Futuro: para Mendonça de Barros (à esq.) e Pinho de Mello, há razões para otimismo (Germano Luders/Exame)
Luciano Pádua
Publicado em 8 de setembro de 2017 às 05h55.
Última atualização em 8 de setembro de 2017 às 13h06.
São Paulo — Experimentado na vida pública e no setor privado, o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados, não esconde o otimismo com a economia em 2018. Para ele, a retomada, calcada na volta do consumo das famílias, está surpreendendo positivamente. A queda da inflação elevou o poder de compra e beneficiou o comércio. Essa tendência se repetirá no ano que vem, com a inflação controlada e a taxa básica de juro caindo para 6,5%. “Isso muda o mercado de crédito no país”, diz Mendonça de Barros. Outra contribuição vem da abundância de dólares, por causa da situação robusta das contas externas, tornando o país menos vulnerável a choques vindos de fora. Tudo somado, ele vê pela frente um crescimento do PIB relativamente forte, de 3% em 2018. “O problema não é a recuperação econômica, mas sua sustentação”, diz Mendonça de Barros. “Ela depende da questão fiscal — que piorou — e das eleições.”
Elevar a produtividade é a resposta para sustentar o crescimento. Segundo o assessor de reformas microeconômicas do Ministério da Fazenda, João Manoel Pinho de Mello, o governo quer aprovar medidas para que o PIB cresça à média de 3,5% por décadas. “Isso levaria o Brasil a igualar a renda da Austrália em 2055”, diz ele. Hoje, o diagnóstico é que todos os setores econômicos do país são pouco produtivos, e a intervenção para melhorar o ambiente de negócios precisa ser horizontal. A agenda de mudanças inclui redução dos spreads bancários, com a aprovação das duplicatas eletrônicas e do cadastro positivo para diminuir o risco de crédito. Para Mello, essa pauta deve ser aprovada até o fim de 2018. Com uma boa agenda, falta a política ajudar. “A eleição de 2018 é decisiva”, diz Mendonça de Barros. “Estará dividida entre populismo e reformismo.” O populismo já sabemos no que pode dar.