do que em Miami (veja quadro ao lado). 

No Rio de Janeiro, são negociadas hoje as propriedades com o metro quadrado médio mais caro do país — 6 528 reais para imóveis novos e 6 230 reais para usados, de acordo com a mais recente pesquisa EXAME/Ibope.

Mas, nos bairros mais desejados da zona sul, esse valor é bem superior. No Leblon, por exemplo, dá para comprar, com 700 000 reais, um pequeno apartamento de cerca de 50 metros quadrados. 

Miami mais barata do que São Paulo e Rio, os papéis da dívida americana rebaixados por uma agência de risco, o real transformado em moeda forte... Nesse admirável mundo novo pós-Lehman Brothers, muitos brasileiros estão realizando o sonho da casa própria — também nos Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:Brasil-EUAEdição 0998Estados Unidos (EUA)ImóveisMiamiPaíses ricos

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025