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Há uma bolha na economia colaborativa?

Para a fundadora do Zipcar e defensora das plataformas de serviços compartilhados, os investidores buscam ganhos rápidos em empresas novatas, como o Uber


	Uber: para Robin Chase, é "apenas um serviço de táxi"
 (Reuters)

Uber: para Robin Chase, é "apenas um serviço de táxi" (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2015 às 05h56.

São Paulo — A americana Robin Chase é uma pioneira da economia compartilhada. Há 15 anos, ela fundou o Zipcar nos Estados Unidos, empresa que aluga por hora carros estrategicamente espalhados nas cidades onde atua (em 2013, o Zipcar foi comprado pela Avis).

Robin, que vem a São Paulo em novembro para um evento da empresa HSM, defende os benefícios do modelo em que companhias e indivíduos trabalham juntos para vender produtos e serviços — caso do polêmico aplicativo de transporte Uber.

O assunto é tema de seu livro "Peers Inc." (“Indivíduos S/A”, numa tradução livre), publicado em junho. Mas Robin faz um alerta: as empresas da economia compartilhada podem estar no centro de uma nova bolha do setor de tecnologia.

Exame - O aplicativo Uber, que trava uma batalha com taxistas nas cidades em que opera, se define como uma empresa colaborativa. Ele é de fato?

Robin Chase - Sim. Ele segue o modelo de colaboração entre indivíduos e a empresa. O Uber criou a tecnologia, faz o marketing e os pagamentos. E cabe ao motorista prestar o serviço. Essa é a inovação. Mas, na prática, é apenas um serviço de táxi.

Exame - Os defensores do aplicativo Uber dizem que ele ajuda a reduzir os congestionamentos e a poluição...

Robin Chase - Não acredito que traga benefícios para o meio ambiente ou para o trânsito. O lado positivo é que, quanto mais alternativas de transporte houver ao veículo particular, melhor. Assim, ao sair de casa, posso pensar: é mais rápido e barato ir a pé ou de bicicleta? Pego o metrô ou chamo um táxi? É importante que o carro particular deixe de ser a única opção.

Exame - Por que o transporte individual deve ser evitado?

Robin Chase - Quando pensamos nos custos, percebemos que o automóvel particular é o meio de transporte mais caro. Nos Estados Unidos, por exemplo, o custo anual de um carro é de 9 000 dólares, , em média. Isso equivale a 18% do orçamento de uma família. Se uma cidade oferece infraestrutura segura e eficiente, as pessoas deixam de usar o carro.

Exame - Quando fundou o Zipcar, como a senhora driblou a resistência aos carros compartilhados?

Robin Chase - Os investidores diziam que seria impossível convencer americanos a usar um serviço compartilhado. Hoje, a plataforma tem 900 000 usuários no mundo. Se as pessoas têm acesso a um modelo de transporte mais inteligente, elas migram.

Exame - A economia colaborativa tem estimulado o surgimento de centenas de empresas de tecnologia. Isso é apenas uma moda passageira?

Robin Chase - A economia colaborativa veio para ficar porque ela faz sentido em termos financeiros. É um modelo que possibilita a utilização de recursos com mais eficiência.

Exame - Mas esse modelo de negócios é sustentável no longo prazo?

Robin Chase - Nos Estados Unidos, há uma bolha de investimentos em empresas de tecnologia que criaram plataformas colaborativas de prestação de serviços. Para os investidores, o modelo de economia compartilhada é uma forma eficiente e barata de as empresas novatas crescerem rapidamente.

Exame - Não há risco de essa bolha estourar?

Robin Chase - A valorização de companhias como Instagram e Tumblr mostra os exageros no mercado de tecnologia. Mas empresas que não entregam resultados uma hora são punidas. O Twitter acabou de perder 34% de seu valor de mercado.

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