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Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h29.
Numa de suas colunas de 1996, o humorista José Simão disse que tinha vontade de beijar seu Vaporetto toda manhã. Bem, quantos brasileiros não têm o mesmo desejo matinal? Raras vezes um eletrodoméstico se tornou tão popular em tão pouco tempo. O responsável por isso é o engenheiro João Zangrandi, 36 anos, presidente da Polti do Brasil. Ele tropeçou na sorte numa banca de revistas, em Treviso, na Itália. Foi lá, numa edição da revista Millionaire, que ele viu a reportagem que mudaria sua vida. Nela, Franco Polti, um empresário italiano, contava como construíra um grande negócio com 1 000 dólares na carteira, a partir de uma máquina de vapor superaquecido para limpeza doméstica. A marca: Vaporetto. Trazendo o produto para o Brasil, Zangrandi repetiu aqui seu sucesso italiano. Três anos atrás, ele apertava as campainhas dos consumidores mais prósperos para introduzir o Vaporetto entre os brasileiros. "Pegava o meu Prêmio e tocava de casa em casa", diz ele. "Só tinha a ajuda de uma telefonista."
Funcionou. Zangrandi fechou 1996 com 80 milhões de reais em vendas, uma fábrica nova em folha em Araras, no interior de São Paulo, e na condição de sócio preferido do mesmo Franco Polti que lhe serviu de inspiração. Com o Vaporetto, Zangrandi criou um mercado novo no Brasil. Quem tinha ouvido falar em jato de vapor aquecido a serviço das donas de casa? Em l996, Polti colocou 230 000 peças do aparelho na praça, num movimento três vezes maior que o de 1995. Antes de tornar o Vaporetto um fenômeno de vendas, Zangrandi ouviu não à beça. Girz Aronson, uma lenda no comércio de São Paulo, o fundador da G. Aronson, disse com todas as letras que seria melhor Zangrandi voltar para a Itália, onde vivera alguns anos, pois com o Vaporetto não teria futuro. Todas as grandes redes do varejo se recusaram a vender a máquina. Quando a Casa Centro quebrou a maré negativa e colocou o Vaporetto na vitrine, Zangrandi sentiu que podia arquivar a volta à Itália.