Revista Exame

Dilma faz de tudo para não largar o osso

O segundo governo Dilma não executa, há nove meses, a tarefa mais elementar de um governo: governar. Sua única atividade real é fazer tudo para não cair


	 Nulidade: a reforma que colocou Marcelo Castro no Ministério da Saúde vai resolver alguma dificuldade do país?
 (Wilson Dias/ Agência Brasil)

Nulidade: a reforma que colocou Marcelo Castro no Ministério da Saúde vai resolver alguma dificuldade do país? (Wilson Dias/ Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2015 às 18h00.

São Paulo — O grande problema da presidente Dilma Rousseff neste seu segundo mandato, para ficar numa explicação simples, é que a quantidade de problemas em circulação é tão extensa, variada e intratável que já não dá mais para dizer com segurança qual poderia ser o maior.

Economia em estado de liquidação? Contas a prestar na Justiça? Campanha eleitoral feita com dinheiro vindo diretamente do crime? Ameaça constante de impeachment? Recordes sucessivos e explícitos de inépcia em estágio terminal? Índices de popularidade abaixo dos 10%? Rixa permanente com os aliados no Congresso?

Hostilidade aberta em seu próprio partido? Ausência integral de ideias, propostas e noções básicas sobre o que fazer? Paralisia mental? Orçamento para 2016 com déficit de 30 bilhões de reais, ou números ainda desconhecidos? Declarações públicas com sintomas de demência? Incapacidade da presidente de entender o que está fazendo? Incapacidade em tudo?

A lista apresentada acima pode continuar até o fim deste artigo; já dá perfeitamente para ficar por aqui. Conclusão: o grande problema do segundo governo Dilma é que ele só tem problemas.

Por causa disso, não executa há nove meses a tarefa mais elementar de qualquer governo — não governa, pura e simplesmente. Sua única atividade real é fazer tudo o que surge no tumultuado circuito de neurônios da presidente e de seus conselheiros, dia após dia, para não cair. Fora isso não existe nada.

A “reforma ministerial” anunciada nestes últimos dias é a mais recente tentativa de não largar o osso; não tem o mais remoto propósito de resolver qualquer das dificuldades concretas, dolorosas e imediatas que o Brasil vive hoje, todas elas criadas diretamente pelo próprio governo Dilma — ao longo não apenas destes primeiros meses de 2015 mas desde que se instalou em Brasília, quase cinco anos atrás.

Não tem, portanto, a menor possibilidade de fazer com que a presidente da República comece a governar a República; seu grande problema (ou melhor, nosso grande problema) continua precisamente do mesmo tamanho. Só para entender logo: passa pela cabeça de alguém, por mais distraído que seja, que a troca do ministro da Saúde, por exemplo, tenha sido feita para resolver um único problema real da saúde brasileira?

Não passa. Saiu uma nulidade — tão nula, aliás, que uma de suas últimas declarações antes de ser posto na rua foi dizer que a situação da área comandada por ele estava a caminho do “colapso”. Em seu lugar entra outra nulidade, sem projeto, sem ideias, sem currículo, sem a mínima orientação quanto ao que tem de fazer como ministro.

O que pode sair de bom de uma coisa dessas? Exatamente o mesmo aconteceu com as outras trocas de cadeira: vai um para cá, outro para lá, e ninguém diz nem uma sílaba sequer sobre o que eles precisam fazer para melhorar a situação em seu ministério.

O único, exclusivo e neurótico interesse é saber se as mudanças vão acalmar o apetite do PMDB por empregos, verbas e oportunidades de negócio na máquina federal — e por quanto tempo. E o interesse público, que está na necessidade desesperada de melhorar algum aspecto, um apenas que seja, no desempenho do governo? Quem lembra isso é tido como um débil mental.

A presidente Dilma montou provavelmente o pior ministério que este país já viu ao começar seu segundo mandato; não é impossível que consiga piorar com as trocas que acaba de anunciar. Na verdade, Dilma vem nessa toada desde seu primeiro governo — por acaso alguém se lembra de ter havido nele alguma coisa que prestasse?

O que o Brasil vive na prática, hoje em dia, é o acumulado de 13 anos de governo do PT e do ex-presidente Lula, com a inevitável conta a pagar pela soma das escolhas erradas, do assalto sem limites ao Erário público e da obsessão em manter-se no poder para sempre que marcaram a gestão do país de 2003 para cá. Não há mudança de ministro, “engenharia política” ou acertos de bazar com o PMDB, ou quem quer que seja, capazes de resolver isso.

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