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Larry Fink, o homem de 3,6 trilhões

Entrevistamos Larry Fink, o maior investidor do mundo

O americano Larry Fink, fundador do BlackRock: mais dinheiro sob gestão que o PIB da Alemanha (Matthew Furman/Divulgação)

O americano Larry Fink, fundador do BlackRock: mais dinheiro sob gestão que o PIB da Alemanha (Matthew Furman/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2011 às 11h53.

Os fundos de pensão dos estados da Califórnia e de Nova York entregam a ele boa parte da administração de seu dinheiro. Empresas como Cisco e Fedex também deixam em suas mãos os recursos da aposentadoria de seus funcionários. Idem para os fundos soberanos de Abu Dhabi e de Singapura. Larry Fink, fundador e presidente do fundo BlackRock, tem sob sua administração 3,6 trilhões de dólares. O número é esse mesmo: três vírgula seis trilhões de dólares. Se figurasse no ranking dos países com os maiores PIBs do mundo, o BlackRock ficaria atrás apenas dos Estados Unidos, da China e do Japão. A montanha de dinheiro administrada diretamente pelo BlackRock supera toda a riqueza gerada pela Alemanha em um ano. Estima-se que outros 9 trilhões de dólares sejam gerenciados com as ferramentas de gestão de risco desenvolvidas pela empresa. Fink não é apenas o maior gestor de recursos do mundo. Apesar de ser uma figura de pouca notoriedade fora de Wall Street, ele é considerado um dos homens mais influentes e bem-sucedidos do mercado financeiro — nos Estados Unidos e além. O BlackRock foi essencial na criação e administração do pacote de resgate dos bancos pelo governo americano depois da crise do crédito imobiliário. Foi a empresa criada por Fink em 1988 que ajudou o Departamento do Tesouro e o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, a avaliar os ativos tóxicos de bancos como o Bear Stearns e da seguradora AIG, para mencionar apenas duas instituições salvas pelo governo americano. Se as finanças internacionais fossem uma montanha, Larry Fink estaria no topo, cravando sua bandeira.

Um fundo do tamanho do BlackRock atua no mundo inteiro e investe em todos os tipos de mercado. Mas é claro que um dos grandes interesses de Fink são os mercados emergentes. Em entrevista a EXAME, na sede de sua empresa, em Manhattan, Fink disse que a maior mudança no mundo dos investimentos nos últimos cinco anos foi a ascensão de economias como a brasileira. Disse também que adora o país, mas que a época de ganhar dinheiro fácil na Bovespa ficou para trás. “As ações brasileiras não estão mais baratas”, afirmou em entrevista a EXAME. O Brasil e as outras estrelas emergentes ocupam cada vez mais tempo na agenda do maior gestor de recursos do mundo. Fink, um workaholic que chega ao escritório diariamente às 6 horas da manhã — “mas as primeiras reu­niões só acontecem depois das 7 e meia” —, diz que as principais qualidades de um bom investidor são a disciplina e a capacidade de olhar para os investimentos de forma global. Mas ter talento ajuda — e isso Fink vem demonstrando há tempos.

Fink começou a trabalhar no First Boston em 1976, aos 23 anos, no mercado de títulos. Mas sua carreira deslancharia três anos depois, quando ele passou a cuidar da área responsável por um tipo de operação financeira que era novidade na época: o empacotamento e a venda de dívidas imobiliárias — o mesmo instrumento que em 2008 provocaria uma das maiores crises financeiras da história. Sua ascensão foi rápida, e sua queda, traumatizante. Depois de tornar-se o mais jovem vice-presidente da história do banco, com apenas 31 anos, Fink fez uma aposta errada que custou 100 milhões de dólares ao First Boston. Em 1988, isolado e humilhado publicamente, deixou o banco e se juntou ao fundo Blackstone.

Nos anos seguintes, Fink deixou o Blackstone e fundou sua empresa, que abriria o capital em 1999.  Desde então, o BlackRock vem crescendo por meio de aquisições. A maior e mais recente delas aconteceu no final de 2009, com a compra da área de gestão de recursos do banco britânico Barclays. Mas foi a capacidade de entender e gerenciar riscos para seus clientes que levou o BlackRock e Fink à condição de ícones. Ao contrário de bancos como o Goldman Sachs, o BlackRock não investe seu próprio dinheiro, apenas o dos clientes. Isso significa receber apenas as taxas de administração, um negócio que sempre foi menos atraente para os nomes mais conhecidos de Wall Street. Mas, no cenário pós-crise, a estabilidade do BlackRock passou a ser um elogio — e Larry Fink, um nome pronunciado com respeito e admiração.

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